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Secretário atribui caos a divergências entre sindicalistas

Para Jilmar Tatto, movimento prejudicou ontem cerca de 300 mil pessoas e hoje se concentra principalmente nas zonas norte, oeste e em alguns locais da zona sul


	Jilmar Tatto: "É cedo para dizer o que está por trás, mas dá para perceber divergências no sindicato. Um setor não concordou com o dissídio", disse o secretário
 (José Cruz/ABr)

Jilmar Tatto: "É cedo para dizer o que está por trás, mas dá para perceber divergências no sindicato. Um setor não concordou com o dissídio", disse o secretário (José Cruz/ABr)

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Da Redação

Publicado em 21 de maio de 2014 às 14h53.

São Paulo - O secretário dos Transportes, Jilmar Tatto, disse durante entrevista coletiva hoje (21), na sede da prefeitura, que o movimento que impediu motoristas e cobradores de ônibus de trabalharem normalmente ontem (20) é causado por um setor minoritário ligado ao sindicato.

Segundo ele, o sindicato da categoria é historicamente uma entidade com problemas, pois não há hegemonia política entre os grupos.

"Pelas informações que temos e pelo comportamento dos manifestantes isso não é atitude do sindicato. O grande problema é que não há um interlocutor. É cedo para dizer o que está por trás, mas dá para perceber divergências no sindicato. Um setor não concordou com o dissídio. É mais uma disputa dentro do sindicato do que outra coisa. Queremos crer que não seja política", disse Tatto.

Segundo ele, o movimento prejudicou ontem cerca de 300 mil pessoas e hoje se concentra principalmente nas zonas norte e oeste e permanece em alguns terminais da zona sul.

Na zona leste não há paralisação. "Estamos em contato direto com o sindicato dos condutores e as SPUrbanuss [Sindicato das Empresas de Transporte Coletivo Urbano de Passageiros de São Paulo], que é a entidade dos empresários."

O presidente do sindicato da categoria, Valdevan de Jesus Santos, manifestou a expectativa de que haja uma solução ainda hoje.

Ele se declarou surpreso com o retorno de um grupo à greve, afirmando que a aprovação do acordo que prevê reajuste salarial de 10% foi aprovada, em assembleia.

Ontem, em um movimento surpresa, motoristas e cobradores de ônibus fecharam 16 dos 28 terminais, deixando passageiros sem ter como voltar para casa ou ir ao trabalho.

O trânsito bateu recorde de congestionamento no ano, chegando a 261 quilômetros às 19h.

Na tarde de hoje, às 15h, prefeitura e Secretaria de Segurança Pública do estado reúnem-se para discutir de que maneira a Polícia Militar poderá agir em relação aos protestos e a obstrução das vias.

"Se tem uma via obstruída a Polícia Militar tem poder de agir e se houver alguma resistência ou violência cabe à polícia interferir", explicou o secretário.

Por causa da continuidade do ato, o rodízio foi suspenso na tarde de hoje, assim como ocorreu ontem. O secretário disse ainda que o Sistema Paese não foi acionado nessa terça-feira por falta de frota, pois normalmente usa veículos de outras linhas ou reservas.

Tatto informou que durante a manhã a SPUrbanuss e o sindicato dos condutores participaram de uma reunião na Delegacia Regional do Trabalho (DRT), que foi adiada.

Um representante do órgão iria até a garagem da Santa Brígida, empresa que desencadeou o ato, para tentar dialogar com um dos diretores do sindicato, que fica na garagem.

A SPTrans também já acionou a DRT para verificar se há algum mecanismo jurídico para decretar o movimento ilegal.

O secretário enfatizou ainda que a prefeitura não interfere nas relações de trabalho entre empresa e funcionários nem nas negociações salariais, mas que acompanha a situação por ter contrato com as prestadoras de serviço. "O sindicato e a empresa chegaram a um acordo e a nós não compete interferir na negociação entre patrão e empregado. E vai continuar assim, senão não tem sentido termos concessão."

O secretário dos Transportes cogitou a possibilidade de punição para as empresas que não estão encontrando meios de garantir que o serviço seja prestado. "Há um contrato de concessão e esse contrato tem que ser cumprido e a empresa tem que garantir meios para isso. Se há alguma dificuldade eles têm que agir por isso. Por isso fomos para a DRT, porque a prefeitura tem que forçar a garantia do serviço".

Ele falou ainda que a administração municipal tem pedido que a polícia investigue para encontrar os responsáveis pelo transtorno. "A polícia às vezes vê o ônibus na via e não tira. Tem que ir lá e tirar. A CET [Companhia de Engenharia de Tráfego] pode remover os veículos, mas nem sempre consegue quando é ato de vandalismo."

O prefeito Fernando Haddad deve se pronunciar sobre a situação no final da tarde.

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