Sede do Banco Central: autoridade monetária pode reforçar efeito fiscal sobre a inflação (João Ramid/Veja)
Da Redação
Publicado em 8 de novembro de 2010 às 11h04.
Brasília - Resultado de sondagem feita pelo Banco Central junto a analistas do mercado, divulgado nesta segunda-feira, dá respaldo à posição da autoridade monetária de que um aumento do esforço fiscal do governo contribuiria para conter a elevação dos preços, abrindo espaço para juros mais baixos.
Segundo a pesquisa, economistas avaliam que, se o setor público reduzisse seu gasto em 1 por cento do PIB no período de 12 meses, a taxa Selic poderia cair em 1 ponto percentual no mesmo período sem que a inflação sofresse alteração.
Os números correspondem à mediana da resposta dada por 64 instituições que responderam à consulta do BC.
O impacto da política fiscal sobre os preços tem sido motivo de discórdia explícita entre Banco Central e Ministério da Fazenda.
A divulgação da sondagem inédita do BC ocorre em meio a especulações em torno da montagem do novo governo da presidente eleita Dilma Rousseff e da preponderância que terão na equipe economistas mais ou menos ortodoxos.
Segundo o BC, a pesquisa foi feita para "reduzir a assimetria de informações entre os participantes do mercado, bem como entre estes e o Banco Central".
No último relatório de inflação, divulgado no final de setembro, o BC destacou que no próximo ano uma esperada recuperação das contas fiscais, com consequente aumento do superávit primário, contribuiria para conter a inflação.
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, crítico do patamar dos juros e dos seus efeitos sobre a valorização do real, afirmou recentemente que não faz sentido vincular a redução dos juros a um aperto fiscal.
Ainda de acordo com a pesquisa, os analistas avaliam que um aumento de 1 ponto percentual da Selic por 12 meses reduziria a inflação em 0,25 ponto percentual. Já a contração fiscal de 1 por cento do PIB reduziria a inflação em 0,32 ponto no mesmo período.
A taxa Selic está atualmente em 10,75 por cento ao ano. Analistas de mercado estimam que ela chegará ao final de 2011 em 11,75 por cento, segundo sondagem semanal Focus, também realizada pelo BC.