Paulinho da Força: deputado federal é presidente do partido Solidariedade (Valter Campanato/Agência Brasil)
Estadão Conteúdo
Publicado em 13 de outubro de 2020 às 18h57.
Última atualização em 13 de outubro de 2020 às 19h44.
O Ministério Público Eleitoral denunciou nesta terça-feira, 13, o deputado federal Paulinho da Força, presidente do partido Solidariedade, por falsidade ideológica eleitoral (caixa dois), corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
Os crimes, segundo a denúncia, foram cometidos nas campanhas à reeleição na Câmara, em 2010, e nos anos de 2012 e 2013, após ter disputado a prefeitura de São Paulo.
Segundo a MP, Paulinho da Força recebeu 1,7 milhão de reais em propinas da J&F. Os pagamentos foram revelados nas delações premiadas, homologadas pelo Supremo Tribunal Federal, de ex-executivos do conglomerado — incluindo Joesley Batista, Wesley Batista e Ricardo Saud.
"[Os pagamentos] estão também inseridos no contexto das relações de interesse do Grupo J&F, em manter boas relações com ocupantes e postulantes de cargos públicos, tendo em vista os contratos de financiamento firmados com bancos públicos e fundos de pensão", sustenta o Ministério Público Eleitoral.
Os relatos foram investigados no inquérito da Polícia Federal que resultou na deflagração da Operação Dark Side, em julho, com o cumprimento de mandados de busca e apreensão em endereços ligados ao deputado, incluindo a sede da Força Sindical e o gabinete do parlamentar em Brasília. Segundo os investigadores, as provas colhidas mostram que a J&F usou doleiros e notas frias para repassar o dinheiro a Paulinho da Força. O advogado e também denunciado Cristiano Viela de Pinho, por exemplo, teria sido usado como intermediário dos pagamentos ao simular contratos de prestação de serviços advocatícios.
Após a conclusão do inquérito da Dark Side, no início do mês, o deputado federal foi indiciado pela PF pelos mesmos crimes denunciados nesta terça.
Os promotores de Justiça que integram a força-tarefa do MP Eleitoral, Fábio Bechara, Everton Zanella, Luiz Ambra, João Santa Terra e Rodrigo Caldeira, pedem ao Judiciário que, além de condenar o deputado e o advogado pelos crimes apontados, determine o recolhimento de 1,7 milhão de reais a título de reparação por danos morais difusos causados pelas infrações.
Com a palavra, o advogado Fernando Araneo, que defende Cristiano Vilela
"A defesa de Cristiano Vilela representada pelo advogado Fernando Araneo informa que somente se manifestará nos autos".
Com a palavra, o deputado Paulinho da Força
"A defesa do deputado Paulo Pereira da Silva apresentará, no momento oportuno, os elementos necessários a demonstrar sua inocência quanto aos fatos apurados. Causa perplexidade que a imprensa e setores do Judiciário utilizem informações de uma delação sabidamente fraudulenta, que agoniza no STF. O deputado ainda repudia a atuação da Lava-Jato com viés político-partidário, extrapolando os limites constitucionais, buscando unicamente dar protagonismo para seus atores".