Temer: preocupações com a segurança do presidente (Ueslei Marcelino/Reuters)
Estadão Conteúdo
Publicado em 7 de abril de 2018 às 11h51.
Brasília - O presidente Michel Temer passou a noite no Paraná onde, nesta manhã de sábado (7) , participa de um painel do III Simpósio Nacional de Varejo e Shopping de Foz do Iguaçu. Ontem (6) à noite, depois de posse de diretoria da Federação das Indústrias em Salvador, Temer voou direto para Foz do Iguaçu, informação que foi omitida em sua agenda.
A decisão de ir direto para Foz do Iguaçu, sem alarde e sem constar na agenda, faz parte da estratégia do Planalto de preservação da segurança do presidente, ainda mais em momentos de crise e acirramento dos ânimos, com clara incitação à violência, pregada por militantes petistas, principalmente agora, após a decretação da prisão do ex-presidência Luiz Inácio LUla da Silva pelo juiz Sérgio Moro.
O Planalto está mais preocupado com a segurança do presidente Michel Temer e também de sua família. Ontem (6), sem prévia divulgação da viagem, Temer seguiu para Foz diretamente de Salvador, para preservá-lo, mudando sua rotina de retornar normalmente para Brasília depois das viagens ou, no máximo, seguir direto para São Paulo, para dormir e depois embarcar para o próximo destino.
Desde a tarde de sexta-feira já havia aumentado a preocupação do Planalto com a possibilidade de enfrentamento entre grupos políticos, por conta deste acirramento dos ânimos após decretação da prisão de Lula e a pregação à violência pelos militantes petistas.
A pichação ao prédio, em Belo Horizonte, onde a presidente do Supremo Tribunal Federal, ministra Carmem Lúcia, tem um apartamento, foi considerada "grave" pelo governo.
Na noite desta sexta-feira, após tomar conhecimento da pichação de vermelho ao edifício, o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Sérgio Etchegoyen,telefonou para a ministra Carmem Lúcia para prestar solidariedade a ela.
Etchegoyen ofereceu ainda auxílio do governo federal até mesmo para apuração em relação ao que aconteceu. O governo considerou "lamentável" o ocorrido e colocou à disposição a estrutura para medidas de segurança, embora reconheça que o STF tem seu próprio sistema de proteção à presidente.
O Palácio do Planalto está preocupado com a elevação da temperatura política epossibilidade de aumento da violência em diversas cidades do País por militantes que defendem o ex-presidente Lula da Silva, depois de atos de vandalismo e incitamento ao enfrentamento pelas lideranças ligadas ao PT.
A maior apreensão do presidente Michel Temer, que esteve na noite de sexta-feira em Salvador, em cerimônia na Federação Comercial da Bahia, é com a possibilidade de confronto entre grupos rivais nas ruas e isso levar a um descontrole, prejudicando a população e levando insegurança às cidades.
O governo está monitorando as manifestações em todo o País, seja por meio da Agência Brasileira de INteligência (Abin), seja pelas Forças Armadas. para ter o termômetro da situação e estar atento se houver sinalização de que as coisas possam estar prestes a fugir do controle. No momento, no entanto, apesar do temor e de saberem que basta um pequeno episódio para as coisas tomaram proporções trágicas.
A ministra Carmem Lúcia não estava no seu apartamento no momento do ataque por integrantes do MOvimento dos TRabalhadores SEm Terra, na tarde da sexta-feira. Carmem Lúcia costuma, pelo menos uma vez por mês, passar os fins de semana neste seu apartamento em Belo Horizonte. Segundo apurou o Estado, a ministra, que pediu "serenidade" em pronunciamento por conta do julgamento do habeas corpus contra a prisão de Lula, ficou "assustada" com a agressão, que atingiu também no prédio do Ministério Público, em frente à sua residência.
A ministra mostrou-se apreensiva também com os transtornos provocados pela violência e a pichação, em relação aos demais moradores do prédio. Ela também teme o aumento do acirramento dos ânimos em várias localidades do país, por conta dessas manifestações violentas. A avaliação é de que a pichação acabou sendo realizada por pessoas ligadas ao Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) que estavam participando de atos em apoio à ex-presidente Dilma Rousseff, que hoje transferiu seu titulo para a capital mineira, para se candidatar às eleições de outubro.
A maior preocupação do governo é com a pregação à violência, que pode funcionar como uma bola de neve, espalhando atos de vandalismo pelo País, com fechamento de estradas, por exemplo como já aconteceu nesta sexta-feira, impedindo o direito de ir e vir das pessoas e levando ao confrontos entre grupos rivais. Apesar do estado de ânimo acirrado, o Exército não entrou em prontidão em São Paulo, onde a situação está mais tensa, já que Lula não cumpriu a determinação da Justiça de se entregar e passou mais uma noite no Sindicato dos Metalúrgicos, tentando liderar uma comoção nacional.
O comando das Forças Armadas entende que, não só em São Paulo, mas também em Curitiba, para onde Lula será levado após ser preso, as Polícias Militares têm uma boa estrutura e atuam com firmeza e presteza na contenção de distúrbios e controle da ordem. POr isso mesmo, consideram muito pouco provável que haja necessidade de pedido de reforço a tropas federais para qualquer tipo de emprego nos dois locais. Os dois estados são comandados por tucanos.
Conforme o EStado informou hoje, a possibilidade de um confronto entre os apoiadores do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e os grupos opositores - ou com a polícia -, é considerada pelos militares "um evento perfeitamente controlável pelas organizações estaduais de segurança em São Paulo e no Paraná".
A incitação à violência, não só pelas redes sociais, mas também em entrevistas e discursos espalhados pelo país, foi muito criticada por interlocutores do presidente, principalmente pelo fato de que não se viu o Ministério Público tomar nenhuma atitude para tentar questionar quem estava tirando o sossego da população e cometendo o crime de incentivar o vandalismo.
A mesma crítica foi feita por militares. Eles se queixaram que foram alvos de todo tipo de agressão e declarações raivosas por conta do Twitter do comandante do Exército, general Villas Bôas, que, na visão deles, teria se limitado a defender o cumprimento da Constituição e repudiado a impunidade, embora tenha feito isso, na véspera do julgamento do habeas Corpus de Lula, sendo, por isso, acusado de estar pressionando o STF. Diversas mensagens deWhatsapp circularam entre militares mostrando, entre outros vídeos e notícias, o líder do MST, José Rainha, pregando a guerra civil. Para os oficiais, este tipo de atitude teria de levar os seus responsáveis a responder criminalmente por este ato.