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PSOL negocia aliança inédita com PT para apoiar Lula em 2022

Guilherme Boulos, candidato da legenda ao Planalto em 2018, deve concorrer ao governo de São Paulo

PT: PSOL discute uma aliança inédita com o partido (Mario Tama/Getty Images)
EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 19 de agosto de 2021 às 18h58.

Última atualização em 19 de agosto de 2021 às 19h03.

O PSOL discute uma aliança inédita com o PT nas eleições presidenciais de 2022. Se for concretizada, será a primeira vez que a legenda não terá um candidato próprio e apoiará o PT logo no primeiro turno. A estratégia é patrocinada pela cúpula do PSOL devido à "gravidade do momento político do Brasil", mas enfrenta resistências internas, conforme o Estadão/Broadcast Político apurou.

O PSOL foi criado em 2004 após uma dissidência interna do PT no primeiro governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula Silva. Agora, a cúpula do partido negocia um apoio à candidatura de Lula no próximo ano na tentativa de derrotar o presidente Jair Bolsonaro. Guilherme Boulos, candidato da legenda ao Planalto em 2018, deve concorrer ao governo de São Paulo.

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A tática eleitoral do PSOL será discutida no congresso da legenda, marcado para 25 e 26 de setembro. O atual presidente do partido, Juliano Medeiros, é um dos apoiadores da aliança com o PT e tentará um novo mandato na sigla. Ele é filiado à Primavera Socialista, corrente majoritária do PSOL. Uma ala minoritária, formada pelo Movimento de Esquerda Socialista (MES), defende candidatura própria e quer lançar o deputado Glauber Braga (RJ) para o Planalto em 2022.

A aliança foi discutida recentemente em uma reunião entre Medeiros e o ex-presidente Lula, em São Paulo. Uma das condições colocadas pelo PSOL para apoiar o PT no primeiro turno é uma defesa enfática a uma proposta econômica mais voltada para a esquerda incluindo a revogação do teto de gastos, que limita o crescimento das despesas à inflação do ano anterior. A derrubada do teto como proposta central não é um consenso no PT e por isso entrou nos debates.

O presidente do PSOL admitiu, em entrevista ao Broadcast Político, a negociação com o PT para apoio no primeiro turno. "É uma possibilidade considerando a gravidade do momento do Brasil e vai levar em conta aspectos programáticos, arco de aliança e possíveis acordos eleitorais nos estados que sejam de interesse do PSOL", disse Juliano Medeiros.

Uma ala minoritária do PSOL, no entanto, tenta manter a estratégia adotada nos últimos lançando candidatura própria no primeiro turno. O aceno de Lula ao Centrão e ao setor empresarial incomoda a corrente mais radical do partido, que saiu do PT justamente por divergências à política adotada pelo ex-presidente ao assumir o poder, em 2003.

"Essa unidade que todos sejam contra Bolsonaro não pressupõe a subordinação das nossas ideias a teses que já tiveram oportunidade de governar, ao contrário, é necessário também apresentar um programa que vá à raiz dos problemas", afirmou a deputada Fernanda Melchionna (RS), a favor da candidatura do deputado Glauber Braga. Entre as prioridades, a parlamentar cita a taxação de grandes fortunas, auditoria da dívida pública e "um programa de esquerda que não aceite políticas de conciliação de classes ou seja alianças com partidos da burguesia."

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