CCJ do Senado: proposta segue agora para análise do plenário (Geraldo Magela/Agência Senado)
Redação Exame
Publicado em 10 de dezembro de 2025 às 15h30.
A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado aprovou nesta quarta-feira, 10, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 148/2015, que reduz de forma progressiva a jornada máxima semanal de trabalho no país até o limite de 36 horas.
O texto garante ainda dois dias de descanso remunerado, preferencialmente aos sábados e domingos.
Com a aprovação na CCJ, a proposta seguirá agora para análise do plenário do Senado em dois turnos. Se for aprovada, será encaminhada à Câmara dos Deputados.
A PEC estabelece uma transição ao longo de quatro anos. No ano seguinte à promulgação, o limite semanal cairá de 44 para 40 horas. Depois disso, a jornada será reduzida em uma hora por ano até atingir o teto de 36 horas semanais, sem prejuízo salarial.
Relator da proposta, o senador Rogério Carvalho (PT-SE) afirmou que a mudança atende a demandas atuais de bem-estar, produtividade e saúde. Segundo ele, a jornada 6x1, ainda comum em diversos setores, tem sido apontada por especialistas como geradora de fadiga, maior risco de acidentes e impactos negativos na vida social.
Pesquisa do DataSenado citada no relatório indica que 84% dos trabalhadores acreditam que jornadas menores melhorariam a qualidade de vida.Autor da PEC, o senador Paulo Paim (PT-RS) defendeu que a medida também traz benefícios ao setor produtivo, ao reduzir a dependência de horas extras e permitir melhor distribuição do trabalho.
Estudos mencionados no parecer apontam resultados positivos em experiências recentes de redução de jornada na Espanha e em Portugal, com ganhos de produtividade e geração de novos empregos.
O projeto foi inserido de última hora na sessão da CCJ desta quarta-feira e a aprovação ocorreu em menos de cinco minutos, de forma simbólica.
O senador Eduardo Girão (Novo-CE) reclamou que o tema não havia sido incluído na lista oficial de deliberações, o que impediu a apresentação de pedido de vista. "Estudamos as matérias pautadas e, às vésperas do recesso, aparece uma extra pauta. Confesso que me sinto violentado por essa atitude", afirmou Girão.
O senador Otto Alencar (PSD-BA), presidente da comissão, rebateu que a proposta já vinha sendo debatida há meses. "Lamento que Vossa Excelência não tenha participado de nenhuma das três audiências públicas que realizamos. Todos tiveram oportunidade de debater", disse o senador.
A aprovação foi uma surpresa para o governo Lula. Segundo informações do Globo, o Executivo decidiu mudar a estratégia e priorizar esforços no Senado para votar o texto no plenário antes do recesso de final de ano.
*Com informações da Agência Senado e do Globo