Para jornal The Guardian, Bolsonaro é o "Trump dos trópicos"
Jornal britânico destacou o caráter pouco democrático do presidenciável que lidera as pesquisas de intenção de voto no país
Luiza Calegari
Publicado em 20 de abril de 2018 às 11h33.
São Paulo - Para o jornal britânico The Guardian, o deputado federal e pré-candidato à Presidência Jair Bolsonaro pode ser o "Trump dos trópicos": "um guerreiro anti-sistema e pró-armamentista, que se propõe a drenar o pântano em que se afundou a futurista capital brasileira".
Em reportagem assinada pelo correspondente Tom Philips, o jornal ainda lista outros pontos de convergência entre o brasileiro e o presidente norte-americano Donald Trump : "ele bate não só nos "slimeballs e bad hombres" [ofensas que Trump usou para se referir a imigrantes latinos], mas também em vagabundos, canalhas e bandidos. Acusa críticos de propagarem fake news, promete acabar com o crime e ataca a China constantemente".
"Seus discursos", diz o jornal, "assim como os de Trump, são muitas vezes divagatórios, sem compromisso com os fatos, ataques à sintaxe que soam absurdos quando transcritos, mas estranhamente cativantes quando assistidos de perto".
O repórter conta que, depois de um comício na Amazônia, durante uma entrevista coletiva, perguntou a Bolsonaro qual seria seu primeiro ato como presidente.
O deputado respondeu: "você é do Guardian, ok? Você está aqui porque está interessado no Brasil e nessa área. Se você fosse pobre, não estaria aqui. Se você fosse pobre, não estaria aqui. Certo? Essa é uma área tão rica, e abre seu olho porque os chineses estão comprando o Brasil. Ok?".
Para Brian Winter, editor do Americas Quarterly que passou uma temporada próximo do clã Bolsonaro, o pré-candidato está emulando, de propósito, algumas das fórmulas de Trump.
"Trump foi eleito dizendo que o crime nas cidades do interior estava fora de controle, que a economia estava um desastre e que toda a classe política era corrupta... e todos esses três fatores são inegavelmente verdadeiros no Brasil. Se Trump conseguiu se eleger, imagine o que não é possível em um país como o Brasil, agora."