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PGR deve avaliar vazamento de delação internacional da Odebrecht

A empresa apresentou uma petição ao STF alegando que teria ocorrido desrespeito à manutenção do sigilo do acordo de colaboração

Raquel Dodge: a empreiteira apresentou pedidos para evitar o vazamento de informações da chamada parte internacional da delação (José Cruz/Agência Brasil)
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Reuters

Publicado em 26 de outubro de 2017 às 16h42.

Brasília - O ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), remeteu para avaliação da procuradora-geral da República, Raquel Dodge , se houve eventual crime e quem seriam os responsáveis pelo vazamento de informações da delação da Odebrecht referentes a irregularidades cometidas pela empreiteira em países estrangeiros.

A empresa apresentou uma petição ao STF alegando que teria ocorrido desrespeito à manutenção do sigilo do acordo de colaboração da Odebrecht homologado pela Corte, especificamente na parte internacional.

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Em sua decisão, Fachin argumentou que o regimento interno do Supremo não prevê que a Corte processe qualquer comunicação de crime e que deve encaminhar os autos para a Procuradoria-Geral da República.

"Diante do exposto, encaminhe-se a petição apresentada, e os documentos que a instruem, à Procuradoria-Geral da República, substituindo-os por cópia", determinou o ministro do STF, em decisão tornada pública nesta quinta-feira e obtida pela Reuters.

Em uma recente ofensiva no Supremo, a empreiteira apresentou pedidos para evitar o vazamento de informações da chamada parte internacional da delação premiada da Odebrecht, punindo também eventuais responsáveis pelos vazamentos.

Em um dos pedidos, que está sob sigilo e foi divulgado pela Reuters na semana passada, a defesa da empreiteira acusa a procuradora-geral destituída da Venezuela Luisa Ortega Díaz de ter divulgado dados da colaboração premiada que ainda estavam sob sigilo, como um vídeo referente à irregularidades na campanha de presidente venezuelano Nicólas Maduro.

A divulgação desse vídeo, citou a empreiteira, ocorreu após a visita de Luísa Ortega ao então procurador-geral da República Rodrigo Janot, em Brasília.

A empresa argumenta que há risco à "integridade física" dos colaboradores e de suas famílias, ao desenlace das investigações nos países estrangeiros e ao próprio patrimônio da Odebrecht, que pode ser "vítima de represálias das organizações criminosas que, sabendo anteriormente da medida investigativa, busca evitá-la ou mitigá-la".

A Odebrecht pediu concessão de liminar para impedir a ex-procuradora venezuelana de divulgar documentos, sob pena de ela ter de pagar uma multa diária no valor de 50 mil reais.

Em abril, Fachin derrubou o segredo de Justiça da delação do grupo na parte referente aos crimes cometidos no Brasil. Esse material levou à abertura de 76 inquéritos criminais somente no STF.

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