Sei o que é viver em favela, diz Marina em São Paulo
Durante campanha em Paraisópolis, Marina reforçou que há a comunidade real e a fantasiosa
Da Redação
Publicado em 1 de outubro de 2014 às 13h14.
São Paulo - A candidata do PSB à Presidência, Marina Silva , disse nesta quarta-feira, 1º, em Paraisópolis, na zona sul de São Paulo, que sabe como é viver em uma favela. "Eu sei o que é morar em uma comunidade, das dificuldades que vocês vivem. Sei pelo compromisso de uma vida", afirmou. "A comunidade não é folha em branco, tem ideias, tem projetos. Até os 16 anos eu era analfabeta, morava na floresta".
Marina reforçou que há a comunidade real e a fantasiosa, que aparece nos programas de TV do governo. "No dia 5 vocês vão escolher entre o Brasil de fantasia da propaganda e o Brasil real", afirmou. Marina criticou o governo Dilma Rousseff (PT) por não ter entregado o hospital e as creches prometidos à região. Segundo a ex-ministra, Dilma entregou apenas 417 creches das 6 mil prometidas e nenhuma na comunidade de Paraisópolis.
Ao fim do discurso, lembrada pelo vice Beto Albuquerque, reforçou que não acabará com o Bolsa Família, "como dizem alguns". Prometeu não apenas seguir com o programa, como ampliá-lo para atender a 4 milhões de família que estão na fila.
Disse também que o programa tem de melhorar para que novas gerações não dependam dele. "Temos que sair da doação, como se fôssemos folha em branco, para a conquista", afirmou.
"Vamos fazer mais: educação de qualidade, para que as filhas e filhos do Bolsa Família não virem as novas mães e pais do Bolsa Família. A gente pode até ter vida difícil, mas a gente quer dar vida melhor pros nossos filhos", disse a Marina.
Em um discurso com tom emocional e energia, apesar da evidente rouquidão, a candidata destacou suas propostas do passe livre estudantil e de destinar 10% da arrecadação bruta para educação.
Paraisópolis recebeu Marina na manhã desta quarta-feira com apresentações da orquestra e do balé da comunidade. As atividades foram organizadas pelo candidato a deputado federal pelo PPL Miguel Manso e pelo líder comunitário Gilson Rodrigues, que é candidato a deputado estadual pelo mesmo partido de Manso. O PPL é uma das legendas que compõem a coligação de apoio a Marina.
A candidata assistiu atenta à apresentação musical dos jovens e, após a dança das meninas do balé, brincou sobre o penteado das bailarinas mirins: "Estou me sentindo em casa com tanto coque, estou felicíssima".
Como em outras ocasiões, Marina foi recebida como celebridade. Pessoas tiram fotos e filmam com celulares. Questionadas pela reportagem, pessoas que agitavam as bandeiras da campanha disseram não ter recebido qualquer pagamento e afirmaram participar voluntariamente. Alguns, contudo, são ligados à equipe de campanha do candidato Gilson.
Diversas pessoas citaram o candidato morto na tragédia aérea de 13 de agosto, Eduardo Campos, que havia visitado a comunidade no início da campanha. Foram ouvidos gritos de "Eduardo presente, Marina presidente", além da música composta por Gilberto Gil para a candidata. Está prevista uma entrevista coletiva com a candidata.