Salles pede recomposição de R$ 270 milhões no orçamento do Meio Ambiente
A sanção do orçamento, com um corte de R$ 240 milhões nas ações ambientais, foi feita um dia depois de Bolsonaro prometer que iria dobrar os repasses públicos para as áreas de fiscalização
Estadão Conteúdo
Publicado em 24 de abril de 2021 às 19h06.
Última atualização em 24 de abril de 2021 às 19h21.
Após críticas sobre a redução do orçamento do Ministério do Meio Ambiente , com cortes drásticos no Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e no Instituto Chico Mendes de Biodiversidade (ICMBio), o ministro Ricardo Salles divulgou um ofício nas redes sociais no qual ele pede ao chefe da Economia, Paulo Guedes, a recomposição de R$ 270 milhões para seus programas em 2021. Na publicação não há, no entanto, qualquer indicativo de onde o governo poderá transferir esse valor.
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O montante pedido por Salles é divido em R$ 72 milhões para o ICMBio, R$ 56 milhões de recomposição orçamentária para o Ibama e outros R$ 142 milhões para reforço adicional para ações de fiscalização também do Ibama.
"Formalizamos a recomposição do orçamento e a duplicação da verba da fiscalização conforme determinado pelo PR @jairbolsonaro e já de acordo com nosso PG", escreveu Salles no Twitter.
Apesar de afirmar ser a formalização da recomposição, o documento publicado por ele é um pedido a Guedes e não a concretização do reforço ao caixa do Meio Ambiente.
"A suplementação proposta no quadro acima complementa as atividades de fiscalização, prevenção e combate ao desmatamento ilegal e aos incêndios florestais e monitoramento ambiental, além da manutenção de Unidades de Conservação - Ucs", diz o documento divulgado por Salles.
A sanção do orçamento, com um corte de R$ 240 milhões nas ações ambientais, foi feito um dia depois de o presidente Jair Bolsonaro prometer a líderes de 40 países que iria dobrar os repasses públicos para as áreas de fiscalização. Os vetos publicados por Bolsonaro afetam programas cruciais que são tocados pelo Ibama e pelo ICMBio, os dois órgãos federais que cumprem a missão de proteger o meio ambiente.
Ontem, conforme publicou o Estadão, Salles havia dito que o governo iria encontrar uma forma de recompor os recursos. A promessa era garantir para 2021 o mesmo orçamento geral que os dois órgãos receberam em 2020. Dessa forma, não haveria corte em relação ao ano passado. Paralelamente, seriam adicionados R$ 135 milhões para bancar ações específicas de fiscalizações nos dois órgãos ligados ao MMA. Essa remessa teria o propósito de atender o que Bolsonaro prometeu ao mundo na conferência do clima: dobrar os repasses da fiscalização.
O ICMBio recebeu R$ 249 milhões no ano passado. Para igualar o número neste ano, precisa dos R$ 72 milhões pedido por Salles a Guedes, porque, neste momento, conta com apenas R$ 170 milhões disponíveis. No Ibama, o orçamento de 2020 foi de R$ 1,706 bilhão. Para este ano, porém, o que está previsto são R$ 1,650 bilhão, uma redução de R$ 56 milhões. Nos dois órgãos, portanto, são necessários R$ 128 milhões para, pelo menos, igualar os repasses de 2020 e garantir, minimamente, uma operação básica.
Além desse recurso, é preciso que o governo tire da cartola mais R$ 142 milhões para cumprir a promessa de dobrar o montante destinado, especificamente, às ações de fiscalização tocadas pelo Ibama e ICMBio.