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Rio não será Londres até 2016, diz Paes

Olimpíada precisará de uma operação "sofisticada" para superar as fragilidades de infraestrutura da cidade, disse o prefeito carioca

Presidente Dilma acompanhada por atletas e pelo prefeito Eduardo Paes (Cadu Gomes/Reuters)
DR

Da Redação

Publicado em 23 de agosto de 2012 às 21h56.

Rio de Janeiro - A Olimpíada de 2016 vai ser realizada dentro das limitações do Rio de Janeiro, sem a mesma oferta ampla de mobilidade dos Jogos de Londres, e precisará de uma operação "sofisticada" para superar as fragilidades de infraestrutura da cidade, disse o prefeito carioca, Eduardo Paes.

É padrão para as autoridades olímpicas e dos países-sedes dos Jogos dizer que a última Olimpíada é sempre a "melhor de todos os tempos", mas a primeira cidade sul-americana a receber os Jogos Olímpicos reconhece que Londres está em um outro patamar em termos de infraestrutura.

O Rio de Janeiro não terá condições de, em quatro anos, chegar ao mesmo nível de preparação da capital britânica, segundo Paes.

Linhas expressas de ônibus estão sendo construídas --a primeira delas já está em operação-- e o metrô será ampliado até a Barra da Tijuca, o epicentro dos Jogos de 2016.


Mas o Rio vai depender das faixas exclusivas de trânsito para a "família olímpica" e da redução no ritmo da cidade, com a implementação de feriados e férias escolares para não sofrer um colapso na mobilidade, uma vez que muitas ligações continuarão sendo restritas, apesar da nova infraestrutura de transporte.

"Temos que aprender a operar com o que a gente tem. O nosso desafio é maior, a gente tem uma infraestrutura muito pior que a deles (Londres), não teremos uma infraestrutura igual à deles em 2016", disse o prefeito em entrevista à Reuters em seu gabinete.

"Teremos (uma infraestrutura) muito melhor do que hoje, mas teremos que fazer uma operação muito mais sofisticada devido às nossas fragilidades de infraestrutura", afirmou o prefeito.

Paes reconhece que Londres é uma cidade que está "em outro patamar", com mais infraestrutura, com uma rede de metrô já instalada.

"A gente não vai virar Londres até 2016", afirmou o prefeito, que recebeu a bandeira olímpica na cerimônia de encerramento dos Jogos de Londres, no dia 12 de agosto.

As quatro linhas de BRT (Bus Rapid Transit) que serão feitas para os Jogos foram a solução encontrada pelo Rio para melhorar a integração entre as regiões da cidade, incluindo o aeroporto internacional e a Barra da Tijuca, uma vez que as duas linhas de metrô têm alcance limitado e já operam superlotadas nos horários de pico.

A ligação mais rápida entre a zona sul e o Parque Olímpico da Barra, no entanto, será pela linha olímpica de trânsito, que não permite a passagem de carros comuns e ameaça piorar os congestionamentos. Outra importante ligação a ser realizada pela faixa exclusiva será entre a Vila de Mídia --acomodação principal dos jornalistas, que vai ser erguida na região portuária-- e a Barra.

Em Londres, além da linha olímpica, o público e todos os participantes do movimento olímpico tinham à disposição 11 linhas de metrô, um serviço de trens urbanos e um trem de alta velocidade inaugurado para os Jogos que liga o centro da cidade com o Parque Olímpico em apenas sete minutos.

"Como membro da família olímpica eu tinha um carro à disposição em Londres, mas preferia andar de metrô. Era mais fácil, mais rápido e mais confortável", disse Paes, reconhecendo que no Rio não vai existir a mesma facilidade.


"Falta muita coisa para fazer, ninguém está dizendo que viramos o paraíso na terra porque não seria verdade dizer isso."

Celebração - O prefeito, que é candidato à reeleição este ano e se vencer terá um segundo mandato até o fim de 2016, aponta Barcelona como o exemplo de cidade olímpica que o Rio quer seguir.

Foi inspirado no modelo da capital catalã, que é considerada a cidade que até hoje mais soube tirar proveito dos Jogos Olímpicos para evoluir, que Paes propôs ao Comitê Olímpico Internacional (COI) levar parte dos Jogos para a região portuária, que vai passar por um processo de total reformulação.

Como o projeto olímpico vencedor do Rio na eleição de 2009 não incluía o porto, não foi possível levar o centro de mídia e algumas instalações esportivas para a região portuária. Apenas a Vila da Mídia será erguida no local, que já está em obras e vai receber também navios de cruzeiro que servirão de acomodação durante os Jogos.

"Eu estiquei muito a corda para levar o maior número de coisas para a zona portuária e o que está lá está suficiente porque o projeto se viabilizou, a conta está paga... O fato de o Rio receber as Olimpíadas animou tanto a cidade que a operação (zona portuária) fechou rápido", disse.

Paes garante que todas as obras com previsão de mais de três anos para ficarem prontas já estão em andamento. A principal delas, o Parque Olímpico, está em fase de demolição das arquibancadas do autódromo de Jacarepaguá, que vai dar lugar à maioria das instalações olímpicas (16 modalidades).

Um novo autódromo será construído em um terreno do Exército em Deodoro, como parte do acordo para a demolição do atual circuito, mas ainda há entraves burocráticos, e as obras não têm prazo de início.

Seguindo um padrão adotado por Londres, a maior parte das arenas olímpicas do Rio será temporária, uma forma de evitar que as construções se tornem 'elefantes brancos' depois dos Jogos.

Para o Pan-Americano de 2007, o Rio já construiu definitivamente o estádio olímpico João Havelange, o Parque Aquático Maria Lenk, a Arena da Barra da Tijuca e reformou o Maracanãzinho, enquanto o Maracanã está sendo reformado para a Copa do Mundo de 2014. Todos esses locais serão usados na Olimpíada.

"Por mais que o temporário também seja caro, o custo no tempo é muito menor. Às vezes dá uma certa indignação gastar 150 milhões para fazer um equipamento que vai durar 15 dias, mas seria muito mais caro deixá-lo como permanente", afirmou o prefeito.

O orçamento definitivo dos Jogos ainda não foi fechado, o que foi alvo de cobrança do COI durante os Jogos de Londres, mas o valor estimado na proposta de candidatura, de 28,8 bilhões de reais, fica em linha com os cerca de 30 bilhões de reais gastos por Londres.

Com o custo elevado e sem a mesma infraestrutura, o Rio coloca como um aspecto que não requer qualquer investimento o seu diferencial para fazer os Jogos: a festa do povo.

"Nisso a gente é campeão mundial. A celebração no Rio é sempre muito maior do que em qualquer lugar."

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Rio de Janeiro - A Olimpíada de 2016 vai ser realizada dentro das limitações do Rio de Janeiro, sem a mesma oferta ampla de mobilidade dos Jogos de Londres, e precisará de uma operação "sofisticada" para superar as fragilidades de infraestrutura da cidade, disse o prefeito carioca, Eduardo Paes.

É padrão para as autoridades olímpicas e dos países-sedes dos Jogos dizer que a última Olimpíada é sempre a "melhor de todos os tempos", mas a primeira cidade sul-americana a receber os Jogos Olímpicos reconhece que Londres está em um outro patamar em termos de infraestrutura.

O Rio de Janeiro não terá condições de, em quatro anos, chegar ao mesmo nível de preparação da capital britânica, segundo Paes.

Linhas expressas de ônibus estão sendo construídas --a primeira delas já está em operação-- e o metrô será ampliado até a Barra da Tijuca, o epicentro dos Jogos de 2016.


Mas o Rio vai depender das faixas exclusivas de trânsito para a "família olímpica" e da redução no ritmo da cidade, com a implementação de feriados e férias escolares para não sofrer um colapso na mobilidade, uma vez que muitas ligações continuarão sendo restritas, apesar da nova infraestrutura de transporte.

"Temos que aprender a operar com o que a gente tem. O nosso desafio é maior, a gente tem uma infraestrutura muito pior que a deles (Londres), não teremos uma infraestrutura igual à deles em 2016", disse o prefeito em entrevista à Reuters em seu gabinete.

"Teremos (uma infraestrutura) muito melhor do que hoje, mas teremos que fazer uma operação muito mais sofisticada devido às nossas fragilidades de infraestrutura", afirmou o prefeito.

Paes reconhece que Londres é uma cidade que está "em outro patamar", com mais infraestrutura, com uma rede de metrô já instalada.

"A gente não vai virar Londres até 2016", afirmou o prefeito, que recebeu a bandeira olímpica na cerimônia de encerramento dos Jogos de Londres, no dia 12 de agosto.

As quatro linhas de BRT (Bus Rapid Transit) que serão feitas para os Jogos foram a solução encontrada pelo Rio para melhorar a integração entre as regiões da cidade, incluindo o aeroporto internacional e a Barra da Tijuca, uma vez que as duas linhas de metrô têm alcance limitado e já operam superlotadas nos horários de pico.

A ligação mais rápida entre a zona sul e o Parque Olímpico da Barra, no entanto, será pela linha olímpica de trânsito, que não permite a passagem de carros comuns e ameaça piorar os congestionamentos. Outra importante ligação a ser realizada pela faixa exclusiva será entre a Vila de Mídia --acomodação principal dos jornalistas, que vai ser erguida na região portuária-- e a Barra.

Em Londres, além da linha olímpica, o público e todos os participantes do movimento olímpico tinham à disposição 11 linhas de metrô, um serviço de trens urbanos e um trem de alta velocidade inaugurado para os Jogos que liga o centro da cidade com o Parque Olímpico em apenas sete minutos.

"Como membro da família olímpica eu tinha um carro à disposição em Londres, mas preferia andar de metrô. Era mais fácil, mais rápido e mais confortável", disse Paes, reconhecendo que no Rio não vai existir a mesma facilidade.


"Falta muita coisa para fazer, ninguém está dizendo que viramos o paraíso na terra porque não seria verdade dizer isso."

Celebração - O prefeito, que é candidato à reeleição este ano e se vencer terá um segundo mandato até o fim de 2016, aponta Barcelona como o exemplo de cidade olímpica que o Rio quer seguir.

Foi inspirado no modelo da capital catalã, que é considerada a cidade que até hoje mais soube tirar proveito dos Jogos Olímpicos para evoluir, que Paes propôs ao Comitê Olímpico Internacional (COI) levar parte dos Jogos para a região portuária, que vai passar por um processo de total reformulação.

Como o projeto olímpico vencedor do Rio na eleição de 2009 não incluía o porto, não foi possível levar o centro de mídia e algumas instalações esportivas para a região portuária. Apenas a Vila da Mídia será erguida no local, que já está em obras e vai receber também navios de cruzeiro que servirão de acomodação durante os Jogos.

"Eu estiquei muito a corda para levar o maior número de coisas para a zona portuária e o que está lá está suficiente porque o projeto se viabilizou, a conta está paga... O fato de o Rio receber as Olimpíadas animou tanto a cidade que a operação (zona portuária) fechou rápido", disse.

Paes garante que todas as obras com previsão de mais de três anos para ficarem prontas já estão em andamento. A principal delas, o Parque Olímpico, está em fase de demolição das arquibancadas do autódromo de Jacarepaguá, que vai dar lugar à maioria das instalações olímpicas (16 modalidades).

Um novo autódromo será construído em um terreno do Exército em Deodoro, como parte do acordo para a demolição do atual circuito, mas ainda há entraves burocráticos, e as obras não têm prazo de início.

Seguindo um padrão adotado por Londres, a maior parte das arenas olímpicas do Rio será temporária, uma forma de evitar que as construções se tornem 'elefantes brancos' depois dos Jogos.

Para o Pan-Americano de 2007, o Rio já construiu definitivamente o estádio olímpico João Havelange, o Parque Aquático Maria Lenk, a Arena da Barra da Tijuca e reformou o Maracanãzinho, enquanto o Maracanã está sendo reformado para a Copa do Mundo de 2014. Todos esses locais serão usados na Olimpíada.

"Por mais que o temporário também seja caro, o custo no tempo é muito menor. Às vezes dá uma certa indignação gastar 150 milhões para fazer um equipamento que vai durar 15 dias, mas seria muito mais caro deixá-lo como permanente", afirmou o prefeito.

O orçamento definitivo dos Jogos ainda não foi fechado, o que foi alvo de cobrança do COI durante os Jogos de Londres, mas o valor estimado na proposta de candidatura, de 28,8 bilhões de reais, fica em linha com os cerca de 30 bilhões de reais gastos por Londres.

Com o custo elevado e sem a mesma infraestrutura, o Rio coloca como um aspecto que não requer qualquer investimento o seu diferencial para fazer os Jogos: a festa do povo.

"Nisso a gente é campeão mundial. A celebração no Rio é sempre muito maior do que em qualquer lugar."

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