"Que República é essa?", diz Calero sobre R$ 22,5 mi de Geddel
O ex-ministro da Cultura disparou contra o peemedebista em suas redes sociais, dizendo "não estar surpreso", mas que o ocorrido é "espantoso"
Estadão Conteúdo
Publicado em 5 de setembro de 2017 às 20h06.
São Paulo - O ex-ministro da Cultura Marcelo Calero disse não estar "surpreso" com a apreensão de mais de R$ 22,5 milhões - contagem parcial - em um endereço, em Salvador, atribuído ao ex-ministro Geddel Vieira Lima (PMDB).
"Não posso dizer que estou propriamente surpreso. Mas, de fato, é espantoso".
Calero protagonizou a crise que culminou com a saída de Geddel do governo Temer, em novembro de 2016, quando pediu exoneração alegando que o peemedebista o pressionou. Hoje, Geddel está em prisão domiciliar na Operação Cui Bono?, que investiga desvios na Caixa Econômica Federal.
Quando estava à frente da pasta da Cultura, Calero deixou o cargo afirmando ter sido pressionado pelo então ministro da Secretaria Geral de Governo para a liberação, pelo Iphan da Bahia, de um prédio onde havia adquirido um apartamento.
Nesta terça-feira, 5, a Polícia Federal, no âmbito da Operação Tesouro Perdido, desdobramento da Cui Bono?, descobriu um apartamento, em Salvador, sem mobília, no qual estavam depositadas oito malas e sete caixas recheadas de notas de R$ 100 e R$ 50 - até as 18 horas, a contagem indicava a fortuna de R$ 22,5 milhões.
Como reação, o ex-ministro da Cultura disparou contra o peemedebista em suas redes sociais. "Não posso dizer que estou propriamente surpreso. Mas, de fato, é espantoso".
"Que República é essa? Depois de testemunhar o 'homem de mais inteira confiança' de Temer correndo com mala de dinheiro, hoje descobre bunker do seu mais próximo ministro, por quem pediu favores especiais, e que se vangloriava de amizade de décadas. Detalhe: envolvidos soltos", afirmou.
Calero ainda disse agradecer "todos os dias pelo discernimento, pela fortaleza", e por ter se "livrado dessa gente inescrupulosa".
Em agosto, Geddel se tornou réu por obstrução de Justiça. O ex-ministro teria atuado para evitar a delação premiada do corretor financeiro Lúcio Funaro, que poderia implicá-lo em crimes de corrupção na Caixa Econômica Federal.