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Parece que é mentira, dizem moradores de Brumadinho atingidos por tragédia

Um dia após desastre, muitos moradores da região ainda não conseguem pensar no que será daqui pra frente

Moradores de Brumadinho: vizinhos seguem desaparecidos (Washington Alves/Reuters)

Moradores de Brumadinho: vizinhos seguem desaparecidos (Washington Alves/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 26 de janeiro de 2019 às 11h41.

Brumadinho — Todos os dias dona Marilza Franco passava pelo Rio Paraopeba e admirava a beleza do córrego.

As águas claras do afluente, hoje são manchas de cor marrom, que jamais serão esquecidas pelos moradores de Brumadinho que viram de perto o estrago ocasionado pelo rompimento da barragem da mineradora Vale.

Ainda muito incrédulos, os moradores olhavam as marcas da tragédia na manhã deste sábado (26). "Parece que é tudo mentira, mas não é", lamentou dona Marilza.

O marido da dona de casa, de 63 anos, pescava todos os dias no rio, agora atingido pela lama. "É inacreditável. Os dias serão muito difíceis daqui para frente", disse o aposentado ainda muito emocionado.

"Eu amava vir aqui pescar. Às vezes reunia os amigos, vizinhos. Hoje a cena é devastadora".

Duas vizinhas de Marilza seguem desaparecidas. "É muito triste não ter notícias de pessoas que conviviam com a gente todos os dias. Vivemos uma agonia. É um sofrimento que não cabe em mim, e que nunca vou esquecer", contou com os olhos cheios de água.

Muitos moradores da região de Brumadinho ainda não conseguem pensar no que será daqui pra frente. "Vivi muitos anos neste lugar. Era o meu lar, meu refúgio. Aqui eu tinha paz. Agora só Deus sabe como vai ser. Nossas vidas mudaram. É algo que ficará para sempre na memória", concluiu.

Virgílio Fernandes Pessoa, de 60 anos, perdeu tudo o que tinha com a tragédia. Em entrevista ao Estadão, ele disse que ficou apenas com a roupa do corpo.

"Quando estourou a barragem, saiu levando tudo. Graças a Deus que minha esposa conseguiu sair. O que eu tinha foi tudo abaixo. Nem documentos consegui salvar."

Fernandes disse que foi difícil até para tomar banho, e teve que pegar roupa emprestada com familiares. Ele conta que tem problemas de hipertensão, mas os remédios foram juntos na lama.

"O que construímos em 25 anos, foi destruído em um minuto"

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