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Polêmico, Eduardo Cunha enfrenta agora batalha decisiva

Após ser acusado de receber propina, o presidente da Câmara foi denunciado ao STF por seu envolvimento no escândalo da Lava Jato

Presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), durante seminário em Brasília (Ueslei Marcelino/Reuters)

Presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), durante seminário em Brasília (Ueslei Marcelino/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 20 de agosto de 2015 às 17h37.

São Paulo - Opositor declarado do governo da presidente Dilma Rousseff após ser acusado por um delator de receber propina do esquema de corrupção apurado pela operação Lava Jato, o polêmico presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), foi denunciado nesta quinta-feira ao Supremo Tribunal Federal (STF) por seu suposto envolvimento no escândalo.

Nascido no Rio de Janeiro, o parlamentar evangélico, de 56 anos, não dá a outra face aos que o criticam, seja por sua postura na presidência da Câmara, seja pelo envolvimento de seu nome em irregularidades. Pelo contrário, o deputado tem, na verdade, o costume de partir para o ataque usando uma metralhadora verbal contra seus detratores.

Foi o que fez em julho deste ano, quando anunciou seu rompimento com o Palácio do Planalto depois de o empresário Júlio Camargo, um dos delatores da Lava Jato, ter dito em depoimento que Cunha lhe pediu pessoalmente o pagamento de 5 milhões de dólares em propina.

Na ocasião, Cunha disparou sua munição contra o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, a quem acusou de persegui-lo, de poupar ministros do governo e a própria presidente e de atuar em conluio com o Executivo para constrangê-lo. O parlamentar aproveitou ainda para atribuir a estratégia de perseguição que alega sofrer a "um bando de aloprados" instalados no Palácio do Planalto sem, no entanto, citar nomes.

No quarto mandato de deputado federal, Cunha já era visto como desafeto do governo Dilma antes mesmo de chegar no início do ano ao comando da Casa. No ano passado, quando era líder da bancada do PMDB na Câmara, ele esteve à frente do chamado "blocão", que reuniu deputados descontentes com o governo.

Apontado como artífice de derrotas sofridas pelo governo na Câmara desde que assumiu a presidência da Casa, Cunha passou a engrossar sua munição verbal contra o governo desde que teve seu nome envolvido na Lava Jato e, consequentemente, rompeu com o Planalto.

Entre os alvos dos disparos já estiveram o ajuste fiscal realizado pelo governo, classificado por Cunha de "pífio", a articulação política do governo, comandada pelo vice-presidente da República e presidente do PMDB, Michel Temer.

PT: "ADVERSÁRIO"

A relação com o PT, partido de Dilma, também não escapou da metralhadora do presidente da Câmara.

"O PT é o meu adversário e todos sabem. O PT pedindo a minha destruição só me dá alegria, porque se pedisse a minha permanência, talvez eu tivesse errado", disse o deputado recentemente.

Entre os pontos de atrito com os petistas estão decisões de Cunha de colocar para nova votação o financiamento privado de campanhas e a redução da maioridade penal depois de os temas serem derrotados em uma primeira votação. Contrários ao financiamento privado e à redução da maioridade, petistas acusaram Cunha de violar o regimento, o que ele negou.

Economista de formação, torcedor do Flamengo, casado e pai de quatro filhos, cabe ao agora denunciado Cunha, como presidente da Câmara, dar ou não seguimento a pedidos de impeachment contra Dilma. O deputado tem dito que, apesar de seu rompimento com o Planalto, trataria os pedidos de impeachment de acordo com a legislação.

"A forma de tratar isso tem que ser séria, conforme a Constituição", disse.

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