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Setor elétrico planeja quase 4 mil MW a mais até abril

Setor se prepara para colocar em operação, até o fim de abril, usinas que podem ajudar no esforço para se evitar um novo racionamento

Cabos de transmissão de energia elétrica: nova capacidade equivaleria a cerca de um terço da capacidade da hidrelétrica de Belo Monte (Dado Galdieri/Bloomberg)
DR

Da Redação

Publicado em 28 de fevereiro de 2014 às 18h48.

Brasília/São Paulo - Enquanto o governo torce para que as chuvas dos próximos dois meses consigam reabastecer os reservatórios de hidrelétricas, afastando o risco de faltar energia no país, o setor elétrico se prepara para colocar em operação, até o fim de abril, usinas que podem ajudar no esforço para se evitar um novo racionamento.

Se as previsões mais atualizadas da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) não se frustrarem, neste ano até o fim de abril devem entrar em operação comercial quase 4 mil megawatts (MW) novos, gerados em centrais eólicas, termelétricas e hidrelétricas, incluindo turbinas das duas usinas do Rio Madeira: Santo Antônio e Jirau.

Essa nova capacidade equivaleria a cerca de um terço da capacidade da hidrelétrica de Belo Monte (11,2 GW), que deve começar a operar em 2015. Os dados constam em levantamento da Aneel que considera toda a expansão da oferta, seja ela direcionada ao chamado mercado regulado (distribuidoras) como também autoprodutores e usinas que venderão ao mercado livre.

Segundo os dados da Aneel a expansão prevista para os próximos dois meses é de cerca de 3,8 mil MW, o que poderia ajudar o país a atravessar o chamado período normal de estiagem, entre abril e novembro, apesar do atual baixo nível das represas de hidrelétricas.

"Esses quase 4 mil MW até abril são o necessário a mais para o ano todo. O resto é sobra, é garantia adicional para o sistema", disse à Reuters o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão.

Segundo o ministro, a expectativa de aumento de demanda de energia para todo o ano é de 4 mil MW em carga, enquanto a capacidade de geração em 2014 deve crescer entre 6 mil e 8 mil MW.

Pelas contas do superintendente de Fiscalização de Serviços de Geração da Aneel, Alessandro Cantarino, ao longo de todo o ano, incluindo também as usinas que vendem no mercado livre e os autoprodutores, o aumento de capacidade pode chegar a 10 mil MW, quase o dobro dos 5,8 mil MW que entraram em funcionamento em 2013.

No período de janeiro a abril de 2013, a expansão da oferta foi de aproximadamente 2.626 MW.


O nível dos reservatórios da região Sudeste está terminando o mês em cerca de 35 por cento de armazenamento, abaixo da expectativa do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) e com uma queda de mais de 8 pontos percentuais ante dezembro de 2013. As represas do Sul estão em cerca de 37 por cento, no Nordeste em 42 por cento e no Norte em 81 por cento.

1,3 Mil MW Em Térmicas

Segundo o coordenador do Grupo de Estudos do Setor de Energia Elétrica (Gesel) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Nivalde de Castro, o mais importante, no caso da geração que está entrando agora, são as termelétricas. Essas usinas, além de não dependerem de água da chuva, possuem um fator de capacidade maior do que as hidrelétricas, conseguindo gerar energia mais perto da plena carga.

"O bloco (de energia) que entrar vai ser mais relevante no período seco", disse o especialista. "O que vai ser relevante é como vão estar os reservatórios até abril. E aí essas termelétricas vão ser relevantes", acrescentou.

Pelo levantamento feito pela Reuters a partir dos dados da Aneel, até o fim de abril devem entrar em operação comercial termelétricas que somam capacidade total, incluindo usinas movidas a biomassa, de cerca de 1,3 mil MW, o equivalente a 3,5 por cento do parque térmico instalado atualmente, de 36,5 mil MW.

As projeções da Aneel, apesar de serem atualizadas e levarem em conta a situação de fevereiro das obras nas usinas, ainda podem estar sujeitas a imprevistos e atrasos.

"Essas usinas ajudam, mas não salvam a pátria. Sempre entra abaixo do que se anuncia. As obras de geração em geral estão atrasadas e as subestações e obras de transmissão estão muito atrasadas", disse o especialista Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE).

Dúvida no Rio Madeira

Segundo Cantarino, da Aneel, as previsões atualizadas são o mais próximo possível da realidade e também levam em conta a situação das obras de transmissão que conectarão as usinas, mas ele ressaltou que há ainda ressalvas com relação ao cronograma de entrada em operação das turbinas das usinas do Rio Madeira.


"Os testes estão levando mais tempo do que o previsto", disse.

Quase um terço do total de capacidade adicional de geração de energia prevista para entrar de janeiro a abril está em hidrelétricas do rio Madeira, que atravessa período de cheia histórica.

Nesta semana, a hidrelétrica Santo Antônio foi totalmente desligada em consequência do nível elevado do rio. O ONS determinou o rebaixamento do reservatório de Santo Antônio para evitar que, diante da cheia, estruturas provisórias da construção da hidrelétrica Jirau, a outra usina do rio Madeira, fossem afetadas.

Com o rebaixamento, falta a queda mínima na barragem para permitir o funcionamento da hidrelétrica Santo Antônio, que por isso teve que ser desligada. O ONS e a Santo Antônio Energia, empresa responsável pela operação da usina, não informaram previsão sobre quando a hidrelétrica voltará a operar.

A hidrelétrica, quando foi desligada, estava operando efetivamente com 14 turbinas, apesar de já ter autorização para operar comercialmente com 20 unidades geradoras.

O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, minimizou o problema e disse que a situação no Madeira deve se normalizar em breve. "Isso é coisa que em uma semana se resolverá", disse Lobão à Reuters.

Enquanto isso, a Aneel estima que em Jirau entrarão em operação neste ano 28 turbinas, no total de 2.100 MW, mas a GDF Suez, principal acionista na usina, estima que até 18 devem estar em funcionamento até o final do ano.

"Pelo o que a gente acompanha, é difícil acontecer todos esses 4 mil, uma parte pode entrar, mas não a totalidade... Mas qualquer oferta de energia é bem vinda", disse o gerente de regulação da consultoria e comercializadora de energia Safira Energia, Fábio Cuberos.

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Brasília/São Paulo - Enquanto o governo torce para que as chuvas dos próximos dois meses consigam reabastecer os reservatórios de hidrelétricas, afastando o risco de faltar energia no país, o setor elétrico se prepara para colocar em operação, até o fim de abril, usinas que podem ajudar no esforço para se evitar um novo racionamento.

Se as previsões mais atualizadas da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) não se frustrarem, neste ano até o fim de abril devem entrar em operação comercial quase 4 mil megawatts (MW) novos, gerados em centrais eólicas, termelétricas e hidrelétricas, incluindo turbinas das duas usinas do Rio Madeira: Santo Antônio e Jirau.

Essa nova capacidade equivaleria a cerca de um terço da capacidade da hidrelétrica de Belo Monte (11,2 GW), que deve começar a operar em 2015. Os dados constam em levantamento da Aneel que considera toda a expansão da oferta, seja ela direcionada ao chamado mercado regulado (distribuidoras) como também autoprodutores e usinas que venderão ao mercado livre.

Segundo os dados da Aneel a expansão prevista para os próximos dois meses é de cerca de 3,8 mil MW, o que poderia ajudar o país a atravessar o chamado período normal de estiagem, entre abril e novembro, apesar do atual baixo nível das represas de hidrelétricas.

"Esses quase 4 mil MW até abril são o necessário a mais para o ano todo. O resto é sobra, é garantia adicional para o sistema", disse à Reuters o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão.

Segundo o ministro, a expectativa de aumento de demanda de energia para todo o ano é de 4 mil MW em carga, enquanto a capacidade de geração em 2014 deve crescer entre 6 mil e 8 mil MW.

Pelas contas do superintendente de Fiscalização de Serviços de Geração da Aneel, Alessandro Cantarino, ao longo de todo o ano, incluindo também as usinas que vendem no mercado livre e os autoprodutores, o aumento de capacidade pode chegar a 10 mil MW, quase o dobro dos 5,8 mil MW que entraram em funcionamento em 2013.

No período de janeiro a abril de 2013, a expansão da oferta foi de aproximadamente 2.626 MW.


O nível dos reservatórios da região Sudeste está terminando o mês em cerca de 35 por cento de armazenamento, abaixo da expectativa do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) e com uma queda de mais de 8 pontos percentuais ante dezembro de 2013. As represas do Sul estão em cerca de 37 por cento, no Nordeste em 42 por cento e no Norte em 81 por cento.

1,3 Mil MW Em Térmicas

Segundo o coordenador do Grupo de Estudos do Setor de Energia Elétrica (Gesel) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Nivalde de Castro, o mais importante, no caso da geração que está entrando agora, são as termelétricas. Essas usinas, além de não dependerem de água da chuva, possuem um fator de capacidade maior do que as hidrelétricas, conseguindo gerar energia mais perto da plena carga.

"O bloco (de energia) que entrar vai ser mais relevante no período seco", disse o especialista. "O que vai ser relevante é como vão estar os reservatórios até abril. E aí essas termelétricas vão ser relevantes", acrescentou.

Pelo levantamento feito pela Reuters a partir dos dados da Aneel, até o fim de abril devem entrar em operação comercial termelétricas que somam capacidade total, incluindo usinas movidas a biomassa, de cerca de 1,3 mil MW, o equivalente a 3,5 por cento do parque térmico instalado atualmente, de 36,5 mil MW.

As projeções da Aneel, apesar de serem atualizadas e levarem em conta a situação de fevereiro das obras nas usinas, ainda podem estar sujeitas a imprevistos e atrasos.

"Essas usinas ajudam, mas não salvam a pátria. Sempre entra abaixo do que se anuncia. As obras de geração em geral estão atrasadas e as subestações e obras de transmissão estão muito atrasadas", disse o especialista Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE).

Dúvida no Rio Madeira

Segundo Cantarino, da Aneel, as previsões atualizadas são o mais próximo possível da realidade e também levam em conta a situação das obras de transmissão que conectarão as usinas, mas ele ressaltou que há ainda ressalvas com relação ao cronograma de entrada em operação das turbinas das usinas do Rio Madeira.


"Os testes estão levando mais tempo do que o previsto", disse.

Quase um terço do total de capacidade adicional de geração de energia prevista para entrar de janeiro a abril está em hidrelétricas do rio Madeira, que atravessa período de cheia histórica.

Nesta semana, a hidrelétrica Santo Antônio foi totalmente desligada em consequência do nível elevado do rio. O ONS determinou o rebaixamento do reservatório de Santo Antônio para evitar que, diante da cheia, estruturas provisórias da construção da hidrelétrica Jirau, a outra usina do rio Madeira, fossem afetadas.

Com o rebaixamento, falta a queda mínima na barragem para permitir o funcionamento da hidrelétrica Santo Antônio, que por isso teve que ser desligada. O ONS e a Santo Antônio Energia, empresa responsável pela operação da usina, não informaram previsão sobre quando a hidrelétrica voltará a operar.

A hidrelétrica, quando foi desligada, estava operando efetivamente com 14 turbinas, apesar de já ter autorização para operar comercialmente com 20 unidades geradoras.

O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, minimizou o problema e disse que a situação no Madeira deve se normalizar em breve. "Isso é coisa que em uma semana se resolverá", disse Lobão à Reuters.

Enquanto isso, a Aneel estima que em Jirau entrarão em operação neste ano 28 turbinas, no total de 2.100 MW, mas a GDF Suez, principal acionista na usina, estima que até 18 devem estar em funcionamento até o final do ano.

"Pelo o que a gente acompanha, é difícil acontecer todos esses 4 mil, uma parte pode entrar, mas não a totalidade... Mas qualquer oferta de energia é bem vinda", disse o gerente de regulação da consultoria e comercializadora de energia Safira Energia, Fábio Cuberos.

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