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Petistas cobram investigação federal de ataque a caravana de Lula

Secretaria de Segurança Pública do Paraná disse em nota que foi aberto um inquérito "para apurar as circunstâncias do fato"

Lula: ao menos dois ônibus da caravana do ex-presidente foram atingidos por tiros ontem (Paulo Whitaker/Reuters)

Lula: ao menos dois ônibus da caravana do ex-presidente foram atingidos por tiros ontem (Paulo Whitaker/Reuters)

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Reuters

Publicado em 28 de março de 2018 às 15h15.

Última atualização em 28 de março de 2018 às 15h38.

Brasília - Petistas da Câmara dos Deputados cobraram nesta quarta-feira atitudes democráticas de políticos e demandaram que o aparato federal se envolva na investigação sobre o ataque a tiros à caravana do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ocorrido na véspera, no Paraná.

Em coletiva de imprensa nesta quarta-feira, deputados do partido criticaram os atos de violência praticados contra a manifestação política do ex-presidente e afirmaram que não se pode "relativizar" ou "naturalizar" o ataque.

"Isso é crime federal e nós pedimos ao ministro (da Segurança Pública) Raul Jungmann que reconsidere suas palavras, porque é um crime político, é de esfera federal. Foi no Paraná, mas ele tem um transbordamento e claro contexto político. Isso é crime federal", disse o deputado Celso Pansera (PT-RJ).

"Estamos diante de um crime político.... há aqui uma tentativa de assassinato do presidente Lula e aos integrantes da caravana", afirmou o deputado Marco Maia (PT-RS). "Não é normal, não é natural, não está dentro do Estado Democrático de Direito", disse.

Ao menos dois ônibus da caravana de Lula foram atingidos por tiros em uma estrada entre as cidades de Quedas de Iguaçu e Laranjeiras do Sul, no Paraná. Ninguém se feriu. Um dos veículos, que também teve os pneus furados por pregos colocados na estrada, levava jornalistas que acompanham a caravana e teve a lataria furada pelos disparos. Lula não estava neste veículo.

A Secretaria de Segurança Pública do Paraná disse em nota que foi aberto um inquérito "para apurar as circunstâncias do fato" e que a unidade de elite da Polícia Civil do Estado está em Laranjeiras do Sul para auxiliar nas investigações. O órgão afirmou ainda que o laudo da perícia do ônibus deve ficar pronto nos próximos dias.

Os deputados petistas tentam uma audiência com Jungmann e estudam que medidas judiciais podem ser tomadas para envolver o Ministério Público Federal e a Polícia Federal nas investigações. Também estão reunindo vídeos, áudios de redes sociais sobre pessoas supostamente envolvidas nos ataques.

Os petistas também apontaram que precisam ser tomadas ações contra políticos que, de alguma forma, incitam a violência, como alguns parlamentares de partidos da base do governo, e citaram nominalmente o presidenciável Jair Bolsonaro (PSL-RJ), referindo-se a um vídeo do deputado em evento no Espírito Santo.

"Há uma incitação à violência de forma cabal, de forma clara, de forma objetiva", disse Marco Maia.

O deputado Paulo Teixeira (PT-SP), aproveitou também para criticar declarações do presidente Michel Temer, do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, e do prefeito de São Paulo, João Dória, sobre o ataque, defendendo que não se pode "assistir da poltrona e minimizar".

"Com o assassinato da (vereadora) Marielle Franco e agora com os tiros desferidos contra a caravana do presidente Lula, o Brasil está passando para um outro patamar da política: a violência política. A violência política remete a uma deterioração da democracia, uma mexicanização do Brasil", avaliou Teixeira.

Para Pansera, o "primeiro reflexo" de um democrata deve ser o de repudiar ações como esta. "Os democratas do país têm que estar atentos ao que se fala."

Reações

Temer lamentou o ataque, mas insinuou que a responsabilidade pelo clima de instabilidade e divisão no país vem do passado e do discurso de "uns contra outros".

Alckmin, por sua vez, após afirmar na véspera que o PT "colhe o que planta" ao comentar o ataque à caravana de Lula, mudou o tom em mensagem no Twitter nesta quarta e afirmou que "toda forma de violência" deve ser condenada.

Bolsonaro, por sua vez, afirmou em evento no Paraná nesta quarta que Lula quis transformar o país em um "galinheiro" e que agora está "colhendo os ovos".

Ele se referiu ao fato de os ônibus da caravana do petista também terem sido alvos de ovos lançados por manifestantes contrários a Lula. Pedras e tomates também foram jogados contra a caravana, que passou por Rio Grande do Sul e Santa Catarina.

"Eu quero o Lula em cana!", disse Bolsonaro a simpatizantes no aeroporto de São José dos Pinhais, região metropolitana de Curitiba, ao discursar depois de ser carregado nos ombros, receber e vestir uma réplica de faixa presidencial.

"(Lula) quis transformar o Brasil em um galinheiro. Está colhendo os ovos por todo o país", disse o pré-candidato à Presidência pelo PSL.

Outros presidenciáveis foram às redes sociais para criticar os ataques a tiros à caravana de Lula, assim como as ameaças que o ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), relator da Lava Jato na corte, disse que sua família sofreu.

"O ataque criminoso à caravana do ex-presidente Lula é absurdo e deve ser investigado com rigor. E repito a pergunta: quem matou Marielle?", escreveu o pré-candidato do PDT ao Planalto, Ciro Gomes.

A ex-senadora Marina Silva, pré-candidata da Rede, disse que repudia "veementemente" tanto os tiros contra a caravana de Lula quanto as ameaças à família de Fachin.

"Devemos lutar pelo direito a livre manifestação e pelo respeito às instituições da Justiça, que são preceitos constitucionais e alicerces fundamentais da nossa democracia", escreveu ela no Twitter.

O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles --possível candidato à Presidência pelo MDB ou até mesmo companheiro de chapa de Temer--, condenou explicitamente, pelo Twitter, o episódio envolvendo a caravana de Lula.

"Numa democracia, resolvemos nossas divergências políticas nas eleições, através do debate e do respeito ao resultado eleitoral. O que aconteceu ontem no Paraná foi um atentado contra a liberdade de expressão de um líder político e isso é inadmissível numa democracia", escreveu o ministro.

Pré-candidato do DEM ao Planalto, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (RJ), também se manifestou pela rede social.

"É gravíssimo o que aconteceu ao ex-presidente Lula, não apenas o ataque a tiros contra o ônibus, que foi o ponto final de alguns dias de absurdos, uma tentativa de inviabilizar a mobilização do ex-presidente", escreveu.

O ato final da caravana de Lula pela Região Sul se dará nesta quarta em Curitiba --onde Bolsonaro também terá agenda-- e, após o ataque a tiros da véspera, o encerramento será suprapartidário com a presença de outros pré-candidatos ao Planalto, como Manuela D'Ávila (PCdoB) e Guilherme Boulos (PSOL).

"Quatro tiros contra a caravana de Lula. O nome disso é atentado. O nome disso é fascismo", escreveu Manuela no Twitter.

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