Menino brinca com bola: cerca de 300 jovens entre 16 e 21 anos, de 24 países, participam do evento (Buda Mendes/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 3 de junho de 2014 às 17h28.
São Paulo - Um campeonato de futebol em que nem sempre a equipe que faz mais gols sai vencedora e em que valores como a solidariedade, o cumprimento de regras e a cooperação sempre contam pontos.
Este é o Mundial de Futebol de Rua, evento que entra em sua terceira edição e acontece na capital paulista entre os dias 1º e 12 de julho, quase ao mesmo tempo que a Copa do Mundo.
Nesta edição, a primeira sem vinculação com a Federação Internacional de Futebol (Fifa), cerca de 300 jovens e adolescentes entre 16 e 21 anos, de 24 países, participam do evento.
“No encontro com organizações no Uruguai, em 2012, houve um rompimento com a Fifa ao entender que ela é uma grande violadora de direitos”, disse Rodrigo Medeiros, coordenador de mobilização do Mundial de Futebol de Rua, que ressaltou que o evento não é uma mobilização contra a Copa.
“Não temos um discurso contra a Copa do Mundo, mas queremos pontuar violações de direitos que ocorrem por causa do evento. A Copa do Mundo é um evento para homens adultos e jovens. Onde estão as mulheres e as crianças? Não existem ações pensadas nisso”, acrescentou.
Neste campeonato, as regras são um tanto quanto diferentes de um jogo profissional de futebol. Dois times mistos entram em campo, mas não há um juiz, e sim um mediador.
Além disso, há três tempos técnicos: no primeiro, os times e o mediador definem as regras básicas do jogo. No segundo, a bola rola levando em conta as regras que foram definidas anteriormente.
O terceiro tempo é dedicado à reflexão, em que os participantes conversam sobre a partida. Também é neste momento em que ocorre um diálogo sobre os valores e a atribuição de pontos.
“Cada regra estabelecida vale um ponto. Inclusive, o time que ganhou leva três pontos e, o time que perdeu, sai com um ponto para não sair derrotado. Há três regras como pilares: respeito, cooperação e solidariedade, fora outras que são criadas a cada jogo. Então, o time que ganha por gols não necessariamente ganha a partida na somatória dos pontos. Não é só o gol que faz a pontuação, mas o cumprimento das regras”, explicou Medeiros.
As delegações ficarão hospedadas em seis Centros de Educação Unificados (CEUs) da capital. As unidades também vão receber atividades culturais e debater com as comunidades do entorno, contribuindo para um intercâmbio cultural.
A primeira fase do campeonato acontece entre os dias 1º e 6 de julho, quando acontece o intercâmbio cultural dentro dos CEUs.
Entre os dias 7 e 11 de julho, fase em que ocorrem as oitavas e quartas-de-final, os movimentos sociais vão ocupar o Largo da Batata, em Pinheiros, na zona oeste da capital paulista, para fazer plenárias e assembleias.
“Serão cinco dias de ação no Largo da Batata e de discussões sobre violações de direitos humanos, tais como a questão da criança e do adolescente em grandes eventos, a desapropriação durante a Copa e a higienização das cidades nessa época. O Largo da Batata será uma grande tribuna popular durante os jogos”, disse Medeiros.
“Acontecem dois jogos pela manhã e um à tarde e, no encerramento, um debate. Todos os dias haverá um debate público”, acrescentou. No dia 12 de julho, as partidas semifinais e a grande final serão realizadas entre a Avenida Ipiranga e a Avenida São João, no centro de São Paulo.
“Entendemos que o futebol sozinho não faz a revolução ou a mudança social que a gente espera. Mas é uma ferramenta poderosa para a incidência de políticas públicas, que é o nosso grande objetivo tal como ocupar a cidade e discutir os direitos humanos com a prática do futebol. É um futebol colaborativo”.
Informações ou contribuições para o evento podem ser feitas por meio do site.