Exame Logo

Superávit fiscal em 12 meses segue bem abaixo da meta

Crescimento da economia fez a relação dívida líquida/PIB permanecer estável

Sede do Banco Central: economistas previam superávit de R$ 6 bi, mas o órgão divulgou que número chegou a R$ 5,2 bi (Arquivo/Veja)
DR

Da Redação

Publicado em 29 de setembro de 2010 às 14h27.

Brasília - A economia feita pelo setor público para cobrir gastos com juros foi um pouco inferior ao esperado por analistas em agosto, e o saldo acumulado em 12 meses permaneceu bem abaixo da meta fixada pelo governo para o ano.

Apesar de o superávit primário ter sido inferior à incorporação de juros no mês, a relação dívida líquida/PIB permaneceu estável, beneficiada pelo crescimento da economia. Mas o BC previu que a dívida bruta crescerá em setembro por conta do novo empréstimo feito pelo Tesouro ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

Veja também

Segundo os dados divulgados pelo Banco Central nesta quarta-feira, o superávit primário foi de 5,222 bilhões de reais em agosto. Pesquisa da Reuters mostrou que analistas previam superávit de 6 bilhões de reais, de acordo com a mediana de 11 projeções.

No acumulado em 12 meses, o resultado primário está em 2,01 por cento do Produto Interno Bruto (PIB), ante meta de 3,3 por cento do PIB para o ano.

Na véspera, o secretário do Tesouro, Arno Augustin, voltou a garantir que o país cumprirá a meta do ano e indicou que o saldo de setembro será inflado por recursos decorrentes da operação de capitalização da Petrobras.

Em agosto, o superávit primário já foi alavancado pelo pagamento de dividendos em atraso que a União tem a receber da Eletrobras. Para antecipar o recebimento dessas receitas, o Tesouro repassou os créditos ao BNDES.

Para Luiz Eduardo Portella, sócio do Banco Modal, o superávit primário deixou de ser um bom indicador da saúde das contas fiscais. "Acho que o governo está conseguindo fazer muita manobra nas contas públicas para tentar fechar o superávit, mas eles têm que se concentrar em diminuir o gasto corrente", afirmou.


O Santander avaliou, em relatório, que "ainda que vejamos perda de credibilidade do superávit primário como termômetro da saúde fiscal, consideramos a dinâmica da dívida como benigna".

O mais importante no curto prazo, segundo o banco, é o impacto da política fiscal sobre a demanda, "o que nos parece ainda bastante expansionista, requerendo taxas de juros reais mais elevadas".

Em agosto, o governo central teve superávit primário de 3,458 bilhões de reais, os governos regionais contribuíram com 1,307 bilhão de reais e as estatais registraram saldo positivo de 457 milhões de reais.

Dívida

No mês passado, a dívida pública líquida permaneceu em 41,4 por cento do PIB, mesmo patamar verificado em julho segundo dado revisado.

A dívida bruta caiu ligeiramente, para 59,4 por cento do PIB, mas o Banco Central previu nova alta em setembro. A estimativa leva em conta financiamento do Tesouro ao BNDES, apesar de o secretário do Tesouro ter afirmado na véspera que essa operação não tem o mesmo impacto econômico que os demais repasses feitos ao banco de fomento, pois será compensada na capitalização da Petrobras .

Segundo o chefe do Departamento Econômico do BC, a dívida bruta chegará a 60,4 por cento do PIB em setembro.

No ano até agosto, o crescimento do PIB garantiu que a dívida bruta como proporção do PIB caísse 3,4 pontos percentuais, enquanto a dívida líquida tivesse queda de 1,4 ponto.

Leia mais notícias sobre o governo

Siga as notícias do site EXAME sobre Economia no Twitter


Acompanhe tudo sobre:América LatinaBanco CentralDados de BrasilDívida públicaMercado financeiro

Mais lidas

exame no whatsapp

Receba as noticias da Exame no seu WhatsApp

Inscreva-se

Mais de Brasil

Mais na Exame