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PT dá início a processo de expulsão de Palocci

O ex-ministro é acusado de quebrar a ética partidária ao dizer que o ex-presidente Lula firmou um "pacto de sangue" com Emílio Odebrecht

Palocci: Comissão de Ética da legenda tem um prazo de 60 dias, prorrogavéis por mais 30, para apresentar um relatório (Rodolfo Buhrer/Reuters)

Palocci: Comissão de Ética da legenda tem um prazo de 60 dias, prorrogavéis por mais 30, para apresentar um relatório (Rodolfo Buhrer/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 18 de setembro de 2017 às 22h22.

São Paulo - A executiva municipal do PT de Ribeirão Preto decidiu nesta segunda-feira, 18, por unanimidade, enviar o caso do ex-ministro e ex-prefeito da cidade Antonio Palocci para a comissão de ética do partido.

Na prática, o PT de Ribeirão deu início hoje ao processo de expulsão de Palocci. A Comissão de Ética da legenda tem um prazo de 60 dias, prorrogavéis por mais 30, para apresentar um relatório.

O ex-ministro é acusado de quebrar a ética partidária ao dizer em depoimento ao juiz Sérgio Moro que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva firmou um "pacto de sangue" com o empreiteiro Emílio Odebrecht e teria recebido benefícios pessoais da empresa, Palocci disse também que chegou a entregar maços de dinheiro vivo a Lula.

"O motivo são as acusações inverídicas que ele fez tentando incriminar o ex-presidente Lula", disse o presidente do diretório municipal do PT de Ribeirão, Fernando Tremura.

Segundo ele, o partido não vai investigar as acusações de corrupção das quais Palocci é alvo. "Não vamos entrar neste mérito. As acusações de corrupção vão ser investigadas pela Justiça federal", explicou o dirigente.

Tremura negou que o PT de Ribeirão estivesse evitando abrir o processo contra sua principal liderança. "Não é que o PT não queria investigar, é que até agora ninguém tinha feito uma denúncia", afirmou.

O responsável pela iniciativa é Luiz Fernando da Silva, integrante da executiva municipal. Agora Palocci será notificado sobre a abertura do processo e terá um prazo para apresentar sua defesa. Dentro de no máximo três meses a comissão de ética apresenta um relatório com o resultado das investigações e sugestões de penalidades a serem aplicadas, se for o caso. O relatório é votado pelo Diretório Municipal, a quem cabe a última palavra.

A mãe de Palocci, dona Toninha de Castro, de 82 anos, é suplente no Diretório Municipal e militante ativa do partido. Segundo Tremura, ela costumava participar de todas as reuniões e votava quando algum integrante titular faltava à reunião. "Agora ela anda meio afastada. Dá para entender, ela é mãe", disse o presidente do PT de Ribeirão.

Na direção nacional a expectativa é que Palocci tome a iniciativa de pedir a desfiliação.

Depoimento

Na semana passada, Tremura, afirmou que o ex-ministro Antonio Palocci teria prestado depoimento para o juiz Sérgio Moro, no último dia 6, "sob efeito de tortura". A conclusão foi enviada ao militantes do partido por meio de uma nota.

Ao jornal "O Estado de S. Paulo", Tremura disse que as acusações que Palocci fez ao ex-presidente Lula foram "arrancadas depois de muita tortura psicológica, em consequência de uma prisão ilegal". Sobre as críticas que Palocci recebeu de alguns membros do PT, Tremura disse não ser correto compará-lo a figuras como o ex-ministro José Dirceu, o ex-deputado José Genoino e o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto (que, embora presos, não delataram o ex-presidente).

"Palocci não tem as mesmas características, formação e preparo desses companheiros. São pessoas diferentes, com histórias diferentes de vida." Questionado sobre uma possível expulsão de Palocci, ele afirmou que em Ribeirão Preto (cidade na qual o ex-ministro foi prefeito por duas vezes) "ainda não há hipótese de expulsão". "Claro, vamos esperar uma diretriz nacional, mas nada do que ele disse diminui a importância de Palocci para Ribeirão Preto", disse Tremura.

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