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Por que a Costa Rica é o melhor exemplo ao Brasil no combate à covid-19

Com 792 casos confirmados e apenas sete mortes, a Costa Rica é o país da América Latina com os melhores índices do novo coronavírus

Costa Rica: população recebeu cestas de alimentos distribuídos por pequenos produtores (Juan Carlos Ulate/Reuters)

Costa Rica: população recebeu cestas de alimentos distribuídos por pequenos produtores (Juan Carlos Ulate/Reuters)

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Clara Cerioni

Publicado em 11 de maio de 2020 às 18h27.

Última atualização em 11 de maio de 2020 às 21h09.

Com 5 milhões de habitantes, a Costa Rica é o país da América Latina que registra as melhores estatísticas sobre o novo coronavírus. Segundo dados deste domingo, 10, do Ministério da Saúde local, são 792 casos confirmados, sete mortes e apenas 21 pessoas internadas por causa da doença.

Assim como a maior parte da região, o país registrou o primeiro caso da covid-19 no início de março, precisamente no dia 6, mas conseguiu rapidamente conter a disseminação do vírus. Hoje há cerca de 500 pacientes recuperados, quase o dobro dos 285 casos ativos, ou seja, aqueles que ainda não tiveram um desfecho.

Esse resultado é mais promissor do que o registrado na Nova Zelândia, que virou um exemplo internacional de como lidar com a pandemia. De população semelhante à Costa Rica, o país da Oceania contabiliza 1.497 casos confirmados e 21 mortes em decorrência do novo coronavírus.

Em uma perspectiva lógica, a Costa Rica, que tem um padrão de renda menor, com um PIB per capita de 12.027 dólares, deveria enfrentar mais problemas no combate ao vírus do que a Nova Zelândia, que tem um PIB per capita de 41.945 dólares. Além do padrão econômico, o país latino registra uma média de um médico para cada 1 milhão de habitantes, ante três para a mesma proporção de neozelandeses.

Quais foram as estratégias que a Costa Rica adotou para controlar o vírus e quais lições podem ser aprendidas? De acordo com a avaliação do ministro da Saúde, Daniel Salas, em entrevista ao jornal local The Tico Times, a rapidez de resposta do governo foi importante, mas a colaboração da população foi o diferencial.

Além disso, o país começou a se preparar antes de a doença de fato entrar no território. No final de fevereiro, o Ministério da Saúde já tinha estabelecido protocolos de rastreamento de contatos.

Apesar de ser um país pequeno, a densidade populacional é alta, de 96 habitantes por quilômetro quadrado, o que poderia aumentar a transmissibilidade. A titulo de comparação, o Brasil tem o índice de 24 pessoas por quilômetro quadrado.

Três dias após o primeiro caso confirmado, em 9 de março, o governo suspendeu reuniões em massa e incentivou o trabalho remoto. Em 15 de março, o departamento de saúde ordenou o fechamento de todos os bares, casas de shows, cassinos e parques de diversões. Em 16 de março, foi declarado estado de emergência, com restrição à entrada de não cidadãos e suspensão de aulas.

Após duas mortes, os parques nacionais, praias e centros religiosos foram fechados. Também foi proibido dirigir à noite e um esquema de rodízio de placas foi imposto. Em 31 de março, o governo inaugurou um hospital específico contra a covid-19.

Em uma rede de solidariedade, pequenos produtores também distribuíram alimentos gratuitos para a população mais vulnerável.

Reabertura gradual

Em 1º de maio, quando a maior parte do continente americano passava por um dos piores momentos da pandemia, o presidente do país, Carlos Alvarado Quesada, liberou a reabertura gradual da economia, já que os novos casos diários não passavam de um dígito.

Cinemas, academias e salões de beleza foram autorizados a reabrir, mas com menos horas de funcionamento e regras estritas sobre o número de clientes permitido. "Tivemos um sucesso relativo e frágil, mas não podemos baixar a guarda", disse Alvarado à Reuters. 

As fronteiras seguirão fechadas até pelo menos dia 15, assim como praias, bares, parques, igrejas e centros educacionais. O presidente pediu para que a população se disciplinasse para evitar “uma segunda onda da pandemia.”

Por causa da doença, a economia da Costa Rica está contraindo 3,6% neste ano devido à queda nas exportações e nos gastos dos consumidores.

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