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Palestinos pedirão esclarecimento a embaixador no Brasil

Após anúncio da abertura de um escritório de negócios em Jerusalém, governo da Palestina reagem e pede explicações do governo brasileiro

Jair Bolsonaro: mesmo mantendo a embaixada brasileira em Tel Aviv, abertura de escritório causa polêmica no mundo árabe (Adriano Machado/Reuters)
EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 1 de abril de 2019 às 06h06.

São Paulo — A chancelaria palestina afirmou neste domingo, 31, que consultará seu embaixador no Brasil, Ibrahim Mohamed Khalil Alzeben, após o presidente Jair Bolsonaro anunciar, ao lado do premiê israelense, Binyamin Netaniahu, a abertura de um escritório de negócios em Jerusalém.

"(A abertura da representação) é uma violação flagrante ao povo palestino e seus direitos, bem como uma aprovação à pressão americana e israelense", afirmou o chanceler Riad Malki, segundo a agência palestina de notícias Wafa.

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Malki disse que a medida tem como objetivo "perpetuar a ocupação, as atividades de assentamentos e a anexação da parte ocupada de Jerusalém", além de "impor à força" a lei israelense na região.

O ministro também reafirmou que os palestinos consideram Jerusalém como parte do território palestino ocupado por Israel na Guerra dos Seis Dias, em 1967, e que essas ações "não darão à ocupação (Israel) direitos sobre Jerusalém Oriental e seus arredores".

Bolsonaro anunciou neste domingo a abertura de uma representação do país em Jerusalém. A decisão, segundo o governo brasileiro, significa que a mudança da embaixada de Tel-Aviv foi temporariamente descartada, mas ainda é analisada.

O escritório brasileiro de negócios, no entanto, não terá status de Embaixada, esclareceu o porta-voz da Presidência da República, Otávio Santana do Rêgo Barros. "Vai tratar das questões de comércio, ciência e tecnologia como foi apresentado a vocês pela declaração", continuou.

Visita à Palestina

Ao ser indagado sobre uma eventual visita do presidente Jair Bolsonaro aos Territórios Palestinos, o porta-voz da Presidência da República disse que a possibilidade existe, ainda mais em um contexto de ida do presidente a "vários países".

"Nós temos relações diplomáticas com vários países e, dentro desse aspecto, é óbvio que nós temos possiblidade de visitá-los quando convidados e quando há interesse em visitá-los", disse Rêgo Barros, sem citar nominalmente a Palestina, ao ser questionado por jornalistas brasileiros em Israel sobre convites feitos especificamente por autoridades palestinas.

Sobre o que seriam queixas de autoridades palestinas a convites não respondidos, Rego Barros disse que o Ministério das Relações Exteriores "vai buscar esse contato para aclarar algumas dúvidas e colocar-se à disposição para estabelecer um link para futuras viagens a esses países e a outros países".

Após ressaltar que a abertura de um escritório do Brasil em Jerusalém, anunciada mais cedo, não significa um reconhecimento por parte do Brasil de Jerusalém como capital de Israel, Rêgo Barros disse que Bolsonaro ainda não descartou a possiblidade, inclusive com a transferência da embaixada brasileira para a cidade.

"O nosso presidente continua avaliando essa possibilidade, mas no momento isso não foi colocado para apreciação e não foi colocado à mesa", disse o porta-voz.

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