Jair Bolsonaro: pela primeira vez, o presidente falou sobre a possibilidade de fazendeiros terem colocado fogo na Amazônia (Marcos Corrêa/PR/Flickr)
Reuters
Publicado em 22 de agosto de 2019 às 21h21.
Última atualização em 22 de agosto de 2019 às 21h23.
O presidente Jair Bolsonaro mudou o tom sobre os recentes incêndios na Floresta Amazônica em uma live numa rede social nesta quinta-feira (22), afirmando que as queimadas são prejudiciais a todos e sobre o possível envolvimento de fazendeiros.
Depois de levantar, sem provas, suspeitas contra ONGs na véspera e nesta manhã, Bolsonaro deu mais ênfase à possibilidade de envolvimento de fazendeiros nos incêndios, que disse terem "viés criminoso".
"Ajudem-nos a combater isso daí, tá certo? Você que é da região, você que é fazendeiro, há suspeita que tem produtor rural que tá, agora, aproveitando e tacando fogo geral aí. Porque as consequências vêm para todo mundo", disse o presidente.
"Que vocês querem ampliar a área de produção, tudo bem. Agora, não é dessa forma que a gente vai conseguir atingir o nosso objetivo", acrescentou.
Apesar da ênfase maior na possibilidade de envolvimento de fazendeiros nos incêndios, Bolsonaro voltou a citar as ONGs e incluiu até índios entre os suspeitos.
"Aqui tem o viés criminoso? Tem, sei que tem. Quem que pratica isso? Não sei. Os próprios fazendeiros, ONGs, seja lá o que for, índios, seja lá o que for."
Depois de o presidente francês, Emmanuel Macron, classificar nesta quinta os incêndios na região como uma emergência internacional, Bolsonaro mostrou preocupação com possíveis retaliações e disse que é preciso equilibrar a narrativa sobre o tema.
"Se o mundo resolver nos retaliar e a economia nossa bagunçar, todos vocês, repórteres, todo mundo, vai sofrer as consequências", disse. "Nós temos que ter informações. Nós temos que nos preocupar em buscar equilibrar essa narrativa de notícias sobre essa região tão rica em tudo, em minérios, em biodiversidade, em água potável, em riquezas energéticas", acrescentou.
Para o presidente, "é nisso que o mundo tá de olho" e os países que enviam recursos para preservar a floresta o fazem para atingir a soberania do Brasil. "Esses países que mandam dinheiro pra cá, não mandam por caridade. Espero que dê pra entender isso daí. Mandam pra cá com interesses de buscar atingir nossa soberania."
Por outro lado, o presidente admitiu que existe uma grave falta de recursos neste momento, a ponto de o governo não ter "condições mais de pensar em botar alguns aviões nossos na região amazônica para combater o fogo".
Já, no Twitter, Bolsonaro disse que a sugestão do presidente francês "evoca mentalidade colonialista descabida no século XXI". e lamentou que Macron busque "instrumentalizar" o assunto do Brasil e de outros países amazônicos para "ganhos políticos pessoais".
"O tom sensacionalista com que se refere à Amazônia (apelando até para fotos falsas) não contribui em nada para a solução do problema", disse Bolsonaro.
- Lamento que o presidente Macron busque instrumentalizar uma questão interna do Brasil e de outros países amazônicos p/ ganhos políticos pessoais. O tom sensacionalista com que se refere à Amazônia (apelando até p/ fotos falsas) não contribui em nada para a solução do problema.
— Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) August 22, 2019
(Com Reuters e Estadão Conteúdo)