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Pancadaria da mídia atinge aprovação de Dilma, diz Berzoini

Segundo ministro, governo tentará preservar a Petrobras de ataques político-eleitorais na CPI do Senado para evitar prejuízos econômicos

Novo ministro das Relações Institucionais, Ricardo Berzoini, com a antiga ministra Ideli Sanvatti durante a cerimônia de posse no Palácio do Planalto, no começo de abril (Ueslei Marcelino/Reuters)
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Da Redação

Publicado em 29 de abril de 2014 às 22h47.

Brasília - O governo tentará preservar a Petrobras de ataques político-eleitorais na CPI do Senado para evitar prejuízos econômicos à estatal, mas reconhece que o noticiário negativo contra a empresa e o governo já respingou na presidente Dilma Rousseff, como mostram pesquisas recentes, disse nesta terça-feira o ministro das Relações Institucionais, Ricardo Berzoini.

"Na verdade, com a pancadaria que a mídia tem promovido com relação à presidente Dilma e ao PT, se ela não caísse (nas pesquisas), seria talvez um milagre da natureza", disse à Reuters Berzoini, que assumiu o cargo no início do mês com a missão de recuperar a desgastada relação do Executivo com sua ampla base aliada.

Apesar dos últimos registros de queda na aprovação de Dilma e de seu governo e da perda de terreno na corrida eleitoral, o ministro descartou mudança na estratégia para a reeleição da presidente.

"Nós vamos ter, no momento apropriado, que é a eleição, a contraposição de projetos... Agora nós não vamos ficar nós, do governo, fazendo movimentos eleitorais", argumentou.

"A Dilma é favorita? Acho que ela é favorita sim. Mas não ganhou a eleição e vamos ter que remar muito para ganhar essa eleição", disse o ministro.

Uma das preocupações de Berzoini nas primeiras semanas à frente da pasta é evitar que a CPI da Petrobras no Senado aprofunde a avaliação negativa do governo e da presidente. Para ele, investigações parlamentares em anos eleitorais são um risco adicional.

"Eu trabalho com a ideia de que a CPI, em ano eleitoral, tem um risco muito grande de ser eleitoralizada completamente. Tanto no sentido político geral, quanto no sentido de ela não funcionar adequadamente", afirmou.

Berzoini, que já presidiu o PT em 2005 e foi ministro do Trabalho e da Previdência do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, afirmou que não há planos infalíveis para controlar investigações políticas e que o governo tentará reduzir os danos dialogando com os aliados.

"Eu aprendi uma coisa como deputado: em CPI não tente fazer o plano infalível, porque não funciona. Depende muito da dinâmica dos fatos", explicou. Segundo o ministro, é inevitável que dirigentes e ex-dirigentes da estatal sejam convocados para depor e que haja a apuração dos fatos e denúncias que vêm sendo divulgadas pela mídia.

"O governo não tem medo de nenhuma apuração, o governo tem convicção de que a gestão da Petrobras é uma boa gestão", disse. "Se alguém cometeu algum erro na gestão da Petrobras e esse erro for comprovado, as pessoas vão responder por isso", acrescentou.


"O fundamental é ...ter garantia de que não se transforme num palanque. Isso não é fácil... Estamos lidando com a maior empresa brasileira, responsável por uma boa parte do PIB do Brasil. Responsável pela soberania energética do Brasil."

Aparar Arestas

As negociações com a base por conta da CPI e outros temas de interesse do governo no Congresso estão ainda contaminadas pela difícil relação entre o Executivo e aliados.

Berzoini assumiu na esteira de uma rebelião na ampla base de Dilma, liderada na Câmara dos Deputados pelo maior partido aliado, o PMDB. A insatisfação dos parlamentares tornou-se incontrolável no processo da reforma ministerial desenhada para liberar os que concorrerão nas eleições deste ano e acomodar aliados. Reclamações constantes, como falta de articulação e liberação de verbas, também fermentaram.

Para tentar aproximar as posições, o ministro falou em trabalhar com transparência, sem ambiente de conflito, mas reconheceu que ainda há "arestas para aparar".

"Inclusive situações que ocorreram no passado que as pessoas trazem para o presente. Indisposições", disse. "(O histórico) está todo aí. Não dá para dizer ‘zerou o cadastro'." Para Berzoini, são muitos partidos e o governo não pode impor nada. "A única forma de conquistar vitórias é cada parlamentar sentindo que pertence à base efetivamente e não que recebe apenas um prato feito", disse.

Volta Lula

Berzoini creditou a incertezas econômicas o crescente movimento "Volta, Lula", que nesta semana ganhou ares formais após a bancada de deputados do aliado Partido da República (PR) divulgar carta aberta pedindo que o ex-presidente assuma a candidatura do PT no lugar de Dilma Rousseff.

Para o ministro, o movimento do aliado não tem consistência.

"Nós temos hoje um cenário de algumas dúvidas econômicas, que eu acho que muitas vezes estão desconectadas da avaliação da conjuntura mundial. Mas tem, é verdade. Não é uma coisa fictícia. As pessoas ficam em dúvida: quanto vamos crescer no ano que vem, e a inflação está sob controle ou não está?", explicou.

"Então, as pessoas acabam muitas vezes achando que a solução é o volta Lula. Não, a solução é o Lula apoiando Dilma e Dilma com apoio do Lula e do povo", afirmou.

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"Na verdade, com a pancadaria que a mídia tem promovido com relação à presidente Dilma e ao PT, se ela não caísse (nas pesquisas), seria talvez um milagre da natureza", disse à Reuters Berzoini, que assumiu o cargo no início do mês com a missão de recuperar a desgastada relação do Executivo com sua ampla base aliada.

Apesar dos últimos registros de queda na aprovação de Dilma e de seu governo e da perda de terreno na corrida eleitoral, o ministro descartou mudança na estratégia para a reeleição da presidente.

"Nós vamos ter, no momento apropriado, que é a eleição, a contraposição de projetos... Agora nós não vamos ficar nós, do governo, fazendo movimentos eleitorais", argumentou.

"A Dilma é favorita? Acho que ela é favorita sim. Mas não ganhou a eleição e vamos ter que remar muito para ganhar essa eleição", disse o ministro.

Uma das preocupações de Berzoini nas primeiras semanas à frente da pasta é evitar que a CPI da Petrobras no Senado aprofunde a avaliação negativa do governo e da presidente. Para ele, investigações parlamentares em anos eleitorais são um risco adicional.

"Eu trabalho com a ideia de que a CPI, em ano eleitoral, tem um risco muito grande de ser eleitoralizada completamente. Tanto no sentido político geral, quanto no sentido de ela não funcionar adequadamente", afirmou.

Berzoini, que já presidiu o PT em 2005 e foi ministro do Trabalho e da Previdência do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, afirmou que não há planos infalíveis para controlar investigações políticas e que o governo tentará reduzir os danos dialogando com os aliados.

"Eu aprendi uma coisa como deputado: em CPI não tente fazer o plano infalível, porque não funciona. Depende muito da dinâmica dos fatos", explicou. Segundo o ministro, é inevitável que dirigentes e ex-dirigentes da estatal sejam convocados para depor e que haja a apuração dos fatos e denúncias que vêm sendo divulgadas pela mídia.

"O governo não tem medo de nenhuma apuração, o governo tem convicção de que a gestão da Petrobras é uma boa gestão", disse. "Se alguém cometeu algum erro na gestão da Petrobras e esse erro for comprovado, as pessoas vão responder por isso", acrescentou.


"O fundamental é ...ter garantia de que não se transforme num palanque. Isso não é fácil... Estamos lidando com a maior empresa brasileira, responsável por uma boa parte do PIB do Brasil. Responsável pela soberania energética do Brasil."

Aparar Arestas

As negociações com a base por conta da CPI e outros temas de interesse do governo no Congresso estão ainda contaminadas pela difícil relação entre o Executivo e aliados.

Berzoini assumiu na esteira de uma rebelião na ampla base de Dilma, liderada na Câmara dos Deputados pelo maior partido aliado, o PMDB. A insatisfação dos parlamentares tornou-se incontrolável no processo da reforma ministerial desenhada para liberar os que concorrerão nas eleições deste ano e acomodar aliados. Reclamações constantes, como falta de articulação e liberação de verbas, também fermentaram.

Para tentar aproximar as posições, o ministro falou em trabalhar com transparência, sem ambiente de conflito, mas reconheceu que ainda há "arestas para aparar".

"Inclusive situações que ocorreram no passado que as pessoas trazem para o presente. Indisposições", disse. "(O histórico) está todo aí. Não dá para dizer ‘zerou o cadastro'." Para Berzoini, são muitos partidos e o governo não pode impor nada. "A única forma de conquistar vitórias é cada parlamentar sentindo que pertence à base efetivamente e não que recebe apenas um prato feito", disse.

Volta Lula

Berzoini creditou a incertezas econômicas o crescente movimento "Volta, Lula", que nesta semana ganhou ares formais após a bancada de deputados do aliado Partido da República (PR) divulgar carta aberta pedindo que o ex-presidente assuma a candidatura do PT no lugar de Dilma Rousseff.

Para o ministro, o movimento do aliado não tem consistência.

"Nós temos hoje um cenário de algumas dúvidas econômicas, que eu acho que muitas vezes estão desconectadas da avaliação da conjuntura mundial. Mas tem, é verdade. Não é uma coisa fictícia. As pessoas ficam em dúvida: quanto vamos crescer no ano que vem, e a inflação está sob controle ou não está?", explicou.

"Então, as pessoas acabam muitas vezes achando que a solução é o volta Lula. Não, a solução é o Lula apoiando Dilma e Dilma com apoio do Lula e do povo", afirmou.

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