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Suíça indica que novos nomes vão surgir na Lava Jato

Hoje, mais de cem casos criminais estão em andamento na Suíça contra eventuais implicados na operação

Lava Jato: novos nomes de pessoas implicadas na operação ainda vão aparecer (Vem pra Rua/Facebook/Reprodução)

Lava Jato: novos nomes de pessoas implicadas na operação ainda vão aparecer (Vem pra Rua/Facebook/Reprodução)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 20 de abril de 2018 às 13h34.

Última atualização em 20 de abril de 2018 às 13h34.

Novos nomes de pessoas implicadas na Operação Lava Jato ainda vão aparecer. Quem garante isso são os investigadores suíços que três anos depois de iniciar inquéritos, apontam que ainda estão trocando informações sobre dezenas de contas envolvendo verdadeiras fortunas com o Brasil.

Hoje, mais de cem casos criminais estão em andamento na Suíça contra eventuais implicados na Lava Jato.

"Do ponto de vista da Suíça, o caso definitivamente não terminou", confirmou o procurador-geral da Suíça, Michael Lauber. Questionado se isso significa que novos nomes ainda aparecerão, seu adjunto em Berna, Jacques Rayroud, deixou claro: "acho que vocês escutarão". "Acredito que existam ainda muitas informações e muita informação a ser fornecida. Mas as trocas de dados (entre Brasil e Suíça) são muito boas. Nesse momento, acredito que o Brasil tenha tido acesso a uma grande parte", disse o procurador.

Apesar dos avanços nos trabalhos e dos amplos elogios dos suíços aos procuradores brasileiros, Lauber insiste que cabe ao Brasil julgar e oferecer provas para que possa recuperar o dinheiro ainda bloqueado.

"Não trabalhamos para o Brasil. Trabalhamos para a Suíça", disse ao justificar o fato de que um volume de R$ 2,8 bilhões continua bloqueado em contas no país europeu, três anos depois do início dos inquéritos. "Ainda temos US$ 800 milhões bloqueados. O objetivo é o de fazer a investigação. Isso significa que temos lavagem de dinheiro ou corrupção internacional. Mas precisamos ter o delito original", disse.

"Liberar o dinheiro não depende apenas de nós. Mas de todos os implicados e isso pode ainda durar", indicou o procurador-geral. Além de estabelecer o delito original, a ideia é de que a informação prestada pelo Brasil permita que os suíços possam, então, entrar na história para investigar. "Não estamos aqui para duplicar o trabalho ou fazer a seu lugar. Mas para ajudar e lutar contra abuso do mercado financeiro suíço", disse.

Conforme o jornal O Estado de S. Paulo antecipou nesta sexta-feira, 20, o MP suíço confirmou em um informe anual que, de uma forma geral, bloqueou mais de US$ 1 bilhão em ativos relacionados a suspeitos citados na Operação Lava Jato. Desse total, pouco mais de US$ 200 milhões foram repatriados ao Brasil.

"O futuro desse dinheiro é o de dar de volta aos seus donos de direito, seja quem for. Mas, para isso, precisamos com certeza ajuda dos demais", insistiu. "Não queremos esse dinheiro se ele não pertence aqui", garantiu.

Lauber lamentou o fato de que a força-tarefa conjunta entre Suíça e Brasil jamais ter sido formada. O ex-procurador-geral da República, Rodrigo Janot, havia fechado um entendimento com Berna. Mas, em 2016, o Estado revelou que o projeto foi bloqueado no Ministério da Justiça e acabou jamais entrando em vigor.

Segundo Lauber, o mecanismo teria sido importante no início do processo, quando se estabelecia ainda o crime principal. Hoje, a prioridade seria menor. "Mas sempre enfatizamos a importância de um grupo conjunto", disse. "Seria um dos primeiros casos de uso desse instrumentos para corrupção. Mas aceitamos que, neste momento, não é uma prioridade total no Brasil. Anda assim, não está totalmente encerrado", afirmou.

Rayroud, procurador-geral adjunto, destacou o fato de que o volume de informação na Lava Jato apenas conseguiu ser lidado diante da criação de uma força-tarefa dentro do MP suíço, capaz de trazer especialistas de diferentes departamentos dentro da procuradoria. "Tivemos de nos organizar de forma diferente", disse. Segundo ele, o grupo se reúne uma vez por semana para "gerar prioridades e estabelecer estratégias".

Todos em Berna, porém, insistem que a cooperação com a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, continua "excelente". "Não vemos qualquer tipo de impedimento", disse Lauber, apontando que uma missão de seu gabinete foi ao Brasil no início do ano para trocar informações e ouvir réus.

Bancos

Parte do objetivo dos suíços em manter o processo é o de descobrir como suas instituições poderiam ter colaborado com o esquema no Brasil. Segundo Lauber, o processo está passando de uma primeira fase das investigações para também olhar para o papel dos intermediários suíços.

Por enquanto, um processo criminal já foi aberto contra um banco suíço. Mas o MP não descarta que outros possam ser alvo de processo.

Outro foco dos suíços é o de ampliar a cooperação para o restante da América Latina. "Esse é um caso que tocou todo o continente. Existem muitos países que estão interessados (em cooperar com a Suíça)", completou.

Os procuradores insistem que, mesmo depois do acordo de leniência da Odebrecht em dezembro de 2016, os inquéritos continuaram e que mais de 50 pedidos de cooperação foram apresentados por governos estrangeiros para que Berna repasse dados bancários de suspeitos. Além disso, os suíços buscam informações ainda sobre operadores e gestores suíços que tenham participado do esquema.

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