Operação Carne Fraca envolveu 1,1 mil agentes da Polícia Federal
A Operação investiga corrupção envolvendo empresas como BRF e JBS, além de partidos políticos e funcionários do Ministério da Agricultura
EFE
Publicado em 17 de março de 2017 às 13h59.
Última atualização em 17 de março de 2017 às 18h57.
Brasília — Uma máfia que subornava fiscais do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (Mapa) para obter aprovações irregulares também pagava propinas ao Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), do presidente Michel Temer, segundo afirmou nesta sexta-feira a Polícia Federal.
"Dentro da investigação ficava bem claro que uma parte do dinheiro da propina era revertido para partido político. Já foi falado ao longo da investigação dois partidos que ficavam claro: o PP e o PMDB", declarou o delegado Mauricio Moscardi.
O grupo foi descoberto em uma operação realizada hoje e, segundo a Polícia Federal, entre seus membros havia fiscais sanitários que eram subornados por empresários para flexibilizar a fiscalização, alterar datas de vencimento e adulterar carnes com agentes químicos, tanto para o consumo interno como para a exportação.
O delegado não identificou os políticos envolvidos nessa rede corrupta, que foi descoberta graças a um fiscal que se negou a aceitar as irregularidades e denunciou o caso às autoridades.
No marco da investigação, a Polícia Federal realizou uma série de intercepções telefônicas autorizadas pela Justiça e em uma delas foi identificado o atual ministro da Justiça, Osmar Serraglio, conversando com alguns dos envolvidos.
No entanto, Moscardi afirmou que nessa conversa "não havia nada" que pudesse envolver o ministro, garantindo que "não figura entre os investigados".
Na operação realizada hoje participaram 1,1 mil agentes da Polícia Federal desdobrados em sete estados, que detiveram dezenas de suspeitos, entre eles pessoas ligadas a empresas como as multinacionais BRF e JBS, que figuram entre as maiores exportadoras mundiais de carnes.
As irregularidades incluíam autorizações para vender carne imprópria para o consumo que era adulterada com produtos químicos, produtos com excesso de água e armazenados em condições inadequadas nos frigoríficos, além de alterações na data de vencimento.
A Polícia Federal não especificou quais acusações correspondem a cada empresa.