Rodrigo Maia: “se não aprovar até novembro, reforma não sai”
Presidente da Câmara avaliou o cenário político para a reforma da Previdência no EXAME Fórum, em São Paulo
Luiza Calegari
Publicado em 4 de setembro de 2017 às 10h44.
Última atualização em 7 de dezembro de 2018 às 15h31.
São Paulo – O presidente da Câmara, Rodrigo Maia , que exerce a presidência do Brasil enquanto Michel Temer está em viagem à China, afirmou que a janela de aprovação da reforma da Previdência deve ser o momento da tramitação na Câmara.
“O momento é quando tramitar. Ou vai aprovar em outubro, em novembro, ou não vai aprovar”, disse Maia em palestra no EXAME Fórum , em São Paulo.
Ele destacou, no entanto, que a maior insegurança em relação às reformas não é o prazo, mas sim a coesão da base para aprovar o projeto.
“Hoje temos menos votos do que já tivemos, o grande problema é aprovar. Mas é muito incerto, quando começamos a discussão sobre a Previdência não tínhamos nem 200 votos; chegamos a ter 300, mas hoje temos menos de 200 de novo. Então ninguém sabe”, afirmou Maia.
A maior ameaça à tramitação da reforma da Previdência é a possibilidade de que o procurador-geral da República Rodrigo Janot apresente uma segunda denúncia contra Michel Temer, que teria que ser apreciada pelos deputados.
Questionado em relação a isso pelo diretor de redação de EXAME, André Lahóz Mendonça de Barros, o presidente da Câmara respondeu que é preciso “separar” as incertezas políticas do governo de uma agenda de reformas da Câmara.
“A Câmara precisa ter uma agenda de reformas permanente, independente das denúncias. Quando elas chegarem a gente vai dar andamento, a tramitação é relativamente curta, são 10 sessões para o presidente se defender, depois os deputados votam. O importante é que se encerre. Claro, respeitando a determinação da procuradoria, se os deputados acharem que tem fundamento ela vai para a frente, ou podem achar que não, como já aconteceu a primeira vez”, argumentou.
O futuro do DEM
André Lahóz Mendonça de Barros também questionou Rodrigo Maia sobre os planos de seu partido, o Democratas, no horizonte das eleições de 2018.
Maia afirmou que "todo partido quer liderar", argumentando que, talvez, as brigas no PSDB abram espaço para uma nova liderança na centro-direita brasileira.
O deputado ainda arriscou um diagnóstico sobre o cenário eleitoral do próximo ano:
"Com Lula candidato, ele só vai ter a opção de radicalizar o discurso à esquerda. Quem quiser enfrentá-lo num espectro de polarização deve ficar de fora do segundo turno. O que eu vejo é que a sociedade vai preferir alguém do centro, querendo dizer com isso aberto ao diálogo, e o DEM está disposto a fazer isso. Sem abrir mão dos nossos valores, que são liberais, queremos ser a alternativa do diálogo, inclusive com a esquerda".
Estado menor
No evento, o presidente da Câmara defendeu a diminuição do Estado e o protagonismo da iniciativa privada na recuperação da crise econômica. Ele foi aplaudido ao afirmar que é preciso rever os critérios de estabilidade do funcionalismo público.
“Em algumas áreas faz sentido, mas em outras o funcionário público não precisa de estabilidade. Eu disse a jovens em uma palestra no interior do Estado que as próximas legislaturas serão de reorganização do Estado brasileiro, e nós precisamos ter coragem de enfrentar essas questões”.
Ele acrescentou ainda, sobre as privatizações anunciadas pelo governo, que elas não devem ser realizadas para diminuir o déficit público.
“Temos que privatizar porque acreditamos que o setor privado é mais eficiente que o setor público, não para cobrir o rombo do Estado. Se for feito nessa lógica, vamos vender barato, e o déficit vai voltar no ano que vem”.