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Senador Renan Calheiros pede prisão de Fábio Wajngarten; Aziz nega

O pedido foi feito pouco tempo depois de o ex-secretário negar a divulgação da campanha "O Brasil não pode parar"

"O presidente pode até decidir diferente, mas eu vou diante do flagrante evidente pedir a prisão de vossa senhoria", disse Calheiros (Jefferson Rudy/Agência Senado)

"O presidente pode até decidir diferente, mas eu vou diante do flagrante evidente pedir a prisão de vossa senhoria", disse Calheiros (Jefferson Rudy/Agência Senado)

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Alessandra Azevedo

Publicado em 12 de maio de 2021 às 16h43.

Última atualização em 12 de maio de 2021 às 21h17.

O senador Renan Calheiros (MDB-AL) pediu nesta quarta-feira, 12, a prisão do ex-secretário de Comunicação da Presidência da República Fabio Wajngarten, durante depoimento prestado na CPI da Covid. O pedido foi feito pouco tempo depois de o ex-secretário negar a divulgação da campanha "O Brasil não pode parar" pela Secom em março de 2020.

"Vossa excelência, mais uma vez, mente. Mentiu diante dos áudios agora publicados, mentiu por ter mudado a versão com relação a entrevista que deu e continua a mentir. Esse é o primeiro caso em que alguém vem à CPI e, em desprestígio da verdade, do Congresso e da representação política, mente. O presidente pode até decidir diferente, mas eu vou, diante do flagrante evidente, pedir a prisão de vossa senhoria", disse Renan.

A decisão de pedir a prisão do depoente deve partir do presidente da comissão, senador Omar Aziz (PSD-AM). "Ele pode decidir diferente, mas eu vou pedir, porque o espetáculo de mentiras que vimos hoje aqui é algo que não vai se repetir. Não pode servir de precedente. Vossa excelência não vai desprestigiar essa comissão parlamentar de inquérito mentindo.”, continuou Renan.

Aziz afirmou que não vai mandar prender o ex-secretário. "Não sou carcereiro de ninguém", disse. "Vossa excelência tinha falado comigo sobre a questão da prisão e eu decidi que não ia fazê-lo, e vossas excelências insistiram com isso. Eu não sou idiota", disse o presidente da CPI. "Ainda sustentei uma questão que volto a sustentar: não façam desta CPI um tribunal que vai prender as pessoas antes de serem julgadas. Todos nós aqui, políticos, já sofremos na pele a injustiça", acrescentou.

Para Renan, se Wajngarten sair "ileso" diante do "flagrante evidente", a comissão ficará enfraquecida. "É escancarar uma porta que, depois, vamos ter muita dificuldade para fechar", afirmou. "É obvio que isso vai enfraquecendo a comissão, aceitar que testemunhas venham aqui mentir dessa forma é um horror", disse o relator da CPI. Aziz insistiu na negativa. "Estou salvando a CPI", sustentou o presidente.

Mesmo sem ser integrante da comissão, o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) foi à CPI e pediu a palavra, em defesa do ex-secretário, e ofendeu o relator. "Imagina um cidadão honesto ser preso por um vagabundo como Renan Calheiros", disse. Aziz suspendeu a sessão logo após a fala do filho do presidente, porque começou a ordem do dia no plenário do Senado.

Contradições

Mais cedo, em depoimento à CPI, Wajngarten negou que tenha chamado o então ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, de "incompetente" em entrevista à revista Veja e disse não ter participado "da negociação propriamente dita" pela vacina da Pfizer, apesar de ter afirmado à publicação que "abriu as portas do Palácio do Planalto" e fez "várias reuniões" com os representantes da farmacêutica.

Pouco depois da alegação do ministro, a revista divulgou áudio do trecho da entrevista em que Wajngarten diz que "houve incompetência". O repórter pergunta se teria havido incompetência ou negligência do governo, em especial do Ministério da Saúde, no processo de compra de vacinas. "Incompetência", afirmou o ex-secretário.

Wajngarten também disse que não trabalhou em março de 2020, quando foi veiculada uma campanha contra o isolamento social, chamada “O Brasil não pode parar”, e, por isso, não tem certeza se ela foi divulgada pela Secom. “Eu não tenho certeza se ele [vídeo da campanha] é de autoria, de assinatura da Secom. Eu não sei se ele foi feito dentro da estrutura”, disse.

A senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA) insistiu no assunto. “Teve banner, que tinha a marca da Secom, que foi publicada nas redes oficiais da Secom. E, depois, elas foram retiradas do ar. O senhor afirma que essa campanha não foi feita com a concepção da Secom?”, perguntou. 

Wajngarten confirmou a data de veiculação da campanha, em março de 2020, e justificou: “Na primeira semana de março, eu fui para os Estados Unidos com o presidente e, de lá, fiquei internado em casa por causa da covid. É exatamente por isso que eu lamento não poder responder”, afirmou. Mas, em live com o deputado Eduardo Bolsonaro, na mesma época, ele garantiu que estava “trabalhando normal”.

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