Preço de alimentos dispara no Rio com redução da oferta
Com a redução da oferta de alimentos, os preços dos atacadistas que atuam na Ceasa subiram em média 50% hoje
Da Redação
Publicado em 13 de janeiro de 2011 às 16h21.
Os danos provocados pelas chuvas na região serrana do Rio de Janeiro já provocam desabastecimento de alimentos na capital fluminense e região metropolitana. Com aproximadamente 17 mil produtores rurais, a área atingida é responsável por 40% da produção de verduras, folhas e legumes do Estado e movimenta R$ 850 milhões por ano.
Segundo João Maurício Tomasi, diretor de relacionamento com produtores das Centrais de Abastecimento do Estado do Rio (Ceasa-RJ), o número de caminhões que descarregou mercadorias hoje nos pavilhões do centro de atacado do Grande Rio, na zona norte da capital, caiu a menos da metade do normal.
"Ainda não temos como dimensionar o impacto no abastecimento, mas o movimento de caminhões é um bom termômetro. Ainda temos poucas informações, mas o que sabemos até agora é que muitas propriedades foram atingidas e não há estradas para escoar a produção que ficou a salvo", disse o diretor.
Segundo Tomasi, com a redução da oferta de alimentos, os preços dos atacadistas que atuam na Ceasa subiram em média 50% hoje. O preço da caixa de tomate dobrou, passando de R$ 35 para R$ 70. A oferta do produto no Rio deve ser a mais afetada pela chuva. Com a entressafra em Paty do Alferes e São José de Ubá, praticamente todo o tomate que abastece a Ceasa-RJ vinha da região serrana.
A região também responde por boa parte da produção de folhas. O preço da alface, caixa com 18 peças, saltou de R$ 12 para R$ 30 em um só dia. "Outras folhas como chicória e agrião também subiram. A salsa aumentou 500%. Mesmo assim, o que tinha foi logo vendido. Já os preços de inhame, aipim, batata-doce e outros legumes não subiram tanto porque há produção em áreas mais perto da região metropolitana", explicou Tomasi.
O presidente da Ceasa-RJ, Mário Ferreira, afirmou que o Estado deverá liberar a comercialização de alimentos produzidos nos Estados vizinhos São Paulo, Minas Gerais e Espírito Santo nos pavilhões exclusivos para produtores fluminenses como forma de amenizar o desabastecimento, que já afeta pequenas mercearias.
Restaurantes do Centro do Rio hoje exibiam placas se desculpando com clientes pela falta de itens para saladas por causa das chuvas. "Já começa a faltar alimentos e o nosso papel é tentar minimizar os danos. Mas o impacto é inevitável, inclusive no preço", afirmou Ferreira, lembrando que a Ceasa-RJ é a principal central de abastecimento de alimentos do Rio e o segundo entreposto do gênero do País.
Para Tomasi, não devem faltar alimentos nos grandes supermercados, que têm maior flexibilidade de acionar atacadistas em outros Estados. "Esse tipo de produto é perecível não dá para ter grandes estoques. Por isso o reflexo do que aconteceu na região serrana foi imediato. É nosso maior problema de abastecimento em quatro anos", afirmou o diretor.