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Servidores públicos e PMs entram em confronto na Alerj

Manifestantes mais exaltados depredaram vitrines, pontos de ônibus e agências bancárias. Polícia atuou com bombas de gás de efeito moral

Protestos: "Pezão ladrão, cadeia é a solução", entoavam alguns manifestantes do alto de uma carro de som (Reuters)

Protestos: "Pezão ladrão, cadeia é a solução", entoavam alguns manifestantes do alto de uma carro de som (Reuters)

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Reuters

Publicado em 9 de fevereiro de 2017 às 16h38.

Última atualização em 9 de fevereiro de 2017 às 18h44.

Rio de Janeiro - Manifestantes, incluindo black blocs, e policiais voltaram a se enfrentar nesta quinta-feira nas imediações da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, em mais um dia de preparação para a votação da alienação nas ações da Cedae, companhia de saneamento do Rio de Janeiro.

Centenas de manifestantes, a maioria funcionários da Cedae e servidores do Estado, chegaram cedo na entrada da Alerj para o protesto que começou pacífico.

Eles gritavam palavras e protestavam contra o governador do Estado, Luiz Fernando Pezão (PMDB), que teve o mandato cassado pelo Tribunal Regional Eleitoral na quarta-feira por abuso de poder político e econômico na campanha de 2014.

"Pezão ladrão, cadeia é a solução", entoavam alguns manifestantes do alto de uma carro de som que também trazia a faixa "Luto do Rio".

O clima começou a ficar tenso com a notícia da chegada de manifestantes violentos e alguns black blocs. Antes mesmo da confusão começar, dentro da Assembleia já havia um clima de apreensão no ar.

"Se prepara porque hoje vai ter barulho", disse um parlamentar de oposição.

Os manifestantes mais exaltados depredaram vitrines, pontos de ônibus e agências bancárias. A polícia atuou com bombas de gás de efeito moral e até veículo blindado.

O cheiro das bombas foi tão forte que dentro do plenário da Alerj alguns deputados e assessores passaram a usar máscaras de gás.

O protesto e a ação policial provocaram o fechamento de ruas e avenidas próximas à Alerj. Com medo, comerciantes da região também fecharam suas portas.

A circulação do VLT (Veiculo Leve sobre Trilhos) foi paralisada e o metrô adotou um protocolo de segurança.

Desde o ano passado, quando a Alerj começou a debater o pacote de austeridade que visa minimizar a crise financeira estadual, a Assembleia está protegida por homens da PM e da Força Nacional de Segurança.

A Mesa da Alerj vem trabalhando nas últimas horas para "limpar" os vetos apresentados estrategicamente pela oposição, e assim destravar a pauta para votar a alienação das ações da Cedae na semana que vem, provavelmente terça-feira.

"Estamos trabalhando para destravar a pauta e votar na terça-feira. Acreditamos que vai ser aprovado", disse à Reuters o governador Luiz Fernando Pezão.

Na segunda-feira, haverá uma audiência de conciliação em Brasília, marcada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal Luiz Fux, que reunirá representantes da Procuradoria-Geral da República, da Advocacia-Geral da União, do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal.

O Estado tenta uma liminar no STF para ser enquadrado antecipadamente no programa de recuperação fiscal dos Estados, um projeto que ainda não foi apreciado pelo Congresso Nacional.

Como a oposição na Alerj aposta numa derrota na votação da Cedae, a última esperança dos oposicionistas é uma derrota do governo do Estado na audiência de conciliação.

"Estão querendo um cheque em branco da Alerj a um governo sem credibilidade, isso não aceitamos", disse à Reuters o deputado Carlos Osório (PSDB).

"Se não houver entendimento na reunião de conciliação, teremos argumento para mostrar que não se deve votar a Cedae com essa pressa injustificável."

Já o deputado Paulo Melo PMDB) avalia que "se não avançar o processo da Cedae pode desligar os aparelhos, porque o Estado já está na UTI e não tem mais nenhuma chance".

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