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Telefonema dá esperança em busca por sobreviventes no Rio

Um curto telefonema de um rapaz soterrado reacendeu as esperanças das equipes de resgate de encontrar sobreviventes em meio aos escombros

Os trabalhos de busca com máquinas pesadas são realizados de maneira ininterrupta desde a noite de quarta-feira, quando três prédios desabaram (Ari Versiani/AFP)

Os trabalhos de busca com máquinas pesadas são realizados de maneira ininterrupta desde a noite de quarta-feira, quando três prédios desabaram (Ari Versiani/AFP)

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Da Redação

Publicado em 27 de janeiro de 2012 às 11h43.

Rio de Janeiro - "Oi amor", foram as únicas palavras que Fábio conseguiu dizer à sua noiva Tatiana em uma curta chamada telefônica das ruínas de um dos três prédios comerciais que desabou no centro do Rio de Janeiro, o que mantém acesa as esperanças de seus familiares de encontrá-lo vivo.

"Ele estava no prédio e às 3h00 chegou a falar com sua noiva por debaixo dos escombros. Ele disse 'oi amor' e a chamada foi cortada. É uma esperança", contou Francisco Adir, de 58 anos, pai de um amigo de Fábio.

Tatiana ficou sem palavras e, chorando, jogou-se nos braços de uma amiga. Enquanto isso, continua a longa espera por notícias das equipes de resgate, que já encontraram cinco corpos.

Pelo menos doze pessoas estão desaparecidas. Os trabalhos de busca com máquinas pesadas são realizados de maneira ininterrupta desde a noite de quarta-feira, quando três construções de 20, 10 e 4 andares desabaram por motivos ainda desconhecidos

Os prédios estavam localizados próximos à Cinelândia, no centro histórico da cidade, onde também está o Theatro Municipal do Rio de Janeiro.

No local, familiares aguardavam notícias de seus desaparecidos. Alguns, desconsolados, foram ao Instituto Médico Legal (IML).

É o caso de Sandra Ribeiro Lopes. Seu pai trabalhava como porteiro no edifício de 20 andares e tudo indica que está entre as vítimas. "Encontraram o celular do meu pai no bolso de um dos corpos encontrados. Agora vou para o IML para fazer o reconhecimento", disse à jornalistas.

Vera dos Anjo Freitas chegou pouco tempo depois procurando notícias de seu primo, Moisés Morais Silva, com quem se encontrou na rua Treze de Março pouco antes dos desabamentos.

"Eu perguntei se ele queria que levasse alguma coisa para casa e ele me disse: 'sim, espera que vou buscar a minha mochila'. Então eu senti alguma coisa como granito caindo na minha cabeça e saí correndo", contou a mulher, empregada doméstica de 57 anos. "Eu não acho que eles estão vivos, estavam fora do prédio", acrescenta em lágrimas.


Com Moisés estavam mais quatro colegas de trabalho.

Dezenas de curiosos se concentraram na área para fotografar com seus celulares o desastre, de onde sai uma poeira escura. Sobre as ruínas caminhavam os bombeiros guiados por seus cãos, enquanto as retroescavadeiras retiravam escombros com movimentos quase cirúrgicos.

Do outro lado da rua, todos falavam a mesma coisa: "Que loucura, não?!"

Na Cinelândia circulam todos os dias milhares de pessoas, mas como no momento da tragédia a jornada de trabalho já tinha terminado, as autoridades acreditam que o balanço de vítimas não seja muito alto.

"Estava no andar de baixo quando a porta do elevador se abriu e vi que o prédio estava caindo, foi horrível, não sei como tomei a decisão de voltar para o elevador. Isso foi o que me salvou, voltar para o elevador", disse Alessandro da Silva Fonseca, de 31 anos, que foi resgatado pouco depois do incidente.

"Tive sorte de estar com o celular no bolso, liguei para um amigo (que conseguiu escapar) que me disse: 'fique calma que os bombeiros vão chegar aí para te salvar'", contou, que sente ter nascido de novo.

As autoridades ainda não descobriram a causa do desastre, mas sustentam a tese de um problema estrutural.

"O elevador estava sempre quebrado e ontem (quarta-feira) caía concreto pela boca do elevador", disse Victor Ferreira, de 25 anos que trabalhava no prédio Liberdade, o mais alto.

As autoridades temem não encontrar sobreviventes, mas as buscas não vão parar por enquanto.

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