Brasil

Um Brasil dividido reelege Dilma à Presidência

Dilma Rousseff, reeleita por uma apertadíssima margem sobre Aécio Neves, pediu a união e o diálogo

EXAME.com (EXAME.com)

EXAME.com (EXAME.com)

DR

Da Redação

Publicado em 27 de outubro de 2014 às 08h02.

Rio de Janeiro - A presidente brasileira, Dilma Rousseff, candidata do PT, foi reeleita neste domingo, por uma apertadíssima margem sobre o adversário, Aécio Neves, no PSDB, e pediu a união e o diálogo, após a eleição mais renhida da História recente do Brasil.

Dilma, uma ex-guerrilheira de 66 anos, presa e torturada durante a ditadura, obteve 51,64% dos votos sobre 48,36% de Aécio, após 99,95% das urnas apuradas.

Por volta das 20H27 de Brasília, com 98% das urnas apuradas, a presidente já tinha sido declarada reeleita, com 51,45% dos votos contra 48,55% do adversário.

Segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o resultado, neste ponto, era "matematicamente irreversível".

"Minhas primeiras palavras são de um chamado à paz e à união", disse Dilma, em Brasília, no discurso da vitória, vestindo roupa branca, assim como seu padrinho político, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010).

"Esta presidente está disposta ao diálogo e este é o meu primeiro compromisso no segundo mandato", afirmou.

Dilma também se comprometeu a reativar a economia, paralisada, impulsionar uma reforma política e ao "combate à corrupção, fortalecendo as instituições de controle e modificando a legislação atual para acabar com a impunidade" em seu governo, sob críticas pelo desvio de dinheiro da Petrobras.

'Um projeto honrado"

Ex-senador e ex-governador de Minas Gerais, o candidato derrotado, Aécio Neves, reconheceu a derrota em discurso em Belo Horizonte e pediu que Dilma priorize 'um projeto honrado' para o Brasil.

"Cumprimentei, por telefone, a presidente reeleita e desejei a ela sucesso no seu próximo governo. O maior desafio agora deve ser unir o Brasil em torno de um projeto honrado que dignifique todos os brasileiros", afirmou Neves, de 54 anos, que prometia deter a corrupção e dar uma guinada liberal na economia, em recessão técnica no primeiro semestre do ano.

Com o Brasil praticamente dividido em dois, a eleição era considerada um plebiscito dos 12 anos de governo do Partido dos Trabalhadores.

Nos oito anos de governo Lula e nos quatro de Dilma, mais de 40 milhões de brasileiros saíram da pobreza e entraram na classe média, graças a subsídios às famílias pobres, para casas populares, ensino técnico gratuito e cotas universitárias para negros e estudantes de baixa renda.

Conforme o previsto, a presidente arrasou no nordeste, a região mais pobre do país. E embora tenha perdido por uma grande margem em São Paulo, o estado mais rico e reduto do PSDB de Neves, ganhou com folga no Rio de Janeiro e em Minas Gerais, duas economias importantes e industrializadas.

Após um crescimento espetacular de 7,5% em 2010, no primeiro mandato de Dilma, o Brasil, sétima economia do mundo, registrou um magro crescimento. A isto se soma uma elevada inflação (6,75% em 12 meses, acima do teto da meta oficial), embora o desemprego ainda se mantenha baixo, em 4,9%.

Corrupção no primeiro plano

O PT também foi questionado duramente por vários escândalos de corrupção, o último deles na Petrobras, no âmbito do qual foram denunciados superfaturamentos milionários em contratos de várias construtoras para financiar o PT e outros partidos, bem como legisladores aliados.

Em uma das últimas reviravoltas de uma campanha marcada pela agressividade, cheia de ataques e golpes baixos, a revista Veja publicou, na sexta-feira, um depoimento à Justiça do doleiro Alberto Youssef, segundo o qual tanto Lula quanto Dilma sabiam da corrupção na Petrobras, o que é taxativamente negado por ambos.

"A questão da Petrobras continuará depois da eleição. A sociedade termina nesta eleição com uma divisão inédita no Brasil, e a corrupção alimenta este sentimento. Uma vitória de Dilma Rousseff significa que a oposição tentará aprofundar estas denúncias", disse à AFP o analista político independente. André César.

Aécio, neto do ex-presidente Tancredo Neves, grande personagem da transição para a democracia, nomeado presidente em 1985, mas falecido antes de assumir, acalentou o sonho de concluir a trajetória do avô, o que torna a sua derrota ainda mais dolorosa.

Esta também é a quarta derrota consecutiva do PSDB, que governou o país pela última vez em 1995 e 2002, com Fernando Henrique Cardoso.

Indignada com a corrupção da classe política e com a péssima qualidade dos serviços públicos, como saúde e educação, mais de um milhão de pessoas tomaram as ruas do país em junho de 2013 para pedir mudanças.

Na ocasião, a popularidade de Dilma e de todos os políticos desabou aos piores níveis. Mas, em pouco mais de um ano, a presidente conseguiu se recuperar, organizar em 2014 uma bem sucedida Copa do Mundo de Futebol (ainda que a um custo público muito elevado) e convencer os brasileiros de que deviam dar ao PT 16 mais quatro anos no poder.

Acompanhe tudo sobre:aecio-nevesDilma RousseffEleiçõesEleições 2014Governo DilmaPartidos políticosPersonalidadesPolítica no BrasilPolíticosPolíticos brasileirosPT – Partido dos Trabalhadores

Mais de Brasil

Novo oficializa candidatura de Marina Helena à prefeitura de SP com coronel da PM como vice

Estudo da Nasa aponta que Brasil pode ficar 'inabitável' em 50 anos; entenda

Temperatura acima de 30°C para 13 capitais e alerta de chuva para 4 estados; veja previsão

Discreta, Lu Alckmin descarta ser vice de Tabata: 'Nunca serei candidata'

Mais na Exame