Setor aéreo quer intervenção do governo contra retomada da exigência de vistos
Mais cedo, o Itamaraty divulgou que o Brasil retomará a exigência de visto para turistas dos EUA, Austrália, Canadá e Japão
Agência de notícias
Publicado em 10 de março de 2023 às 19h53.
Última atualização em 10 de março de 2023 às 20h03.
A retomada da exigência de visto para entrada no Brasil de turistas vindos dos Estados Unidos, Canadá, Japão e Austrália provocou reação imediata das empresas do setor aéreo, que temem o impacto negativo no turismo quando o setor ainda se reergue do baque da pandemia. Assinado por cinco associações da aviação civil, um ofício foi encaminhado para a ministra do Turismo, Daniela Carneiro, pedindo a intervenção dela para impedir a medida, prevista para 1º de outubro.
O Itamaraty informou as embaixadas dos quatro países que vai retomar o princípio de reciprocidade diplomática, o que significa que, assim como é exigido na entrada dos brasileiros nesses países, seus cidadãos terão que apresentar visto quando desembarcarem no Brasil.
As entidades consideram a volta da exigência de vistos dessas origens prematura e baseada em dados inconsistentes. Sustentam também que a medida pode colocar mais um obstáculo na recuperação do turismo, setor que, em certas regiões do País, representa a principal atividade econômica.
Num texto de cinco páginas, é demonstrado que os governos têm facilitado vistos para estimular a demanda turística, sendo que em uma década a porcentagem de viajantes que necessitam dessa autorização caiu de 77% para 53%, sendo o Sudeste Asiático, a Oceania e a África Oriental os destinos mais abertos.
Como exemplo de resultados negativos em países que se moveram na direção contrária, é apontada a queda expressiva das viagens de brasileiros ao México depois que o país voltou a exigir vistos.
Além da Abear, que representa as companhias aéreas, assinam o ofício a Aeroportos do Brasil (ABR), a Associação Latino-Americana e do Caribe de Transporte Aéreo (Alta) e a Iata a associação internacional do transporte aéreo, bem como a Junta de Representantes das Companhias Aéreas Internacionais do Brasil (Jurcaib).
Cópias do texto foram enviadas também para os ministros Rui Costa (Casa Civil) e Marcio França (Portos e Aeroportos), assim como para os presidentes da Embratur, Marcelo Freixo, e da Apex, Jorge Viana.
Entenda o caso
Em março de 2019, o então presidente Jair Bolsonaro formalizou a dispensa do visto para turistas australianos, canadenses, norte-americanos e japoneses.
A medida foi tomada após encontro com o republicano Donald Trump que estava à frente da Casa Branca, nos Estados Unidos.
Na época, a justificativa era aumentar a presença de turistas no Brasil - elevar o patamar de visitas de 6,7 milhões para 12 milhões ao ano até o ano passado. A expectativa, por óbvio, não levava em conta a pandemia da covid-19, que interrompeu o turismo por pelo menos dois anos.
Após a divulgação da medida recente na imprensa, Bolsonaro reagiu nas redes sociais. "Menos empregos e desestímulo ao setor hoteleiro", escreveu o ex-presidente.