Brasil

Próximo governo terá de cortar gasto, afirma CNI

Líder nas pesquisas de intenção de voto para a eleição de outubro, Dilma Rousseff (PT) pode adotar incentivos para investimentos e exportações

Líder nas pesquisas de opinião, Dilma prometeu manter as políticas do presidente Lula (.)

Líder nas pesquisas de opinião, Dilma prometeu manter as políticas do presidente Lula (.)

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Da Redação

Publicado em 17 de setembro de 2010 às 16h39.

Brasília - O próximo governo deve reduzir o gasto público, a burocracia e os impostos que incidem sobre os investimentos e as exportações, disse o presidente em exercício da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Andrade, em entrevista à Reuters.

Para ele, o presidente que assumir comando do país a partir de 1o de janeiro terá de adotar medidas emergenciais para permitir que o Brasil atualize sua infraestrutura para fazer frente à aceleração do crescimento econômico.

Líder nas pesquisas de intenção de voto para a eleição de outubro, Dilma Rousseff (PT) pode adotar incentivos para investimentos e exportações e aperfeiçoar parcialmente a complexa estrutura tributária, mas reformas de maior alcance necessárias para garantir a competitividade do Brasil devem levar mais tempo para serem implementadas, disse Andrade.

"Se não tiver uma mudança no ambiente de negócios do país, nós não vamos... transformar o Brasil na potência e na quinta economia (do mundo) como alguns (vem) preconizando", disse Andrade.

Para ele, atrasos na concessão de licenças ambientais, batalhas legais e falta de pessoal qualificado nos quadros do governo atrapalham o desenvolvimento dos negócios.

Dilma prometeu manter as políticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ela tem grande vantagem sobre José Serra (PSDB) nas pesquisas de opinião e, de acordo com os últimos levantamento, tem chances de vencer já no primeiro turno.

Preocupada em atrair eleitores de centro, a candidata petista tem enfatizado políticas pró-mercado. Mas ela também planeja aumentar o papel de companhias estatais em setores estratégicos da economia, como petróleo, telecomunicações e energia. Algumas dessas propostas preocuparam líderes empresariais.

"No setor de telecom, o governo quer recriar uma Telebrás, quando nós precisamos reduzir despesa do Estado, melhorar eficiência e atrair mais negócios para o pais", disse Andrade. 


Ele declarou, no entanto, que as estatais têm um papel importante a desempenhar no estímulo à economia, como por exemplo a redução de juros pelos bancos estatais e o grande investimento em pesquisa e desenvolvimento pela Petrobras.

Preocupações orçamentárias

Às vésperas da eleição, os gastos governamentais deram um salto, aumentando assim as preocupações dos investidores com pressões inflacionárias.

Nos 12 meses anteriores a julho, o superávit primário acumulado chegou a 2,03 por cento, bem abaixo da meta de 3,3 por cento.

Para Andrade, o próximo governo, "obrigatoriamente terá que fazer ajustes", numa referência à necessidade de cortes orçamentários.

Mas ele não expressou otimismo com a possibilidade de o próximo governo reduzir benefícios previdenciários, um dos maiores gastos do governo, ou de promover outras reformas no curto prazo.

"Não acho que veremos reformas trabalhista, da Previdência ou uma reforma tributária completa no curto prazo. Esses são temas complicados."

Embora Dilma tenha se declarado favorável a desonerações tributárias específicas para alguns setores e à redução dos juros de longo prazo, ela já disse que reduções agressivas na carga tributária e na taxa de juros são improváveis.

No patamar de 36 por cento do Produto Interno Bruto, a carga tributária brasileira é bem maior do que a de outros países emergentes, como China, Rússia e Índia.

"Acho que não é razoável esperar que uma medida possa ser implementada no curto prazo para reduzir a carga tributária sem que haja um corte de despesa", avaliou.

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