Relatório sobre tráfego aéreo na Copa contradiz governo
Segundo o documento, haverá grave superlotação e longos atrasos nos voos, com o tráfego de passageiros excedendo a capacidade em até 50%
Da Redação
Publicado em 6 de dezembro de 2013 às 21h07.
Brasília - O Brasil insiste que seus aeroportos estarão prontos para receber até 600.000 visitantes estrangeiros durante a Copa do Mundo do ano que vem, mas um relatório interno diz que provavelmente haverá grave superlotação e longos atrasos nos voos, com o tráfego de passageiros excedendo a capacidade em até 50 por cento, mesmo que amplas reformas sejam concluídas no prazo.
O relatório, preparado pelo Ministério do Esporte com a ajuda de consultorias externas, é datado de março de 2011. A Reuters recentemente reavaliou o relatório na íntegra, incluindo suas previsões sobre tráfego aéreo, que o governo nunca tornou públicas.
"A situação nos aeroportos é crítica, considerando a atual saturação vista no setor", constava do relatório. "Alguns aeroportos estão precisando de soluções urgentes."
Autoridades do alto escalão do governo da presidente Dilma Rousseff dizem que os prognósticos contidos no relatório de 2011 estão agora superados, graças em parte a grandes reformas em andamento em aeroportos em todas as 12 cidades-sedes da Copa do Mundo.
Em uma entrevista, o ministro do Esporte, Aldo Rebelo, rebateu as previsões sombrias, dizendo que os aeroportos terão capacidade "mais do que suficiente" para conduzir a Copa do Mundo, que começa em 12 de junho com o jogo Brasil x Croácia, em São Paulo.
No entanto, três fontes a par da metodologia e das implicações do estudo de 2011 dizem que os prognósticos ainda são válidos, mesmo com as melhorias planejadas.
Se elas estiverem corretas, milhares de fãs de futebol em visita ao país poderão enfrentar atrasos nos voos, de horas de duração ─ um grande constrangimento para Dilma num momento em que se prepara para disputar a reeleição, em outubro.
Se as reformas não forem concluídas no prazo ─ uma possibilidade realista, segundo vêm dizendo alguns especialistas ─, então os prognósticos começam a ser muito piores. Nesse cenário, aeroportos enfrentariam provavelmente vários problemas operacionais, diz o relatório.
As fontes falaram sob a condição de manter o anonimato porque o estudo era apenas para uso interno do governo.
"AQUELES NÚMEROS NÃO BATEM" Rebelo disse que o governo vai modificar cronogramas para evitar grupos de voos relacionados à Copa do Mundo chegando ou partindo ao mesmo tempo. Ele também chamou a atenção para o fato de que muitos estrangeiros vão recorrer a voos fretados, que são mais flexíveis.
As fontes afirmaram que esses fatores poderiam ajudar a reduzir a potencial situação crítica, mas ainda assim graves superlotações são prováveis.
Não está claro se os autores do relatório levaram em consideração esses fatores quando elaboraram suas projeções.
Quando lhe foi mostrada uma cópia impressa do relatório de 2011, que circulou internamente pouco antes de ele se tornar ministro, Rebelo deu de ombros e disse: "Esses números não batem com os meus." Diante do pedido de dados atualizados, Rebelo disse que a assessoria de imprensa do ministério iria dar essas informações.
No entanto, nas duas semanas seguintes os funcionários não respondiam ou enviavam outros dados, não-comparáveis. Autoridades da aviação civil do Brasil, que supervisionam os aeroportos, também não responderam aos pedidos de comentários ou dados atualizados.
Brasília - O Brasil insiste que seus aeroportos estarão prontos para receber até 600.000 visitantes estrangeiros durante a Copa do Mundo do ano que vem, mas um relatório interno diz que provavelmente haverá grave superlotação e longos atrasos nos voos, com o tráfego de passageiros excedendo a capacidade em até 50 por cento, mesmo que amplas reformas sejam concluídas no prazo.
O relatório, preparado pelo Ministério do Esporte com a ajuda de consultorias externas, é datado de março de 2011. A Reuters recentemente reavaliou o relatório na íntegra, incluindo suas previsões sobre tráfego aéreo, que o governo nunca tornou públicas.
"A situação nos aeroportos é crítica, considerando a atual saturação vista no setor", constava do relatório. "Alguns aeroportos estão precisando de soluções urgentes."
Autoridades do alto escalão do governo da presidente Dilma Rousseff dizem que os prognósticos contidos no relatório de 2011 estão agora superados, graças em parte a grandes reformas em andamento em aeroportos em todas as 12 cidades-sedes da Copa do Mundo.
Em uma entrevista, o ministro do Esporte, Aldo Rebelo, rebateu as previsões sombrias, dizendo que os aeroportos terão capacidade "mais do que suficiente" para conduzir a Copa do Mundo, que começa em 12 de junho com o jogo Brasil x Croácia, em São Paulo.
No entanto, três fontes a par da metodologia e das implicações do estudo de 2011 dizem que os prognósticos ainda são válidos, mesmo com as melhorias planejadas.
Se elas estiverem corretas, milhares de fãs de futebol em visita ao país poderão enfrentar atrasos nos voos, de horas de duração ─ um grande constrangimento para Dilma num momento em que se prepara para disputar a reeleição, em outubro.
Se as reformas não forem concluídas no prazo ─ uma possibilidade realista, segundo vêm dizendo alguns especialistas ─, então os prognósticos começam a ser muito piores. Nesse cenário, aeroportos enfrentariam provavelmente vários problemas operacionais, diz o relatório.
As fontes falaram sob a condição de manter o anonimato porque o estudo era apenas para uso interno do governo.
"AQUELES NÚMEROS NÃO BATEM" Rebelo disse que o governo vai modificar cronogramas para evitar grupos de voos relacionados à Copa do Mundo chegando ou partindo ao mesmo tempo. Ele também chamou a atenção para o fato de que muitos estrangeiros vão recorrer a voos fretados, que são mais flexíveis.
As fontes afirmaram que esses fatores poderiam ajudar a reduzir a potencial situação crítica, mas ainda assim graves superlotações são prováveis.
Não está claro se os autores do relatório levaram em consideração esses fatores quando elaboraram suas projeções.
Quando lhe foi mostrada uma cópia impressa do relatório de 2011, que circulou internamente pouco antes de ele se tornar ministro, Rebelo deu de ombros e disse: "Esses números não batem com os meus." Diante do pedido de dados atualizados, Rebelo disse que a assessoria de imprensa do ministério iria dar essas informações.
No entanto, nas duas semanas seguintes os funcionários não respondiam ou enviavam outros dados, não-comparáveis. Autoridades da aviação civil do Brasil, que supervisionam os aeroportos, também não responderam aos pedidos de comentários ou dados atualizados.