(Gabriel Zapella/Cidasc/Divulgação)
Gilson Garrett Jr
Publicado em 1 de outubro de 2020 às 18h57.
Última atualização em 1 de outubro de 2020 às 19h46.
Subiu para 17 o número de estados que registraram o recebimento de sementes misteriosas vindas pelo correio de países da Ásia, sem que o destinatário tivesse pedido a encomenda. Até o momento, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) já recebeu 181 amostras.
Além do Distrito Federal, foram registrados casos em Alagoas, Amapá, Bahia, Ceará, Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Rio Grande do Norte, Rondônia, Roraima, Santa Catarina, São Paulo e Tocantins.
As primeiras encomendas apareceram no país há um mês, primeiramente vindas da China, mas há casos de remetentes da Malásia e de Hong Kong. Ainda não é possível afirmar os riscos, mas há o perigo de que o material tenha algum tipo de praga ou plantas daninhas que causem prejuízos à agricultura e ao meio ambiente.
De acordo com o Ministério da Agricultura, todo o material foi enviado para o Laboratório Federal de Defesa Agropecuária (LFDA) de Goiânia para as análises técnicas. Ainda não há prazo para a conclusão da investigação.
“A importação de vegetais sem autorização pode facilitar a entrada de pragas ou doenças que não existem ou estão erradicadas no país, além de causar prejuízos econômicos. Para evitar o risco fitossanitário, o Mapa atua no controle do e-commerce internacional com equipe dedicada a fiscalizar e impedir a entrada de material sem importação autorizada no país”, diz uma nota oficial enviada pelo governo federal.
Segundo o gerente de sanidade vegetal da Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar), Renato Blood, a orientação é para que caso receba alguma encomenda que não tenha pedido, não abra. “Se abrir, deixe no pacote original e avise as autoridades sanitárias”, diz.
Sementes misteriosas também apareceram no Canadá e nos Estados Unidos. O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA, na sigla em inglês) está investigando o caso e acredita que se trata de um golpe chamado de brushing, com o objetivo de melhorar o ranking de sites de e-commerce, como eBay e AliExpress.
Um vendedor pega os dados de endereço de uma pessoa e envia um conteúdo para o destinatário. Depois vai no site e comenta como se fosse o comprador, elogiando o serviço e recomendando para outros consumidores. Desta maneira, o perfil é impulsionado para mais vendas.
Recentemente, Amazon proibiu a venda de sementes em seu site nos Estados Unidos após pacotes misteriosos (e não solicitados) chegarem nas casas dos clientes, alguns com o endereço de origem apontando para a China.
A Embaixada da China em Brasília alertou nesta quinta-feira, dia 1º, sobre indícios de fraude verificados nos pacotes com sementes de plantas, cuja origem é suspeita, enviados ao Brasil pelos correios. Etiquetas nas embalagens continham erros, comunicou a embaixada chinesa.
"Uma verificação preliminar constatou que as etiquetas de endereçamento apresentam indícios de fraude, com erros no código de rastreamento e em outros dados", afirmou a representação diplomática da China, em nota oficial.
(Com Estadão Conteúdo)