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PF prende grupo que preparava atos de terrorismo no Brasil

Foram 12 mandados de prisão por mensagens que mostram tendências à intolerância racial, de gênero e religiosa, uso de armas e táticas de guerrilha

Olimpíada: o ministro da Justiça, Alexandre Moraes, vai conceder uma entrevista coletiva dentro de instantes em Brasília (Stoyan Nenov / Reuters)

Olimpíada: o ministro da Justiça, Alexandre Moraes, vai conceder uma entrevista coletiva dentro de instantes em Brasília (Stoyan Nenov / Reuters)

Raphael Martins

Raphael Martins

Publicado em 21 de julho de 2016 às 12h34.

Última atualização em 1 de agosto de 2017 às 11h51.

São Paulo –  A Polícia Federal deflagrou nesta quinta-feira (21) uma operação contra um grupo que planejava atos de terrorismo no Brasil.

A Operação "Hashtag" investiga possível participação de brasileiros em organização criminosa de alcance internacional, como uma célula do Estado Islâmico no país. A investigação está centrada na Justiça Federal do Paraná, de onde o líder do grupo organizava as discussões.

Foram expedidos 12 mandados de prisão temporária por 30 dias podendo ser prorrogados por mais 30. Em entrevista coletiva, o ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, fala em 10 detenções e dois a serem capturados até as 12 horas de hoje.

As informações foram obtidas a partir de quebra de sigilos de dados telefônicos autorizados judicialmente. As mensagens mostram tendências à intolerância racial, de gênero e religiosa, uso de armas e táticas de guerrilha.

"O que antes era espécie de uma apologia, passou para a conversa sobre atos preparatórios [de terrorismo]", afirma Moraes. "Foi feita imediata atuação por parte do governo federal, com 10 prisões desses supostos terroristas, que se comunicavam por WhatsApp e Telegram".

Por "atos preparatórios", o ministro entende aulas de tiro e artes marciais, além do "batismo" feito por simpatizantes do Estado Islâmico ao redor do mundo. Segundo Moraes, um dos acusados chegou a entrar em contato com um portal de armas clandestinas do Paraguai, mas não há informação de que ele tenha obtido algum armamento.

O processo tramita em segredo de Justiça. Os indivíduos, cujos nomes não serão divulgados, foram enquadrados nos artigos 3º e 5º da Lei 13.260/16, conhecida por Lei Antiterrorismo.

No radar

A principal suspeita é que o alvo dos acusados fosse os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro. Na última segunda-feira (18), um grupo extremista no Brasil manifestou apoio ao grupo terrorista Estado Islâmico com esse objetivo.

O canal "Ansar al-Khilafah #Brazil" no aplicativo de mensagens Telegram foi revelado pela equipe de monitoramento especializado em atividade de terror SITE Intelligence Group.

"Um canal no Telegram chamado Ansar al-Khilafah #Brazil postou uma promessa de fidelidade ao líder do EI Baghdadi", diz o tweet da equipe.

A diretora do grupo, Rita Katz, complementa: "Declaração de fidelidade ao EI é a primeira de um grupo na América do Sul. Preocupante: canais de línguas ocidentais (inglês, português, espanhol, alemão, etc) vem demonstrando drástico aumento em tamanho e engajamento".

No dia seguinte, a SITE divulgou comunicação no referido canal elencando 17 maneiras de realizar atentados durante o evento.

O grupo cita técnicas como ações contra aeroportos e transportes públicos, ataques com faca, tomada de reféns, envenenamento, ameaças falsas e a ação de lobos solitários, pessoas que agem sozinhas em nome de uma causa.

*Atualizado às 12h30.

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