Primeira-dama recebeu R$72 mil em sua conta em cheques depositados por Queiroz (Andressa Anholete/Getty Images)
Agência O Globo
Publicado em 7 de agosto de 2020 às 13h31.
Última atualização em 7 de agosto de 2020 às 13h36.
Informações da quebra do sigilo bancário de Fabrício Queiroz, ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro na época em que ele era deputado estadual no Rio de Janeiro, mostram que a primeira-dama Michelle Bolsonaro recebeu R$72 mil em sua conta em cheques depositados pelo ex-funcionário de Flávio, e não apenas 24 mil, como identificado inicialmente no relatório do Coaf sobre movimentações atípicas na conta de Queiroz, ou 40 mil, como afirmou o presidente Jair Bolsonaro em dezembro do ano passado ao justificar os valores como pagamentos de uma dívida pessoal entre os dois. Os dados obtidos e divulgados pela revista "Crusoé", e confirmados pelo GLOBO, detalham os depósitos na conta de Michelle entre os anos de 2007 e 2018, período da quebra de sigilo do ex-assessor autorizado pela Justiça do Rio.
Os extratos detalham as transações financeiras de Queiroz e mostram que o fluxo de depósitos na conta de Michelle era constante, o que contraria a versão de Bolsonaro de que os cheques revelados pelo relatório do Coaf eram para o pagamento de uma dívida de R$40 mil. Pelo menos 21 cheques foram depositados entre 2011 e 2018.
Michelle recebeu Queiroz três cheques de 3 mil reais em 2011, primeira movimentação financeira identificada entre as contas dos dois, seis de R$3 mil em 2012 e mais três de R$3 mil em 2013. Em 2016, foram mais nove depósitos, totalizando R$36 mil. Segundo a "Crusoé", os cheques foram compensados em "25 de abril, 19 e 23 de maio, 20 de junho, 13 de julho, dois em 22 de setembro, 14 de novembro e 22 de dezembro".
Além das transferências feitas por Queiroz à primeira-dama, a mulher do ex-assessor, Márcia Aguiar, depositou pelo menos quatro cheques na conta de Michelle em 2011, no valor total de R$ 11 mil. A informação foi revelada pelo jornal "Folha de S. Paulo" e também confirmada pelo GLOBO.
No período da quebra de sigilo, Queiroz recebeu em sua conta R$1,6 milhão de salários da PM e da Alerj, R$2 milhões em 483 depósitos de servidores do gabinete de Flávio Bolsonaro enquanto ele era deputado estadual e 900 mil depositados em dinheiro em espécie sem identificação. No total, o ex-assessor recebeu 6,2 milhões entre 2007 e 2018.
Os extratos não apontam nenhum depósito de Jair Bolsonaro na conta de Queiroz.