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Palestras sobre corrupção rendem R$ 219 mil a Deltan Dallagnol

O procurador do Ministério Público Federal afirmou que doa os recursos para um hospital na Paraná que cuida de crianças com câncer

Deltan Dallagnol: alguns partidos declararam que o procurador estaria enriquecendo com a Lava Jato (Vladimir Platonow/Agência Brasil/Agência Brasil)

Deltan Dallagnol: alguns partidos declararam que o procurador estaria enriquecendo com a Lava Jato (Vladimir Platonow/Agência Brasil/Agência Brasil)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 23 de junho de 2017 às 17h25.

São Paulo - O coordenador da força-tarefa da Lava Jato e procurador do Ministério Público Federal, Deltan Dallagnol, recebeu R$ 219 mil em 2016 em 12 palestras feitas para falar da corrupção e da história da operação.

Em conversa com jornalista ele afirmou que doa os recursos para um hospital na Paraná que cuida de crianças com câncer.

O procurador foi questionado pelos jornalistas sobre suas palestras porque nesta semana a Corregedoria Nacional do Ministério Público instaurou um procedimento para investigar estes eventos remunerados.

Dallagnol declarou que este é um procedimento padrão, que deve ser arquivado pela falta de qualquer irregularidade nos eventos que faz.

A atividade docente, disse ele, é autorizada pela Constituição, por resoluções do Conselho Nacional do Ministério Público e pelo Conselho Nacional de Justiça.

As palestras são reconhecidas como "atividade docente" por uma resolução do CNJ. "A atividade de dar palestras é legal, lícita e privada."

Dallagnol fez sua maior palestra em evento na noite de quinta-feira, 22, em São Paulo, da XP Investimentos, que reuniu 5 mil pessoas.

O procurador, ovacionado pelos presentes, que o aplaudiram de pé, disse que o interesse por suas declarações vem da identificação das pessoas com a causa, o combate à corrupção.

"Recursos públicos são desviados pela corrupção e geram mal estar."

Perguntado sobre quanto recebeu pela palestra de quinta, Dallagnol disse que não poderia informar por não falar de casos específicos, que no geral possuem contrato de confidencialidade.

"Não posso expor o contratante", disse ele, ressaltando que os valores serão divulgados em 2018, quando saírem os números totais recebidos este ano.

O ingresso para o evento da XP, que começou quinta e termina no sábado em São Paulo, custa R$ 800 e vai reunir nomes como o prefeito de São Paulo, João Doria, e o ex-presidente do Itaú, Roberto Setubal.

Dallagnol rebateu críticas de alguns partidos, de que estaria enriquecendo com a repercussão da Operação Lava Jato e mencionando pessoas investigadas em suas declarações.

"Nas minhas palestras não trato de casos específicos, trato de corrupção. Não faço menções específicas a corruptos"

"Por decisão própria, em 2016 eu decidi destinar todos os valores que seriam recebidos com palestras para uma entidade filantrópica", afirmou o procurador, citando o hospital no Paraná.

Segundo ele, foi autorizado que o hospital preste informações sobre os valores recebidos.

As próprias entidades que bancaram as palestras repassaram os recursos aos hospitais, sem passar por Dallagnol.

No evento de quinta, o procurador afirmou que a corrupção rouba a estabilidade política de um país, afasta investidores e gera descrença nas instituições.

"Em país corrupto, grandes campeões nacionais largaram na frente porque pagaram propina", afirmou o procurador, sem citar nomes.

Dallagnou mencionou estimativas de que a corrupção desvia no Brasil ao redor de R$ 200 bilhões por ano. "A corrupção gera danos qualitativos e quantitativos", observou.

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