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PF faz novas buscas em operação contra cúpula do transporte do RJ

A Operação Ponto Final foi deflagrada na última segunda-feira e investiga pagamento de mais de R$ 260 milhões a políticos e agentes públicos

Transporte: vários núcleos e operadores financeiros da organização criminosa foram identificados durante as investigações (Tânia Rêgo/Agência Brasil)

Transporte: vários núcleos e operadores financeiros da organização criminosa foram identificados durante as investigações (Tânia Rêgo/Agência Brasil)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 5 de julho de 2017 às 09h57.

A Polícia Federal, em parceria com o Ministério Público Federal, cumpre nesta quarta-feira, 5, mais quatro mandados expedidos pelo Juízo da 7ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro, sendo 3 mandados de busca e apreensão e um de condução coercitiva, todas na capital fluminense.

Todas as ordens judiciais cumpridas nesta quarta são um complemento à Operação Ponto Final, deflagrada na última segunda-feira, 3, um esquema que atuava no setor de transportes do Rio de Janeiro.

A Ponto Final investiga pagamento de mais de R$ 260 milhões a políticos e agentes públicos. Um dos principais empresários do ramo no estado do Rio, Jacob Barata filho, foi preso ainda na noite de domingo, 2, no aeroporto Internacional Tom Jobim, tentando embarcar para Portugal. Também foram presos na segunda o presidente-executivo da Fetranspor Lélis Teixeira e o ex-presidente do Detro Rogério Onofre.

Durante as investigações, foi possível identificar vários núcleos e operadores financeiros da organização criminosa. Nos depoimentos prestados ao Ministério Público Federal, foram confirmados os pagamentos de propinas nos moldes dos realizados pelas empreiteiras, só que dessa vez no setor de transporte público - com o objetivo de garantir tarifas e contratos com o Governo do Estado do Rio.

As investigações contaram com depoimentos prestados em sede de colaboração premiada, que detalharam a forma como era feita a custódia do dinheiro em espécie em transportadoras de valores para a posterior distribuição de propina a políticos e agentes públicos.

Por meio de documentos e planilhas com registros da distribuição de propina entregues, os colaboradores permitiram identificar a estrutura montada pelas empresas de ônibus e Fetranspor para obter vantagens indevidas nos contratos públicos firmados.

De acordo com as investigações, entre 2010 e 2016, Sérgio Cabral recebeu R$ 122,85 milhões. Já Rogério Onofre, ex-presidente do Detro, recebeu R$ 44,1 milhões em propinas pagas pelas empresas de ônibus.

Ação

Luiz Carlos Bezerra, apontado pelos investigadores como operador financeiro de Sérgio Cabral, confessou voluntariamente que recolhia propina na sede da empresa Flores em São João de Meriti. Bezerra admitiu também que codinomes como "Jardim", "Flowers" e "Garden" constantes de anotações de contabilidade feitas em agendas, apreendidas durante a deflagração da Operação Calicute, em novembro de 2016, eram referentes à Companhia Viação Flores, cujo sócio administrador é o empresário José Carlos Reis Lavouras - sócio também de mais 13 empresas ligadas ao ramo de transporte. Lavouras também figura como membro do Conselho de Administração da Riopar Participações SA (Bilhete Único e Riocard) juntamente com o empresário Jacob Barata Filho (na condição de presidente) e Lélis Marcos Teixeira (como secretário da mesa apuradora).

Para o Ministério Público Federal, o esquema de corrupção encontra-se organizado a partir de quatro núcleos básicos: núcleo econômico, formado pelos executivos das empresas organizadas em cartel; o núcleo administrativo, composto por gestores públicos do governo do Estado, os quais solicitaram/receberam propinas; núcleo operacional cuja principal função era promover a lavagem de dinheiro desviado; e núcleo político, integrado pelo líder da organização Sérgio Cabral.

A Operação Ponto Final decorre das investigações das Operações Calicute e Eficiência.

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