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PM bebe mais que policial civil (pelo menos no Rio)

Embora a frequência do consumo seja semelhante nas duas corporações, 19,2% dos policiais militares ingerem entre 10 a 19 doses da bebida de uma só vez


	Estudo realizado pela Fundação Oswaldo Cruz entre agentes de segurança pública do RJ mostrou que os policiais militares fazem uso mais excessivo de bebida alcoólica do que os policiais civis
 (Marcos Santos/USP Imagens/USP Imagens)

Estudo realizado pela Fundação Oswaldo Cruz entre agentes de segurança pública do RJ mostrou que os policiais militares fazem uso mais excessivo de bebida alcoólica do que os policiais civis (Marcos Santos/USP Imagens/USP Imagens)

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Da Redação

Publicado em 11 de abril de 2013 às 09h35.

Rio de Janeiro - Um estudo realizado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) entre agentes de segurança pública do Rio de Janeiro mostrou que os policiais militares fazem uso mais excessivo de bebida alcoólica do que os policiais civis.

Embora a frequência do consumo seja semelhante nas duas corporações - cerca de 11% consomem diariamente e 33%, ao menos uma vez por semana -, 19,2% dos policiais militares ingerem entre 10 a 19 doses da bebida de uma só vez.

O porcentual é quase três vezes maior do que o observado entre os policiais civis.

A pesquisa, publicada em março na revista online "Ciência e Saúde Coletiva", foi realizada em 53 unidades e trabalhou com uma população estimada de 1.437 policiais civis e de 10.342 policiais militares, analisando questionários aplicados aos policiais entre os anos de 2003 e 2008.

O trabalho, realizado pelo Centro Latino Americano de Estudos de Violência e Saúde Jorge Careli (Claves), da Escola Nacional de Saúde Pública da Fiocruz, analisou o consumo de bebida alcoólica e outras substâncias lícitas e ilícitas nas duas instituições, e é parte de uma linha de pesquisa em andamento desde 2004, que investiga as condições de saúde, trabalho e qualidade de vida dos policiais do Rio.

De acordo com a pesquisadora Patrícia Constantino, uma das quatro autoras do artigo, esses percentuais podem ser maiores. "Muitos podem ter se sentido constrangidos por responder ao questionário". Ela destaca, no entanto, que o consumo de álcool entre os agentes não está distante do verificado na parcela total da população brasileira.


O consumo de substâncias ilícitas, como maconha, cocaína e crack, também é maior entre os PMs: cerca de 1,1%, quase 10 vezes mais que os policiais civis.

Patrícia destaca um dado que chamou atenção no estudo: o uso de ansiolíticos na corporação policial tem uma proporção maior do que na população em geral - 13% entre os civis e 10% entre os militares. Na população brasileira, esse índice é de 4%.

Relatos

Após consumirem álcool e outras substâncias, os policiais relataram problemas com a família e de agressividade, distúrbios de saúde, dificuldade nas relações sexuais e ausência do uso de preservativos (mais comum entre os civis), além de problemas no trabalho e falta ao serviço (mais comum entre os militares).

Embora a maioria dos policiais afirme não ficar embriagada, o porcentual de embriaguez é maior entre os policiais militares (13,7%) do que entre os civis (6,5%). A pesquisa também destaca indicadores de um quadro de dependência alcoólica em parte dos agentes.


"É preocupante a existência de uma parcela de 3% dos agentes militares e 0,5% dos civis que bebem e se embriagam durante 20 ou mais dias do mês", aponta o relatório. São analisadas a frequência e a dosagem do uso de álcool; no entanto, o questionário não possui dados mais específicos quanto ao momento em que esse consumo ocorre - se antes, durante ou depois do expediente.

A pesquisa também fez um recorte analisando mais detidamente os policiais que fazem um consumo mais pesado destas substâncias (uso diário ou ao menos uma vez por semana de álcool, fumo regular, e consumo de pelo menos uma substância psicoativa - lícita ou ilícita - nos últimos 12 meses).

Constatou que 73% desse grupo encontra-se lotado em unidades operacionais e 59,7% exercem outra atividade remunerada fora da corporação. E 79,3% deles se consideram constantemente expostos a riscos.

"O uso das substâncias pode aparecer como uma válvula de escape à pressão decorrente do processo de trabalho. Vários estudos demonstram que há relação com um processo de trabalho estressante, onde o risco é iminente, e com a própria perspectiva do estresse pós-traumático", diz Patrícia.

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