Sai floresta, entra pá — 6 dados sobre uso da terra no País
Você já se perguntou como andam as vastas terras e áreas verdes do Brasil? Estudo inédito do IBGE mostra
Vanessa Barbosa
Publicado em 25 de setembro de 2015 às 10h12.
Última atualização em 13 de setembro de 2016 às 14h31.
São Paulo - É fato que as atividades agrícolas , pecuárias e industriais são um pilar importante da economia brasileira, garantindo a expansão da oferta de alimentos e de bens materiais. Mas elas também geram diversos impactos negativos ao meio ambiente , como a poluição das águas , o desmatamento , a erosão do solo, entre outros eventos que afetam, de alguma forma, a qualidade de vida das populações. E aí temos uma conta que não fecha: a utilização e, por vezes, a degradação dos recursos naturais acarretam perdas de ativos ambientais que não são contabilizadas no cálculo das riquezas (PIB) produzidas pelo país. Em um esforço inédito de contabilizar essas perdas, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ( IBGE ) mapeou as mudanças na cobertura e uso da terra no Brasil ao longo dos últimos 12 anos. Divulgado nesta sexta-feira (23), o estudo busca viabilizar, entre outros objetivos, a organização de uma contabilidade ambiental, que figure nas contas nacionais, e represente um um importante instrumento de suporte e orientação às ações e à tomada de decisão dos gestores públicos. As análises se dividem em dois períodos - de 2000 a 2010 e de 2010 a 2012 - e utilizaram dados de satélite de diferentes resoluções espaciais associadas a informações complementares. Segundo o IBGE, o estudo, que se insere no contexto das conferências mundiais sobre meio ambiente, deverá monitorar as mudanças na cobertura e uso da terra do Brasil a cada dois anos, possibilitando comparações internacionais. Veja nos slides o que mudou na terra do país em 12 anos.
Entre os anos de 2000 e 2010, o crescimento das áreas de pastagem plantada (38,8% ou cerca de 240.600 km²), destinadas à pecuária, foi significativamente maior que o incremento de áreas agrícolas (19,2% ou aproximadamente 77.700 km2). Vale lembrar que a maior parte das pastagens naturais se utiliza de áreas dos biomas Cerrado, Caatinga e Pampas. No mesmo período, a proporção de diminuição da vegetação florestal (-7,2% ou 254.200 km2) foi equivalente à perda na área de pastagem natural (-7,7% ou 158.700km2). Ao longo destes dez anos, todas as alterações de uso e cobertura da ocorreram em cerca de 7% da área do território nacional.
O período de 2000 a 2010 foi de grandes perdas para as florestas, sendo a expansão agrícola responsável por mais da metade dos desflorestamentos (65% ou 236.600 km²), como mostra este gráfico do IBGE. O segundo processo foi a expansão das pastagens plantadas, que gerou 35% das perdas de floresta, ou 127.200km².
Nas chamadas pastagens naturais, que são áreas naturalmente ocupadas por vegetação campestre, tanto a expansão agrícola (89.500 km2) quanto a expansão das pastagens plantadas (89.780 km2) foram responsáveis pela redução da cobertura, já que cada um dos processos apresentou taxa de 48%. Na soma, as mudanças nas áreas de pastagem natural representam 2% do território nacional. Por definição, vegetação plantada é toda área predominantemente ocupada por cultivos e sujeitas a forte interferência humana, como limpeza da terra.
No período de 2010 a 2012, as alterações de cobertura e uso da terra atingiram 3,5% do território nacional, a metade do observado no período de 2000 a 2010 (7,0%), indicando uma aceleração nos processos de mudanças na cobertura e uso da terra. Diferentemente do período de comparação anterior, de 2010 para 2012 a perda percentual de área de pastagem natural (-7,8% ou 149.670 km2) foi quatro vezes maior que a área de vegetação florestal (1,8% ou 59.230 km2). Na prática, o desmate aumentou no Cerrado, bioma tido como o berço das águas, onde estão localizados três grandes aquíferos - Guarani, Bambuí e Urucuia.
No período 2010-2012, a expansão agrícola novamente foi a responsável pela maior parte do desflorestamento (68% ou 77.520 km2), seguido pela expansão das pastagens plantadas (28% ou 32.120 km2).
Estes dois processos também foram os principais responsáveis pela redução das pastagens naturais, sendo que a expansão agrícola respondeu por 65% (101.710 km2) desta alteração, contra os 48% do período anterior, o que representa um incremento significativo. A expansão de pastagem plantada foi responsável por apenas 32% (50.240 km2) da retração das pastagens naturais.
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