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Paraguai suspende importação de armas para evitar tráfico para o Brasil

PF diz que maior parte do armamento pesado de criminosos brasileiros é fabricada nos EUA e chega ao país contrabandeada, após ser vendida ao Paraguai

Armas: decisão paraguaia ocorreu após pressão dos EUA, que haviam imposto moratória de três meses à venda de armas ao país sul-americano, cobrando mais controles (Bytmonas/ThinkStock/Thinkstock)

Armas: decisão paraguaia ocorreu após pressão dos EUA, que haviam imposto moratória de três meses à venda de armas ao país sul-americano, cobrando mais controles (Bytmonas/ThinkStock/Thinkstock)

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Reuters

Publicado em 22 de maio de 2018 às 18h10.

Brasília e Assunção - O governo do Paraguai decidiu suspender todas as importações de armas feitas pelo país até que todos os sistemas de controles de exportação sejam aprimorados para evitar o tráfico, informou nesta terça-feira a Divisão de Material Bélico do país.

A decisão veio depois de pressão do governo dos Estados Unidos, que havia imposto uma moratória de três meses à venda de armas ao Paraguai cobrando a melhoria dos controles, e em uma operação também negociada com o governo brasileiro, contou à Reuters uma fonte governamental do Brasil que tem conhecimento do assunto.

Relatórios preparados pela Polícia Federal mostram que a maior parte do armamento pesado encontrado em poder de criminosos no Brasil vem principalmente dos Estados Unidos, mas, em boa parte dos casos, é vendido no Paraguai e entra como contrabando no país, já que existe uma proibição de importação de armas do Paraguai.

A PF iniciou um sistema de rastreamento das armas pesadas apreendidas no Brasil em 2014.

Em relatório preparado no final do ano passado, ao qual a Reuters teve acesso, os policiais concluíram que a origem da maioria das armas longas ilegais apreendidas no Brasil é dos Estados Unidos, por meio de três métodos: contrabando da arma completa diretamente dos Estados Unidos para o Brasil, contrabando de componentes de armas diretamente dos Estados Unidos para o Brasil, contrabando dos Estados Unidos para o Brasil utilizando terceiros países, especialmente Bolívia e Paraguai.

O relatório mostra, por exemplo, onde foram compradas as armas encontradas no Brasil. Das oito lojas, seis são norte-americanas, mas a primeira da lista, no entanto, é paraguaia, que fica no centro da capital do país, Assunção, e vende pistolas automáticas, fuzis e munições, no atacado e no varejo.

O governo brasileiro vem trabalhando em conjunto com os Estados Unidos para tentar aumentar o controle das armas que chegam ao país. De acordo com informações obtidas pela Reuters, o governo dos EUA negociou com o governo paraguaio um reforço nas medidas de controle de venda das armas no país, especialmente das que vem dos Estados Unidos.

Uma fonte do Departamento de Estado dos EUA confirmou à Reuters as negociações para aumentar a regulação da venda de armas.

"A lei americana exige que as embaixadas façam monitoramento para garantir que o usuário de todas as armas importadas dos Estados Unidos sigam as condições exigidas pelo governo americano para uso, transferência e segurança dessas armas. Se essas checagens revelam problemas de segurança, o governo precisa investigar essas questões", disse a fonte do Departamento de Estado.

A Divisão de Material Bélico do Paraguai informou que o período de suspensão será usado para atualizar os programas de informática usados. Ao mesmo tempo, serão regulamentadas normas para trabalhar em conjunto com a polícia do Brasil, disse o diretor da entidade, Enrique Caballero.

"Queremos dar razoabilidade. O mercado ilícito é uma preocupação nossa e queremos frear isso", disse Caballero à Reuters. Ele não confirmou a informação de que os Estados Unidos haviam decidido suspender a venda de armas ao Paraguai.

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