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PSB lança programa com críticas à gestão de Dilma

Segundo Eduardo Campos, governo Dilma foi cooptado pelos partidos aliados, está fazendo o Brasil sair economicamente dos trilhos e perder conquistas históricas


	Eduardo Campos, do PSB: documento faz ainda um histórico sobre os avanços econômicos e sociais conquistados nas últimas décadas e atribuem essas mudanças ao povo
 (Raul Buarque/SEI)

Eduardo Campos, do PSB: documento faz ainda um histórico sobre os avanços econômicos e sociais conquistados nas últimas décadas e atribuem essas mudanças ao povo (Raul Buarque/SEI)

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Da Redação

Publicado em 4 de fevereiro de 2014 às 16h02.

Brasília - O governo Dilma Rousseff foi cooptado pelos partidos aliados, está fazendo o Brasil sair economicamente dos trilhos e perder conquistas históricas, disseram nesta terça-feira o pré-candidato do PSB à Presidência, o governador Eduardo Campos (PE), e a ex-senadora Marina Silva durante lançamento das diretrizes do programa de governo de ambos.

Sem poupar críticas a Dilma, os dois comandaram um ato político na Câmara dos Deputados para apresentar os cinco eixos do projeto de governo que ainda será debatido em encontros regionais com militantes do PPS.

O partido anunciou oficialmente sua adesão ao projeto presidencial do PSB, que no fim do ano passado englobou a Rede Sustentabilidade, partido que Marina buscava criar, mas que não obteve registro junto à Justiça Eleitoral. A ex-senadora deve ser a vice na chapa encabeçada por Campos.

As diretrizes de programa apresentadas pelo PSB têm cinco eixos: Estado e a democracia de alta densidade; Economia para o desenvolvimento sustentável; Educação, cultura e inovação; Políticas sociais de qualidade de vida; e Novo urbanismo e o pacto pela vida.

Entre as propostas do programa de governo estão o fim da reeleição para cargos executivos, a possibilidade candidaturas sem necessidade de filiação partidária, a realização da reforma tributária e melhor distribuição dos recursos entre os entes federativos.

O documento faz ainda um histórico sobre os avanços econômicos e sociais conquistados nas últimas décadas e atribuem essas mudanças ao povo.

Segundo o texto, porém, o modelo das últimas gestões de PT e PSDB "esgotou-se a olhos vistos, mas as forças políticas que o operam esforçam-se para mantê-lo, negociando pedaços do Estado e entregando-os ao atraso para se manterem no poder." Mas as críticas mais duras vieram nos discursos dos dois protagonistas da aliança. Marina disse que o "entulho da velha política está atrapalhando o Brasil, não se discute ideias" tudo que se faz é "para aumentar o tempo de televisão, para montar um palanque".


A declaração soa como crítica indireta a Dilma, num momento em que o presidente negocia uma reforma ministerial com o objetivo de substituir auxiliares que disputarão a eleição deste ano, ao mesmo tempo que abre espaço no governo para partidos que apoiarão sua campanha à reeleição.

Segundo Marina, PT e PSDB são grandes demais e têm o dever de vencer as eleições. Ela e Campos têm "o dever de não se omitir". A ex-senadora e ministra do Meio Ambiente do governo Luiz Inácio Lula da Silva disse que se petistas ou tucanos ganharem a eleição, deverão sua vitória às suas estruturas políticas e eleitorais. "Se nós ganharmos, só deveremos ao povo", discursou.

Marina e Campos fugiram da polêmica sobre o anúncio oficial da chapa, com a ex-senadora como candidata a vice, mas ela deu a entender que pedirá votos para o socialista.

"E eu te digo eu não sou muito boa para ganhar votos para mim mesma, mas eu sou muito boa para pedir voto para outras pessoas", discursou sob aplausos.

Em 2010, Marina conseguiu quase 20 milhões de voto no primeiro turno da eleição presidencial, quando foi candidata pelo PV. Em pesquisa Datafolha divulgado no final de novembro, a ex-senadora também tem desempenho melhor de que seu aliado nos cenários em que aparece como candidata do PSB ao Planalto.

Marina também aproveitou para dizer que, ao defender o desenvolvimento sustentável, não está sugerindo que o "novo surge do nada", num movimento que tenta acalmar os eleitores desenvolvimentistas que temem que sua influência inviabilize obras de infraestrutura.

Campos subiu à tribuna e seguiu o rosário de críticas de Marina. Disse que a percepção da sociedade é que o Brasil está saindo dos trilhos do crescimento. "As pessoas estão vendo que o Brasil parou." O governador aproveitou ainda para justificar sua decisão de deixar o governo Dilma, depois de participar pessoalmente do governo Lula e de, até o ano passado, o PSB deter dois ministérios durante a gestão Dilma.


"Tivemos a capacidade de sair (do governo) pela porta da frente, de dizer que o pacto social novo que está no seio da sociedade brasileira não tolera mais esse velho pacto político que mofou e não vai dar nada de novo e de bom para o povo", discursou.

"Não há nesse país em nenhum recanto onde possamos andar... ninguém que ache que mais quatro anos do que está aí vai fazer bem ao povo", atacou o socialista.

Apesar das críticas do governador pernambucano, a pesquisa do Datafolha de novembro do ano passado coloca Dilma em posição de vencer a eleição já no primeiro turno, no cenário mais provável em que ela enfrentaria Campos e o presidente do PSDB, o senador mineiro Aécio Neves.

Outro levantamento, este realizado pelo Ibope em dezembro, mostrou alta de seis pontos na avaliação positiva do governo Dilma, para 43 por cento. Ao mesmo tempo, no entanto, pesquisas eleitorais feitas no ano passado detectaram um aumento no desejo de mudança entre o eleitorado.

Complica a Vida

Campos disse que o Estado brasileiro complica a vida da população e que a economia sofre problemas internos.

"Nós hoje estamos crescendo abaixo do que cresce a América Latina e o mundo", afirmou.

"Não podemos ficar tapando o sol com a peneira dizendo que os problemas estão lá fora", prosseguiu, em um aparente contraponto ao discurso que tem sido adotado pelo governo federal de que, se comprada à situação de países desenvolvidos que foram mais duramente afetados pela crise, a economia brasileira caminha bem, apesar do crescimento fraco e da inflação próxima ao teto da meta estabelecida pelo governo.

"Tem muito problema que está aqui dentro que precisa de atitude, de liderança, de capacidade de construir sinergias para transformar soluções em realidade... não em promessas que o vento leva", atacou Campos.

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