Trabalhadores com renda de até um salário mínimo não pediram por benefício; medida limita alcance de isolamento social (Getty Images/Divulgação)
Karina Souza
Publicado em 17 de novembro de 2020 às 19h16.
Última atualização em 17 de novembro de 2020 às 20h16.
Na pandemia, poucos assuntos foram tão debatidos quanto o auxílio emergencial. Criticado por uns, elogiado por outros, o benefício ajuda a agarantir renda a pelo menos 38 milhões de pessoas em todo o país. Apesar do número expressivo, a medida ainda não é suficiente para atender toda a população vulnerável no país: pelo menos 18 milhões de pessoas com renda de até um salário mínimo não contam com esse auxílio, aponta um estudo recente da Fundação Getúlio Vargas (FGV), publicado pela Agência Bori.
O levantamento, feito pelo Centro de Centro de Estudos de Microfinanças e Inclusão Financeira (FGVcemif), usa como base os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad). A partir dos dados, os pesquisadores identificaram que 38% das pessoas que responderam ao levantamento do governo têm renda de até um salário mínimo. Desses, 94% não recebem benefícios como o auxílio emergencial ou Bolsa Família.
Ao estratificar essa amostra para entender quem seria a população mais vulnerável, os pesquisadores identificaram que mulheres e pessoas pretas e pardas predominam entre os mais vulneráveis.
Informalidade
O estudo ainda aponta que 37% dos trabalhadores informais também estão enquadrados na faixa de renda mensal de até um salário mínimo --- e, para 14% desse total, a renda mensal não supera meio salário mínimo. De acordo com os pesquisadores, a maior parte dessas pessoas não solicitou crédito --- provavelmente por acreditar que não seria contemplada.
Às vésperas da segunda onda da doença no país, o estudo alerta para a necessidade de proteção dessas pessoas, que, frequentemente, não podem adotar medidas de isolamento social mais rígidas pela dependência financeira de trabalhos que exigem presença física.
Daqui pra frente
Uma estimativa da Instituição Fiscal Independente (IFI) do Senado Federal projeta que a prorrogação por quatro meses (janeiro-abril) do auxílio de R$ 300 para 25 milhões de pessoas custaria R$ 15,3 bilhões. De acordo com a instituição, seria necessário discutir novas diretrizes de política fiscal para acomodar esse montante, como a PEC Emergencial.
Com foco em atender a microempreendedores no próximo ano, a Caixa quer oferecer microcrédito. A medida, é claro, é bastante diferente do auxílio emergencial, já que exige o pagamento das parcelas ao banco. O banco afirma que trabalhadores do comércio, reciclagem, cooperativa e profissionais liberais estão entre o público-alvo para a iniciativa.