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Santos Cruz vira alvo da ala olavista do governo; Villas Bôas se manifesta

Atrito com o ministro teve como estopim entrevista dada há um mês; ex-comandante do Exército diz que Olavo é "trotski da direita" com "vazio existencial"

General Santos Cruz: como ministro, mira conter os gastos públicos e impedir a corrupção (Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)
CC

Clara Cerioni

Publicado em 6 de maio de 2019 às 12h26.

Última atualização em 6 de maio de 2019 às 16h46.

São Paulo — Um novo capítulo de embate entre a ala militar e os simpatizantes de Olavo de Carvalho que atuam no governo de Jair Bolsonaro está em curso. O alvo da vez é o ministro da Secretaria de Governo, Carlos Alberto Santos Cruz.

A movimentação começou quando o humorista Danilo Gentili sugeriu no Twitter que Santos Cruz estaria de olho em "controlar a mídia", por conta de uma entrevista que concedeu há um mês para a Rádio Jovem Pan.

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Na ocasião, o ministro da Secom comentou sobre a necessidade de evitar distorções na internet. Para ele, é necessário ter cuidado com a sua utilização, evitando ataques e o seu uso como "arma de discórdia".

"As distorções e os grupos radicais, sejam eles de uma ponta ou de outra, da ponta leste ou da ponta oeste, isso aí tem que ser tomado muito cuidado, tem que ser disciplinado. A própria legislação tem de ser melhorada", afirmou na entrevista.

Logo depois, o filósofo Olavo de Carvalho também começou a direcionar duras críticas ao general. Durante todo o dia, a hashtag #ForaSantosCruz ficou entre os assuntos mais comentados no Twitter.

Neste domingo (5), o próprio presidente Bolsonaro fez uma publicação em seu Twitter defendendo a liberdade das mídias. "Quem achar o contrário recomendo um estágio na Coreia do Norte ou Cuba", disse.

Os filhos de Bolsonaro também aderiram às críticas. O deputado federal Eduardo Bolsonaro fez publicações dizendo que a tentativa de controlar a mídia veio dos governos petistas.

Responsável pela articulação política e a publicidade, Santos Cruz faz um dos trabalhos mais delicados do governo. Sua atuação é questionada por ele travar manifestações mais incisivas de Bolsonaro nas redes.

Desautorização na publicidade

O desafeto de parte da equipe do governo Bolsonaro com Santos Cruz tem envolvimento com a decisão do ministro em revogar portaria que determinava aprovação do Planalto para peças publicitárias das estatais.

A decisão havia sido tomada após o presidente desautorizar uma propaganda do Banco do Brasil, marcada pela diversidade.

Na semana passada, como revelou a TV Globo, o Palácio do Planalto disparou um comunicado a estatais dizendo que, "em atendimento à decisão estratégica de maximizar o alinhamento de toda ação de publicidade do poder Executivo federal”, o conteúdo de todas as ações publicitárias, “inclusive de natureza mercadológica” deverá ser submetido para “conformidade prévia” da Secom. O texto foi assinado pelo secretário de Publicidade e Promoção da secretaria, Glen Lopes Valente.

Logo depois, contudo, a Secretaria de Governo divulgou um novo comunicado afirmando que a determinação contida no e-email não havia respeitado a Lei de Estatais, que determina, entre outras disposições, que as empresas têm autonomia para decidir sobre suas peças publicitárias e comunicação.

"A Secom, ao emitir o e-mail veiculado, não observou a Lei das Estatais, pois não cabe à Administração Direta intervir no conteúdo da publicidade estritamente mercadológica das empresas estatais", disse o ministério.

Após a divulgação dessa nota, a Secom distribuiu um comunicado confirmando o erro ao enviar o e-mail às estatais.

Na manhã desta segunda-feira (06), o ex-comandante do Exército brasileiro e membro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), General Villas Bôas, também foi ao Twitter para criticar os ataques de Olavo de Carvalho, chamado de "trotski de direita":

Acompanhe tudo sobre:BB – Banco do BrasilEduardo BolsonaroEmpresas estataisGoverno BolsonaroJair BolsonaroOlavo de Carvalho

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