'Primaverão': estação terá ondas de calor, riscos de queimadas e temperaturas acima da média
Estação começa oficialmente no Brasil no próximo domingo, 22 de setembro, e deve prevalecer com clima seco até meados de novembro
Agência de notícias
Publicado em 22 de setembro de 2024 às 09h46.
O Brasil deve experimentar ondas de calor intensas durante a primavera de 2024, especialmente nas regiões Centro-Oeste, Nordeste e Sudeste, onde as temperaturas acima da média histórica poderão ser uma das principais preocupações da estação.
Segundo o Prognóstico Climático para a Primavera de 2024, publicado pelo Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), essaestação será marcada por episódios de calor extremo, influenciados pelo fenômeno La Niña, com impactos tanto na saúde pública quanto na agricultura.
O calor deve ser um problema recorrente nas regiões Centro-Oeste e Sudeste. O ar seco e a irregularidade das chuvas vão intensificar os períodos de temperaturas elevadas, com maior risco de ondas de calor entre outubro e dezembro.
As precipitações, que retornam gradualmente a partir de outubro, não serão suficientes para impedir o avanço da seca em partes dessas regiões, afetando diretamente a agricultura, principalmente nas fases iniciais do plantio de soja e milho. O Inmet alerta que a primavera será um período crítico para monitoramento, visto que as altas temperaturas podem acentuar a evaporação do solo, prejudicando as plantações.
Amazônia, a maior floresta do mundo
Na Região Norte, especialmente no sul da Amazônia, a combinação de calor intenso e baixa umidade trará um aumento na incidência de queimadas e incêndios florestais, com outubro sendo o mês mais crítico.
A previsão indica menos chuvas do que o esperado para o período, tornando a região ainda mais suscetível ao fogo. Em contrapartida, áreas como o sudoeste do Amazonas e o Acre podem receber volumes de chuvas dentro ou acima da média, mas ainda enfrentam riscos relacionados ao calor prolongado.
O Nordeste também será afetado pelo calor, especialmente no interior e oeste da região, onde as temperaturas devem ultrapassar a média histórica. O fim da estação chuvosa trará meses mais secos para grande parte do território, com alto risco de ondas de calor, principalmente nos estados do Piauí e Maranhão. O sudeste da Bahia será uma exceção, com chance de registros chuvas mais próximas da média, o que deve amenizar a situação no local.
A Região Sul terá uma primavera marcada pela irregularidade das chuvas. Estados como Paraná e Santa Catarina devem registrar precipitações abaixo da média, o que poderá impactar o solo e prejudicar as lavouras. No entanto, o Rio Grande do Sul pode apresentar chuvas mais regulares, favorecendo as plantações. A chegada de ondas de calor em dezembro também ameaça a umidade do solo, essencial para a nova safra agrícola.
De acordo com o Inmet, o calor extremo durante a primavera será impulsionado por altos níveis de radiação solar e padrões climáticos intensificados pelo La Niña; a situação deverá colocar as regiões mais quentes do país em estado de alerta.
Para ser caracterizado como onda de calor — expressão que se popularizou no ano passado após nove ocorrências do fenômeno —, é preciso ficar pelo menos cinco graus acima da média por um período de cinco dias ou mais.
O cenário, conforme explicam os especialistas, tem implicações diretas na saúde pública, com o aumento questões relativas à desidratação e problemas respiratórios, além dos impactos na agricultura, com risco de perdas em culturas sensíveis ao calor e à falta de água.
Saiba quais são os riscos e como se proteger em uma onda de calor
A insolação é um dos principais problemas associados à exposição ao calor extremo e acontece quando a temperatura corporal ultrapassa os 40°C. Essa condição, considerada grave, é decorrente da incapacidade do corpo em controlar a própria temperatura. Os sintomas da insolação incluem: elevação da temperatura corporal; pele vermelha; quente e seca; dor de cabeça; tontura; náusea; confusão mental; e, em casos extremos, perda de consciência.
Outro problema comum é a desidratação, causada pela perda significativa de água e eletrólitos, o que é frequente em situações de calor intenso e suor excessivo. Outra condição que pode ocorrer é a exaustão pelo calor, resultado da perda de água e sais minerais e inclui sintomas similares a insolação como: fraqueza, dor de cabeça, náusea e tontura.
Além desses quadros causados especificamente pelo calor, as altas temperaturas agravam doenças pré-existentes. O calor pode impactar gravemente sete órgãos: cérebro, coração, intestinos, fígado, rins, pulmões e pâncreas.
Os cuidados se estendem a toda população, principalmente para quem possui algum fator de risco como: doenças transmissíveis ou crônicas, dos tipos cardiovasculares, respiratórias, renais, metabólicas, endócrinas, psiquiátricas, além de diabetes, hipertensão, obesidade, câncer, entre outras condições crônicas preexistentes. Pessoas que trabalham ao ar livre e ficam mais expostas ao calor por períodos prolongados, também devem redobrar os cuidados.
Outras formas de reduzir os riscos do calor extremo
Evitar as atividades ao ar livre, especialmente durante o período mais quente do dia;
Usar roupas leves e de cores claras para aumentar a evaporação do suor, a principal maneira de o corpo se resfriar;
Proteja as crianças com chapéu de abas;
Não deixe crianças ou animais em veículos estacionados;
Diminua os esforços físicos e repouse frequentemente em locais com sombra, frescos e arejados;
Beber água fresca ao longo do dia, em vez de grandes quantidades de uma vez só. Uma dica para saber se a hidratação está adequada é a cor do xixi. Ele deve estar transparente. Se estiver amarelo, é sinal de que a ingestão de água não está adequada.;
Se possível, ficar em lugares com ar condicionado. Em veículos sem ar-condicionado, deixe as janelas abertas;
Use protetor solar;
Use chapéus e óculos escuros;
Diminua os esforços físicos e repouse frequentemente em locais com sombra, frescos e arejados;
Evite bebidas alcoólicas e com elevado teor de açúcar;
Faça refeições leves, pouco condimentadas e mais frequentes;
Recém-nascidos, crianças, idosos e pessoas doentes podem não sentir sede. Ofereça-lhes água;
Se possível, feche cortinas e/ou janelas mais expostas ao calor e facilite a circulação do ar;
Abra as janelas durante a noite;
Utilize menos roupas de cama e vista-se com menos roupas ao dormir, sobretudo, em bebês e pessoas acamadas;
Mantenha ambientes úmidos com umidificadores de ar, toalhas molhadas ou baldes de água;
Procure aconselhamento médico se sofrer de uma doença crônica condição médica ou tomar vários medicamentos;
Busque ajuda se sentir tonturas, fraqueza, ansiedade ou tiver sede intensa e dor de cabeça;
Se sentir algum mal-estar, busque um lugar fresco o mais rápido possível, meça a temperatura do seu corpo e beba um pouco de água ou suco de frutas para reidratar;
No período de maior calor, tome banho com água ligeiramente morna. Evite mudanças bruscas de temperatura.
Em períodos de ondas de calor, como a que atinge o Brasil nestes dias, a recomendação dos especialistas é evitar ao máximo a exposição ao sol e ao calor, principalmente entre 10h e 16h.