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Rio teria mais dificuldade agora sediar Olimpíada, diz Paes

Uma candidatura do Rio de Janeiro teria mais dificuldades hoje para ganhar o direito de sediar a Olimpíada devido ao cenário atual de crise, diz Paes

Eduardo Paes (PMDB), prefeito do Rio de Janeiro: "se você perguntar seria mais difícil pelo momento que se vive agora no Brasil do que se vivia" (J.P. Engelbrecht/PMRJ)
DR

Da Redação

Publicado em 21 de julho de 2016 às 21h23.

Rio de Janeiro - Uma candidatura do Rio de Janeiro teria mais dificuldades hoje para ganhar o direito de sediar a Olimpíada devido ao cenário atual de crise política e econômica do país, mas a preparação para os Jogos de 2016 não foi prejudicada e a cidade merece medalha de ouro pelo trabalho feito para o evento, disse nesta quinta-feira à Reuters o prefeito Eduardo Paes.

Ao contrário da euforia decorrente do crescimento econômico e do aumento de influência internacional vivida em 2009 quando o Rio bateu Madri, Chicago e Tóquio na eleição do Comitê Olímpico Internacional (COI) pelos Jogos de 2016, o Brasil vive atualmente a pior recessão econômica das últimas décadas, atravessa um processo de impeachment presidencial e ainda convive com a maior investigação de corrupção da história.

Dentro dessa conjuntura, o governo do Estado do Rio de Janeiro declarou estado de calamidade pública no mês passado em razão da falta de recursos, dizendo que a situação poderia ocasionar um colapso na segurança pública antes da Olimpíada.

Esse quadro, segundo Paes, tornaria mais complicado para o Brasil conquistar a confiança do COI para trazer os Jogos Olímpicos pela primeira vez para a América do Sul.

"Acho que sim... Se você perguntar seria mais difícil pelo momento que se vive agora no Brasil do que se vivia, talvez fosse mais difícil vencer, mas fomos naquele momento e vencemos", disse Paes em entrevista à Reuters em seu gabinete.

"A própria crise política e a própria crise econômica não atrapalharam em nada a preparação da Olimpíada. Não mesmo, porque a gente conseguiu construir um modelo que tivesse menos interferência dessas crises que aconteceram".

A 15 dias da cerimônia de abertura no Maracanã, Paes comemora uma preparação olímpica que afirma ter sido "muito acima das expectativas", em que foram tirados do papel diversos projetos de transporte urbano, a longamente aguardada revitalização da região portuária e a construção de arenas esportivas com 60 por cento de investimento privado.

As críticas enfrentadas durante a preparação, como os temores relacionados ao surto do vírus da Zika, foram apontados pelo prefeito como fatores externos que não tiveram relação direta com a preparação. Para ele, a Olimpíada conseguiu evitar a onda de críticas que marcou, por exemplo, a preparação para a Copa do Mundo de 2014, graças ao sucesso da organização.

“São fatores externos que chamam atenção. A gente reclama da Zika, que é no Brasil inteiro. A questão da segurança está no mundo inteiro", afirmou Paes, que elogiou a operação da Polícia Federal deflagrada nesta quinta-feira contra um grupo suspeito de preparar atos terroristas na Olimpíada do Rio.

AGENDA MENOS OLÍMPICA

De acordo com Paes, a Olimpíada atualmente já deixou de ocupar tanto tempo da sua agenda como ocorreu durante o auge da preparação olímpica, uma vez que a maior parte das obrigações da Prefeitura foi entregue e agora cabe ao comitê organizador Rio 2016 a operação dos Jogos.

A última reunião semanal de terça-feira das autoridades municipais envolvidas na preparação dos Jogos teve apenas um item na pauta --uma questão de mobilidade em Deodoro-- e durou apenas cinco minutos, disse.

"A preparação de uma Olimpíada parece com a de um atleta; bater um recorde, superar uma meta, ir além. Para a cidade foi assim também, para ganhar a medalha de ouro, e acho que merecemos medalha de ouro", afirmou.

"As coisas saíram muito melhor do que eu esperava. Se eu for olhar para os Jogos Olímpicos em si, para a organização dos Jogos, para as coisas como foram, tudo caminhou com muita tranquilidade. Acho que a gente fez tudo certo... foi muito acima das minhas expectativas", disse Paes, que acrescentou ser muito melhor ter sido o prefeito do Rio durante a preparação dos Jogos devido às oportunidades que o evento representou.

Apesar da visão positiva e do otimismo de Paes, que deixará a Prefeitura no final do ano após dois mandatos, o Rio sofreu nos últimos meses um aumento nos índices de violência, inclusive em áreas com presença das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) que foram decisivas para a vitória da cidade na eleição de 2009 no COI.

Além disso, deixou-se de cumprir a promessa de despoluir 80 por cento do esgoto lançado na Baía de Guanabara para a Olimpíada e ainda não foi inaugurada uma nova linha de metrô fundamental para a Olimpíada --dois projetos sob a responsabilidade do governo estadual.

Segundo Paes, o metrô já está pronto e apenas não foi aberto ainda devido à realização da etapa final de testes, mas não há risco de que não seja inaugurado a tempo para os Jogos, que começam em 5 de agosto. O prefeito afirmou, inclusive, que o plano B montado pela prefeitura para a eventualidade de a obra não ficar pronta já foi totalmente descartado.

"A gente tinha plano B para tudo, e a medida que vai ficando pronto a gente larga", disse. "Se por acaso der problema temos uma contingência emergencial para usar", acrescentou, citando como possível exemplo de problema uma falha no fornecimento de energia.

Paes, que recentemente fez manchetes por declarações polêmicas sobre os Jogos, como a crítica aberta ao governo do Estado pelos problemas de segurança, reconheceu ter vivido momentos de irritação e estresse com a responsabilidade da preparação para os Jogos, mas garantiu estar atualmente tranquilo com o trabalho feito.

"Estou até começando a ficar de bom humor com a Olimpíada."

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Ao contrário da euforia decorrente do crescimento econômico e do aumento de influência internacional vivida em 2009 quando o Rio bateu Madri, Chicago e Tóquio na eleição do Comitê Olímpico Internacional (COI) pelos Jogos de 2016, o Brasil vive atualmente a pior recessão econômica das últimas décadas, atravessa um processo de impeachment presidencial e ainda convive com a maior investigação de corrupção da história.

Dentro dessa conjuntura, o governo do Estado do Rio de Janeiro declarou estado de calamidade pública no mês passado em razão da falta de recursos, dizendo que a situação poderia ocasionar um colapso na segurança pública antes da Olimpíada.

Esse quadro, segundo Paes, tornaria mais complicado para o Brasil conquistar a confiança do COI para trazer os Jogos Olímpicos pela primeira vez para a América do Sul.

"Acho que sim... Se você perguntar seria mais difícil pelo momento que se vive agora no Brasil do que se vivia, talvez fosse mais difícil vencer, mas fomos naquele momento e vencemos", disse Paes em entrevista à Reuters em seu gabinete.

"A própria crise política e a própria crise econômica não atrapalharam em nada a preparação da Olimpíada. Não mesmo, porque a gente conseguiu construir um modelo que tivesse menos interferência dessas crises que aconteceram".

A 15 dias da cerimônia de abertura no Maracanã, Paes comemora uma preparação olímpica que afirma ter sido "muito acima das expectativas", em que foram tirados do papel diversos projetos de transporte urbano, a longamente aguardada revitalização da região portuária e a construção de arenas esportivas com 60 por cento de investimento privado.

As críticas enfrentadas durante a preparação, como os temores relacionados ao surto do vírus da Zika, foram apontados pelo prefeito como fatores externos que não tiveram relação direta com a preparação. Para ele, a Olimpíada conseguiu evitar a onda de críticas que marcou, por exemplo, a preparação para a Copa do Mundo de 2014, graças ao sucesso da organização.

“São fatores externos que chamam atenção. A gente reclama da Zika, que é no Brasil inteiro. A questão da segurança está no mundo inteiro", afirmou Paes, que elogiou a operação da Polícia Federal deflagrada nesta quinta-feira contra um grupo suspeito de preparar atos terroristas na Olimpíada do Rio.

AGENDA MENOS OLÍMPICA

De acordo com Paes, a Olimpíada atualmente já deixou de ocupar tanto tempo da sua agenda como ocorreu durante o auge da preparação olímpica, uma vez que a maior parte das obrigações da Prefeitura foi entregue e agora cabe ao comitê organizador Rio 2016 a operação dos Jogos.

A última reunião semanal de terça-feira das autoridades municipais envolvidas na preparação dos Jogos teve apenas um item na pauta --uma questão de mobilidade em Deodoro-- e durou apenas cinco minutos, disse.

"A preparação de uma Olimpíada parece com a de um atleta; bater um recorde, superar uma meta, ir além. Para a cidade foi assim também, para ganhar a medalha de ouro, e acho que merecemos medalha de ouro", afirmou.

"As coisas saíram muito melhor do que eu esperava. Se eu for olhar para os Jogos Olímpicos em si, para a organização dos Jogos, para as coisas como foram, tudo caminhou com muita tranquilidade. Acho que a gente fez tudo certo... foi muito acima das minhas expectativas", disse Paes, que acrescentou ser muito melhor ter sido o prefeito do Rio durante a preparação dos Jogos devido às oportunidades que o evento representou.

Apesar da visão positiva e do otimismo de Paes, que deixará a Prefeitura no final do ano após dois mandatos, o Rio sofreu nos últimos meses um aumento nos índices de violência, inclusive em áreas com presença das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) que foram decisivas para a vitória da cidade na eleição de 2009 no COI.

Além disso, deixou-se de cumprir a promessa de despoluir 80 por cento do esgoto lançado na Baía de Guanabara para a Olimpíada e ainda não foi inaugurada uma nova linha de metrô fundamental para a Olimpíada --dois projetos sob a responsabilidade do governo estadual.

Segundo Paes, o metrô já está pronto e apenas não foi aberto ainda devido à realização da etapa final de testes, mas não há risco de que não seja inaugurado a tempo para os Jogos, que começam em 5 de agosto. O prefeito afirmou, inclusive, que o plano B montado pela prefeitura para a eventualidade de a obra não ficar pronta já foi totalmente descartado.

"A gente tinha plano B para tudo, e a medida que vai ficando pronto a gente larga", disse. "Se por acaso der problema temos uma contingência emergencial para usar", acrescentou, citando como possível exemplo de problema uma falha no fornecimento de energia.

Paes, que recentemente fez manchetes por declarações polêmicas sobre os Jogos, como a crítica aberta ao governo do Estado pelos problemas de segurança, reconheceu ter vivido momentos de irritação e estresse com a responsabilidade da preparação para os Jogos, mas garantiu estar atualmente tranquilo com o trabalho feito.

"Estou até começando a ficar de bom humor com a Olimpíada."

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