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Racismo no Metrô de SP: polícia investiga caso que gerou tumulto em vagão

A Polícia Civil de São Paulo abriu uma investigação por denúncia de injúria racial. Segundo a vítima, negra, uma mulher branca teria associado seu cabelo a uma doença

Metrô de SP: outros passageiros não deixaram a mulher sair da estação. (Metrô de SP/Divulgação)

Metrô de SP: outros passageiros não deixaram a mulher sair da estação. (Metrô de SP/Divulgação)

Drc

Da redação, com agências

Publicado em 4 de maio de 2022 às 11h58.

Última atualização em 4 de maio de 2022 às 12h02.

A Polícia Civil de São Paulo investiga uma denúncia de injúria racial na estação Ana Rosa da Linha 1-Azul do Metrô de São Paulo, que ocorreu na segunda-feira, 2, e provocou tumulto entre os passageiros.

Por volta das 18h, duas passageiras se desentenderam dentro do vagão e uma acusou a outra de racismo, segundo a Secretaria dos Transportes Metropolitanos (STM). Um tumulto se formou na estação e os seguranças do Metrô, assim como policiais militares foram acionados. As duas mulheres foram encaminhadas para a delegacia.

De acordo com vítima Welica Ribeiro, de 35 anos, a autora identificada como Agnes Vajda, de 44, teria reclamado do seu cabelo que estava encostando nela, dentro do vagão do Metrô. Ainda segundo Welica, a passageira disse que o seu cabelo poderia passar "alguma doença".

O caso citado foi registrado como injúria racial pelo 27º Distrito Policial (Campo Belo). Todas as partes foram ouvidas e a vítima representou criminalmente contra a autora. Uma gravação de celular foi apresentada e será usada nas investigações.

"A autoridade policial determinou a instauração do inquérito para esclarecer todas as circunstâncias do fato", acrescentou a Secretaria da Segurança Pública do Estado de São Paulo (SSP). O Estadão não conseguiu localizar Agnes Vajda.

O caso também ganhou repercussão nas redes sociais, onde internautas condenam o ato discriminatório. Em um dos vídeos é possível ouvir os passageiros gritarem 'racista, racista'. Eles bloquearam a saída da acusada de injúria racial até a chegada dos policiais.

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Especialistas afirmam que a praticidade da tecnologia, com a gravação de vídeos pelos celulares, e o alcance das redes sociais facilitam a realização das denúncias. Isso resulta no aumento dos casos investigados por suspeita de racismo. Como pano de fundo para esse novo comportamento há também o avanço do ativismo negro, com mais conscientização sobre práticas discriminatórias.

Dados do Ministério Público de São Paulo mostram que os procedimentos para investigar denúncias de injúria qualificada (com base no Código Penal) saltaram de 97, em 2020, para 708 no ano passado. Procedimentos englobam inquéritos policiais, notícias de fato, termos circunstanciados, medidas cautelares, prisões em flagrante e procedimentos investigatórios criminais.

O aumento também foi significativo nos casos de preconceito de raça ou de cor baseados na Lei Antirracismo (Lei 7.716), que passaram de 265 em 2020 para 427 no ano passado.

(Com Estadão Conteúdo)

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