Brasil

Setor brasileiro de energia eólica prevê perdas milionárias devido à rede de transmissão

Prejuízo pode chegar a R$ 1 bilhão, segundo representantes do setor

Energia eólica: projetos de IA buscam prever padrões do vento (Danil Shamkin/NurPhoto/Getty Images)

Energia eólica: projetos de IA buscam prever padrões do vento (Danil Shamkin/NurPhoto/Getty Images)

EFE
EFE

Agência de Notícias

Publicado em 2 de outubro de 2024 às 17h47.

Última atualização em 3 de outubro de 2024 às 09h34.

O setor brasileiro de energia eólica advertiu nesta quarta-feira que espera perdas de até R$ 1 bilhão este ano devido a deficiências na rede de transmissão, e pediu mais investimentos do governo.

Francisco Silva, diretor técnico da Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica), disse durante o 2º Fórum Latino-Americano de Economia Verde, organizado em São Paulo pela Agência EFE, que o setor está passando por um momento “desafiador”.

De acordo com Silva, as usinas eólicas já acumularam perdas entre R$ 600 milhões e R$ 700 milhões até o momento neste ano, devido a cortes no fornecimento causados pela transmissão precária.

“Temos visto um certo desmantelamento do setor eólico porque não há demanda por energia nova e porque não temos toda a infraestrutura necessária... A transmissão é um problema enorme, é um gargalo”, declarou.

O setor eólico, que fornece cerca de 15% da energia do país, também está aguardando que o Congresso aprove um marco regulatório para o desenvolvimento de usinas offshore. Há 270 GW de projetos eólicos offshore que precisam ser “desbloqueados”, alertou Silva.

Biometano

O potencial também é grande na geração de biometano, também conhecido como gás natural renovável, a partir de aterros sanitários.

De acordo com o presidente da Associação Brasileira de Resíduos e Meio Ambiente (Abrema), Pedro Maranhão, a meta é produzir 1 milhão de metros cúbicos até o final de 2024, embora haja espaço para até 6 milhões.

“O aterro sanitário é um poço de petróleo renovável”, disse Maranhão.

Silvia Cabral, diretora de Regulação e Comercialização da Norte Energia, empresa que controla a usina hidrelétrica de Belo Monte, apontou outros avanços necessários, como a descarbonização do transporte.

A Norte Energia desenvolveu um barco elétrico para 23 pessoas em parceria com a Universidade Federal do Pará (UFPA), uma alternativa sustentável e acessível para descarbonizar o transporte fluvial na região amazônica. O catamarã, movido a energia limpa e renovável, foi apresentado em setembro.

Belo Monte faz parte da bacia do rio Xingu, cujos níveis caíram drasticamente devido à intensa seca na região amazônica, embora Cabral tenha ressaltado que a hidrelétrica vai manter a operação na ponta, entregando energia no horário de consumo de pico nacional até começar o período de chuvas.

O 2º Fórum Latino-Americano de Economia Verde é patrocinado pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), e pela empresa Norte Energia, e conta com o apoio da Vivo e da Câmara Espanhola de Comércio no Brasil.

Acompanhe tudo sobre:Energia eólica

Mais de Brasil

São Paulo tem 88 mil imóveis que estão sem luz desde ontem; novo temporal causa alagamentos

Planejamento, 'núcleo duro' do MDB e espaço para o PL: o que muda no novo secretariado de Nunes

Lula lamenta acidente que deixou ao menos 38 mortos em Minas Gerais: 'Governo federal à disposição'

Acidente de ônibus deixa 38 mortos em Minas Gerais