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Porta-voz diz que "entende" o "embrutecimento" da PM do Rio

Major Ivan Blaz, disse que, "como policial", entende "a perda de sensibilidade e o embrutecimento por parte desses policiais"

PM do Rio: porta-voz também disse que o contexto da execução, que foi filmada, não pode ser tratado como caso isolado (Tomaz Silva/Agência Brasil)
EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 31 de março de 2017 às 14h02.

Última atualização em 31 de março de 2017 às 16h02.

Rio - O porta-voz da Polícia Militar , o major Ivan Blaz, disse que, "como policial", entende "a perda de sensibilidade e o embrutecimento por parte desses policiais".

A declaração foi dada ao jornal O Estado de S. Paulo, ao comentar o caso da execução de dois homens por PMs, na quinta-feira, 30, no bairro de Acari, zona norte do Rio.

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"Institucionalmente, a obrigação da PM é apurar o fato e punir exemplarmente os policiais para que isso não se repita. Mas, pessoalmente, enquanto policial militar que já esteve em situações de confronto armado, eu entendo a perda de sensibilidade e o embrutecimento por parte desses policiais. Eles não estão lidando com pequenos ladrões, estão lidando oponentes armados com fuzis", disse o major ao jornal.

Blaz também acrescentou que "diariamente" policiais se envolvem em confrontos armados. "Isso gera um embrutecimento, ele observa um cenário em que muitos policiais estão morrendo e, naquele momento, ele também quer viver acima de tudo. É uma lógica perversa", completou.

O porta-voz também disse que o contexto da execução, que foi filmada, não pode ser tratado como caso isolado. Segundo ele, o Rio está vivendo um contexto social "que remete ao início dos anos 90".

"Você tem uma crise econômica aguda, a ocupação desordenada de espaços urbanos, propiciando assim a criação dos feudos do tráfico de drogas. Aquela área do batalhão de Irajá é uma área conflagrada. É uma realidade de zona de guerra. Para que essa realidade acabe, tem que haver um investimento, uma ocupação territorial permanente. A partir daí, você tem uma cidade, uma vida urbana real e não aquilo que existe ali", afirmou.

O major também comentou o fato de, durante o confronto violento, Maria Eduarda Alves da Conceição, de 13 anos, ter sido morta dentro do pátio de um colégio em Acari. Ele classificou o caso como "perda inestimável", mas disse que não foi o primeiro caso na região.

"Ela estava onde jamais algo de ruim poderia acontecer para uma criança, que é no colégio, em aula, mas repito isso não é novidade na região. Não é a primeira criança a morrer dentro de colégio naquela região e, se o contexto social permanecer o mesmo, o caminho não vai ser outro", disse.

"A gente pode observar, nas redes sociais, as inúmeras manifestações de apoio a ação desses policiais. Estamos caminhando para um lado perigoso.Estamos banalizando ações auto executórias, banalizando ações que não respeitam o estado democrático de direito", acrescentou.

O policial também disse que a corporação fez a sua parte em relação a apuração do fato.

"A PM cedeu as armas para a perícia e as armas dos criminosos que morreram no local. Mas é importante que a gente fale que, em uma troca de naquela região, dezenas de fuzis são utilizados por parte dos marginais. Identificar qual arma que atingiu um civil é uma missão exatamente difícil. Estamos falando de armas de guerra, que polícia nenhuma enfrenta, só a do Rio", afirmou.

Questionado pelo jornal O Estado de S. Paulo, o major disse que 30 policiais participaram da operação na região. Porém, só as armas dos dois PMs flagrados no vídeo foram entregues para a Polícia Civil, que investiga o crime. "Se entregarmos todas as armas, melhor fechamos o batalhão", justificou.

Os PMs, que ainda não tiveram os nomes revelados pela corporação, estão presos na unidade prisional para policiais, em Niterói, na Região Metropolitana.

Eles foram ouvidos durante a madrugada pela Divisão de Homicídios da Capital e autuados por homicídio qualificado.

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